Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
20/07/2006 - 11h20

Sozinha em leilão, VarigLog fica com a Varig por US$ 24 milhões

Publicidade

CLARICE SPITZ
da Folha Online, no Rio de Janeiro

A VarigLog, única empresa a participar do leilão de venda da Varig nesta quinta-feira, levou a companhia aérea por US$ 24 milhões, o equivalente a R$ 52,3 milhões. A ex-subsidiária de transportes de carga entrou no leilão identificada como Aéreo Transportes Aéreos S/A.

Outra empresa, a Cooper Data (Cooperativa de Trabalho dos Profissionais de Processamento de Dados e Informática), tentou se habilitar para o leilão de hoje, mas foi desqualificada por não ter feito o depósito da garantia no valor de US$ 24 milhões 24 horas antes.

O comprador da empresa vai ficar com a marca Varig e Rio Sul, além das rotas domésticas e internacionais. A Varig antiga fica com um avião, a linha São Paulo-Porto Seguro e com as operações da Nordeste.

Folha Imagem
Funcionários ficam emocionados com a venda da Varig para ex-subsidiária VarigLog
Funcionários ficam emocionados com a venda da Varig para ex-subsidiária VarigLog


Além do valor do leilão, a VarigLog terá que fazer um aporte de US$ 75 milhões na companhia aérea em 48 horas após a homologação da venda, garantir um fluxo de caixa da "velha Varig", pagar pelo uso do Centro de Treinamento de Tripulantes, entre outras coisas. A VarigLog anunciou ainda que fará investimentos na nova empresa que somam US$ 485 milhões.

O valor pago pela VarigLog pela compra da companhia aérea de US$ 24 milhões é apenas contábil. Isto porque o preço mínimo do leilão havia sido definido com base nos aportes da ex-subsidiária em favor da Varig, que somaram US$ 20 milhões, acrescidos de uma multa de 20%. Na prática, a VarigLog desembolsou US$ 20 milhões pela Varig.

Folha Imagem
Varig é vendida por US$ 24 milhões em leilão para a VarigLog
Varig é vendida por US$ 24 milhões em leilão para a VarigLog


O risco de sucessão de dívidas foi o principal fator a inibir a participação de outras empresas nos leilões da Varig.

Segundo o juiz Paulo Roberto Fragoso, que faz parte da comissão de juízes que acompanham o processo, o risco de sucessão de dívidas não está afastado, mas diminui à medida que as operações da "Velha Varig" --que herda as dívidas estimadas em R$ 7,9 bilhões-- são viabilizadas.

"Esse risco existe? Existe, mas se dilui com o sucesso da 'Varig velha'", afirmou.

Obrigações

O novo dono deverá garantir um fluxo de caixa anual de R$ 19,6 milhões para a "velha Varig". O dinheiro será usado para pagar os credores nos próximos 20 anos.

A "nova Varig" vai receber investimentos de US$ 150 milhões em até 30 dias, a partir do leilão. A companhia terá inicialmente 1.500 funcionários. Após o leilão, a Varig deve demitir 8.000 pessoas. Apesar das demissões, os credores avaliaram em assembléia que a proposta era melhor que a falência.

O novo dono da Varig deverá assumir R$ 245 milhões em bilhetes emitidos e o passivo (milhas acumuladas) de R$ 70 milhões do Smiles. A VarigLog se comprometeu a emitir debêntures (títulos de dívida) de R$ 100 milhões, que podem ser convertidas em 10% de participação na nova empresa para funcionários e credores com garantias, como o Aerus, fundo de pensão dos empregados da empresa.

A proposta da VarigLog inclui ainda o pagamento pelo uso de serviços da empresa aérea como o Centro de Treinamento de Tripulantes, o aluguel de imóveis e o fretamento de aeronaves. Esses recursos serão pagos à "velha Varig".

Em rápida entrevista após o leilão, sem fornecer detalhes, Marco Antonio Audi, sócio da Volo do Brasil, que controla a VarigLog, afirmou que a empresa tem a intenção de atrair outras empresas do setor para atuar em conjunto com a companhia e que, em paralelo, negocia com empresas de leasing a retomada de aeronaves paradas.

Ele preferiu não falar sobre o número de funcionários que serão demitidos e disse que os empregos mantidos estão condicionados ao número de aviões em atividade. Hoje a companhia tem apenas 13 aeronaves em operação. "A intenção é fazer a Varig voltar a ser o que era", afirmou.

A nova diretoria da companhia ainda não foi definida, segundo Audi. O atual presidente da companhia aérea, Marcelo Bottini, afirmou, após a conclusão do leilão, que "hoje renasce uma nova Varig".

Leilão anterior

No leilão anterior, realizado em junho, quando o TGV (Trabalhadores do Grupo Varig) arrematou a empresa, o preço mínimo para venda era de US$ 700 milhões para as rotas domésticas e de US$ 860 milhões para operações nacionais e internacionais.

O TGV ofereceu R$ 1,01 bilhão pela empresa, mas o leilão foi invalidado pela Justiça do Rio, por falta de garantias de que a proposta seria cumprida.

Colaborou Folha de S.Paulo

Leia mais
  • Leia comentário da colunista Maria Inês Dolci sobre a Varig
  • Venda da Varig foi melhor que falência, diz ministro
  • Veja a cronologia da crise da Varig
    Ações da Varig caem mais de 30% com dúvidas sobre futuro da companhia

    Especial
  • Confira a cobertura completa da crise da Varig
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página