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20/10/2006
-
15h44
JOÃO SANDRINI
da Folha Online
Pelo segundo ano consecutivo, o PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas por um país) do Brasil só deve crescer mais que o do Haiti entre os países da América Latina.
Segundo ranking de 19 países preparado pela consultoria Austin Rating a partir de dados do FMI, da Cepal e do Banco Central, se em 2006 o Brasil crescer 3% como prevêem em média as mais de cem instituições financeiras consultadas para a elaboração do boletim Focus, só o Haiti, que continua em guerra civil, terá uma alta menor do PIB, de 2,3%.
Nesse cenário, o Brasil vai empatar com o Equador, que também crescerá 3%, e ficará atrás de países como Paraguai (3,5%), El Salvador (3,5%), Costa Rica (3,7%) e Bolívia (4,1%).
A situação é semelhante à do ano passado, quando o PIB brasileiro teve expansão de 2,3%, superou apenas o Haiti (1,8%) e ficou atrás de El Salvador (2,8%) e Paraguai (2,9%). O último ano em que o Brasil teve crescimento significativo foi 2004, de 4,9%
Na média, a América Latina deve crescer 4,6% neste ano. A Argentina deve liderar o ranking com uma alta do PIB de 8%, após ter expansão de 9,2% no ano passado.
Para o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, os juros altos ainda são o principal entrave para a economia. Apesar de a Selic (taxa básica de juros) ser hoje a menor desde o início das reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) em 1996, a taxa nominal de 13,75% ainda representa juros reais de mais de 9%, os maiores do mundo, devido à queda da inflação para patamares próximos a 3%.
"A inflação em abril já apontava para uma situação bem tranqüila e o BC continuou a baixar de forma muito modesta a taxa de juros. Aí o investimento se concentrou no mercado financeiro, e esse é o grande erro da política econômica brasileira", afirmou.
Ele também acredita que outros problemas pontuais atrapalharam a economia, como a parada de sete plataformas da Petrobras no segundo trimestre, a greve da Receita Federal, os atentados do PCC e a Copa do Mundo.
Os juros, segundo Agostini, são um problema mais grave porque, além de levarem à redução dos investimentos públicos e privados no setor produtivo, também reduzem a cotação do dólar, que, por sua vez, baixa a rentabilidade das exportações.
Já Márcio Pochmann, professor do Instituto de Economia da Unicamp, afirmou que para "salvar a década" e o Brasil crescer entre 5% e 6% ao ano o próximo presidente terá obrigatoriamente que enfrentar o problema dos juros.
Ele, no entanto, criticou o programa de governo dos dois candidatos a presidente, Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin, por não terem apresentado propostas concretas para a recuperação da capacidade de investimento do Estado e a melhora do perfil do gasto público.
Segundo reportagem publicada ontem pela Folha de S.Paulo, Lula, se reeleito, vai trabalhar para que o BC reduza a taxa de juros reais para 5% até o final de 2007.
Agostini acredita que, caso a economia mundial continue a crescer sem turbulências, seria factível alcançar essa taxa apenas em 2008. Ele disse, no entanto, que nessas condições qualquer um dos dois candidatos trabalharia para adotar uma política mais desenvolvimentista.
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Pelo 2º ano seguido, Brasil só deve crescer mais que Haiti na América Latina
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da Folha Online
Pelo segundo ano consecutivo, o PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas por um país) do Brasil só deve crescer mais que o do Haiti entre os países da América Latina.
Segundo ranking de 19 países preparado pela consultoria Austin Rating a partir de dados do FMI, da Cepal e do Banco Central, se em 2006 o Brasil crescer 3% como prevêem em média as mais de cem instituições financeiras consultadas para a elaboração do boletim Focus, só o Haiti, que continua em guerra civil, terá uma alta menor do PIB, de 2,3%.
Nesse cenário, o Brasil vai empatar com o Equador, que também crescerá 3%, e ficará atrás de países como Paraguai (3,5%), El Salvador (3,5%), Costa Rica (3,7%) e Bolívia (4,1%).
A situação é semelhante à do ano passado, quando o PIB brasileiro teve expansão de 2,3%, superou apenas o Haiti (1,8%) e ficou atrás de El Salvador (2,8%) e Paraguai (2,9%). O último ano em que o Brasil teve crescimento significativo foi 2004, de 4,9%
Na média, a América Latina deve crescer 4,6% neste ano. A Argentina deve liderar o ranking com uma alta do PIB de 8%, após ter expansão de 9,2% no ano passado.
Para o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, os juros altos ainda são o principal entrave para a economia. Apesar de a Selic (taxa básica de juros) ser hoje a menor desde o início das reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) em 1996, a taxa nominal de 13,75% ainda representa juros reais de mais de 9%, os maiores do mundo, devido à queda da inflação para patamares próximos a 3%.
"A inflação em abril já apontava para uma situação bem tranqüila e o BC continuou a baixar de forma muito modesta a taxa de juros. Aí o investimento se concentrou no mercado financeiro, e esse é o grande erro da política econômica brasileira", afirmou.
Ele também acredita que outros problemas pontuais atrapalharam a economia, como a parada de sete plataformas da Petrobras no segundo trimestre, a greve da Receita Federal, os atentados do PCC e a Copa do Mundo.
Os juros, segundo Agostini, são um problema mais grave porque, além de levarem à redução dos investimentos públicos e privados no setor produtivo, também reduzem a cotação do dólar, que, por sua vez, baixa a rentabilidade das exportações.
Já Márcio Pochmann, professor do Instituto de Economia da Unicamp, afirmou que para "salvar a década" e o Brasil crescer entre 5% e 6% ao ano o próximo presidente terá obrigatoriamente que enfrentar o problema dos juros.
Ele, no entanto, criticou o programa de governo dos dois candidatos a presidente, Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin, por não terem apresentado propostas concretas para a recuperação da capacidade de investimento do Estado e a melhora do perfil do gasto público.
Segundo reportagem publicada ontem pela Folha de S.Paulo, Lula, se reeleito, vai trabalhar para que o BC reduza a taxa de juros reais para 5% até o final de 2007.
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