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10/11/2006
-
15h35
JOÃO SANDRINI
da Folha Online
Ainda que às custas de um fraco desempenho da economia, o Brasil deve terminar este ano com um dos menores índices de inflação dos países em desenvolvimento. Entre 28 países incluídos em ranking de emergentes elaborado pela consultoria Austin Rating a partir de dados do FMI e do Banco Central, o Brasil deve ter a quinta menor inflação.
A previsão média de mais de cem instituições financeiras para o IPCA (índice que serve de parâmetro para as metas de inflação) deste ano, de 3%, só não é inferior à expectativa de inflação de quatro países emergentes: Polônia (0,9%), Arábia Saudita (1%), China (1,5%) e República Checa (2,9%). Juntos os 28 países terão uma inflação média de 5,9% neste ano, o dobro da taxa brasileira.
Esse será o primeiro ano em que a inflação brasileira ficará bem abaixo do centro da meta de inflação, que é de 4,5%. Além disso, se comparado a resultados obtidos desde 1980, o IPCA de 3% é superior apenas ao de 1998 (1,65%), ano em que o câmbio não flutuava como hoje e a economia brasileira estacionou --teve expansão de só 0,13%.
Economistas ouvidos pela Folha Online afirmam que a colocação no ranking de emergentes alcançada pelo Brasil é extremamente positiva se forem recordadas as diversas crises inflacionárias vividas pelo país nas décadas de 80 e 90 --em 1993, por exemplo, o IPCA ficou em 2.447%.
O economista-chefe do Itaú, Tomás Málaga, afirmou, entretanto, que se o Banco Central tivesse sido um pouco menos conservador com as taxas de juros, o Brasil poderia ter cumprido a meta de inflação e atingido uma taxa de crescimento econômico um pouco mais elevada --neste ano, o mercado prevê uma alta do PIB de 3%, o que coloca o Brasil em último lugar em ranking com os mesmos 28 países emergentes.
Ele disse, porém, que a política monetária só gera efeitos no médio prazo e que há alguns meses o mercado não previa a queda do preço do petróleo no mercado internacional, a estabilização de outras commodities e o recuo de itens agrícolas, que reduziram a pressão sobre o IPCA.
"Não sei se houve erro do BC, a tarefa deles é complicada. Acho difícil dizer que alguém faria melhor", afirmou.
Já Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, acredita que o BC falhou porque desde o começo do ano o mercado já previa para um nível de inflação que permitia mais ousadia com os juros.
"O Brasil tem inflação e PIB de país de Primeiro Mundo, mas são números ruins diante da necessidade que temos em áreas como infra-estrutura, educação ou saúde", afirmou. "Acho que poderíamos ter uma inflação de 5%, que é aceitável, para crescermos mais, algo em torno de 4% ou 4,5%."
Para a economista do banco Fibra Maristella Ansanelli, no entanto, o Brasil só poderá chegar a um crescimento de 5% no próximo ano, como promete o governo, se fizer reformas para reduzir impostos e cortar gastos públicos.
Já Málaga sugere concessões do governo ao setor privado para permitir investimentos em portos, rodovias e ferrovias. "Em 2006 o governo conseguiu lançar um pacote de medidas para ajudar o setor de construção e isso vai ajudar o PIB em 2007. Agora é trabalhar medidas para outros setores importantes", afirmou.
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Com PIB fraco, Brasil deve ter 5ª menor inflação entre emergentes
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da Folha Online
Ainda que às custas de um fraco desempenho da economia, o Brasil deve terminar este ano com um dos menores índices de inflação dos países em desenvolvimento. Entre 28 países incluídos em ranking de emergentes elaborado pela consultoria Austin Rating a partir de dados do FMI e do Banco Central, o Brasil deve ter a quinta menor inflação.
A previsão média de mais de cem instituições financeiras para o IPCA (índice que serve de parâmetro para as metas de inflação) deste ano, de 3%, só não é inferior à expectativa de inflação de quatro países emergentes: Polônia (0,9%), Arábia Saudita (1%), China (1,5%) e República Checa (2,9%). Juntos os 28 países terão uma inflação média de 5,9% neste ano, o dobro da taxa brasileira.
Esse será o primeiro ano em que a inflação brasileira ficará bem abaixo do centro da meta de inflação, que é de 4,5%. Além disso, se comparado a resultados obtidos desde 1980, o IPCA de 3% é superior apenas ao de 1998 (1,65%), ano em que o câmbio não flutuava como hoje e a economia brasileira estacionou --teve expansão de só 0,13%.
Economistas ouvidos pela Folha Online afirmam que a colocação no ranking de emergentes alcançada pelo Brasil é extremamente positiva se forem recordadas as diversas crises inflacionárias vividas pelo país nas décadas de 80 e 90 --em 1993, por exemplo, o IPCA ficou em 2.447%.
O economista-chefe do Itaú, Tomás Málaga, afirmou, entretanto, que se o Banco Central tivesse sido um pouco menos conservador com as taxas de juros, o Brasil poderia ter cumprido a meta de inflação e atingido uma taxa de crescimento econômico um pouco mais elevada --neste ano, o mercado prevê uma alta do PIB de 3%, o que coloca o Brasil em último lugar em ranking com os mesmos 28 países emergentes.
Ele disse, porém, que a política monetária só gera efeitos no médio prazo e que há alguns meses o mercado não previa a queda do preço do petróleo no mercado internacional, a estabilização de outras commodities e o recuo de itens agrícolas, que reduziram a pressão sobre o IPCA.
"Não sei se houve erro do BC, a tarefa deles é complicada. Acho difícil dizer que alguém faria melhor", afirmou.
Já Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, acredita que o BC falhou porque desde o começo do ano o mercado já previa para um nível de inflação que permitia mais ousadia com os juros.
"O Brasil tem inflação e PIB de país de Primeiro Mundo, mas são números ruins diante da necessidade que temos em áreas como infra-estrutura, educação ou saúde", afirmou. "Acho que poderíamos ter uma inflação de 5%, que é aceitável, para crescermos mais, algo em torno de 4% ou 4,5%."
Para a economista do banco Fibra Maristella Ansanelli, no entanto, o Brasil só poderá chegar a um crescimento de 5% no próximo ano, como promete o governo, se fizer reformas para reduzir impostos e cortar gastos públicos.
Já Málaga sugere concessões do governo ao setor privado para permitir investimentos em portos, rodovias e ferrovias. "Em 2006 o governo conseguiu lançar um pacote de medidas para ajudar o setor de construção e isso vai ajudar o PIB em 2007. Agora é trabalhar medidas para outros setores importantes", afirmou.
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