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23/07/2006 - 09h18

PIB cresceu até 1,4% no 2º trimestre

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PEDRO SOARES
da Folha de S.Paulo, no Rio

Com uma alta do PIB estimada entre 1,1% e 1,4% no segundo trimestre, a economia brasileira cresceu de 2,6% a 3,1% no primeiro semestre deste ano, segundo previsões de institutos e consultorias consultados pela Folha. O desempenho, que assegura uma expansão de 3,5% a 4% neste ano, só não foi melhor por causa do câmbio, que fez o setor externo (exportações e importações) contribuir negativamente para o Produto Interno Bruto do semestre.

Segundo especialistas, o consumo doméstico sustentou a economia, que poderia chegar ao final do ano com crescimento de 5% não fosse o efeito negativo do câmbio, que reduz exportações e aumenta importações, desestimulando a produção interna.

"O cenário internacional está muito bom. Se o real não estivesse muito apreciado, a economia cresceria no ritmo de 2004 [4,9%]", disse Cecília Hoff, economista do Grupo de Conjuntura da UFRJ. A instituição estima crescimento de 1,3% no segundo trimestre ante o trimestre anterior --quando o IBGE constatou alta de 1,4% do PIB. Para 2006, a expectativa é de alta de 4%, a maior de todas.

Bráulio Borges, economista da LCA, faz coro: "Os números atestam que a economia cresce menos por causa do câmbio, que eleva as importações e afeta especialmente a indústria".

Pelos cálculos da LCA, o setor externo teve contribuição negativa de 2,5 pontos percentuais no PIB do segundo trimestre (alta estimada de 1,8%), a maior desde 1996, quando o câmbio era fixo e sobrevalorizado. Já o consumo doméstico influenciou positivamente em 4,3%. Ou seja, não fosse o efeito do câmbio, o crescimento seria superior a 4%. Para o semestre, a projeção da LCA é de alta de 2,8%. No ano, a estimativa é de incremento de 3,8%.

Sérgio Vale, da MB Associados, ressalta também o menor peso das exportações no crescimento: "As exportações perderam fôlego no segundo trimestre devido à greve da Receita Federal, que conturbou o setor, mas principalmente por conta do câmbio apreciado, que tardou a aparecer, mas seu efeito já fica mais claro neste ano".

A MB projeta expansão de 1,2% no PIB do segundo trimestre. Estima alta de 2,6% no semestre e de 3,5% no ano. Já o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e a Tendências prevêem altas de 1,4% e 1,2% no PIB do segundo trimestre, respectivamente. Mais otimista, o Ipea espera um incremento de 3,1% no primeiro semestre e de 3,8% em 2006.

Fatores positivos

O câmbio, dizem especialistas, fez todo o estrago sozinho. É que os demais fatores são positivos: juros mais baixos, renda em alta, desemprego um pouco menor, inflação em queda, crédito aquecido e confiança de empresários e consumidores em ascensão.

Todos esses fatores, dizem, contribuíram para o incremento do consumo doméstico, também beneficiado pelo reajuste real de 13% do salário mínimo, que ampliou o poder de compra, especialmente das classes mais baixas. O consumo das famílias se acelerou, subindo de 4% no primeiro trimestre para 4,3% no segundo trimestre, de acordo com previsão da MB.

Para Alex Agostini, da Austin Ratings, "a significativa recuperação do nível de renda e de emprego" rebateu na produção de bens de consumo semi e não-duráveis (alimentos, bebidas, vestuário). Já o "forte crescimento do volume de crédito, que foi impulsionado tanto pela redução da taxa de juros como pela maior utilização da modalidade de consignado" incrementou a produção de bens como móveis, eletrodomésticos e veículos. A Copa do Mundo, diz, também impulsionou a produção de duráveis --TVs.

Para Vale, da MB, estímulos governamentais como o reajuste do salário mínimo, o programa Bolsa-Família e o crédito dado à construção aumentam apenas a produção no "momento presente", gerando um "mix de alto consumo versus baixo investimento em infra-estrutura e produção", o que compromete o crescimento futuro da economia.

Indústria

As instituições projetam que a indústria, setor mais dinâmico do PIB, tenha crescido de 1,1% a 1,7% no segundo trimestre. Apesar da forte expansão de maio (1,6% ante abril), alguns economistas esperam retração da produção do setor em junho --de -0,3% até -1,1%. Só a Austin Ratings (1%) e o Grupo de Conjuntura da UFRJ (zero) não projetam taxas negativas.

A projeção reflete a influência de indicadores setoriais que apontaram resultados mais fracos, como a produção de veículos, o consumo de energia, a fabricação de papel ondulado, o fluxo de veículos em rodovias e a extração de petróleo e gás.

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