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12/11/2006
-
09h19
ANTÔNIO GOIS
da Folha de S.Paulo, no Rio de Janeiro
O Brasil não pode deixar de investir no futuro, mas ainda tem contas a acertar com o passado. É o que mostra estudo realizado pela economista Sonia Rocha, do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade. A partir da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE, ela mostra que 37% dos jovens de 15 a 25 anos não completaram nem o ensino fundamental.
É essa a população que, apesar de todos os esforços que levaram o país a praticamente universalizar o acesso ao ensino fundamental na década passada, está entrando no mercado com baixa qualificação. A escolarização precária acaba sendo também mais um entrave para o desenvolvimento.
Rocha mostra que, desses jovens que não concluíram o fundamental, 23% já não mais estudam. Na maioria dos casos, vão acabar encontrando a mesma dificuldade pela qual passou Marcos Vinícius Amaral, 22, para achar um emprego. Ele abandonou a escola quando cursava a quinta série para ajudar o pai a cuidar dos irmãos.
Amaral chegou a trabalhar como garçom e tentou vaga em restaurantes apostando nessa experiência. "Mas me disseram que não me aceitariam sem o ensino fundamental. Por isso, voltei a estudar", diz ele.
Para Rocha, os dados deixam claro que ainda temos um imenso passivo educacional e que é urgente garantir que esses jovens tenham, ao menos, o ensino fundamental completo: "O mercado está excluindo o trabalhador com menos de oito anos de escolaridade. A tendência é que o ensino médio completo venha brevemente a ser o nível mínimo de escolaridade aceito pelo mercado formal".
A economista defende que, visto que é praticamente inviável qualificar todos os trabalhadores adultos --a média dessa força de trabalho é de só 6,6 anos de estudo--, o melhor caminho seria ter como meta que todos os jovens de até 25 anos consigam ao menos completar o ensino fundamental. "Essa situação já é crítica e tende a só se agravar, criando um extraordinário ônus econômico e social."
Uma das razões que levaram o país a não aproveitar na totalidade os benefícios da quase universalização do ensino fundamental foi que, uma vez na escola, parcela significativa desses jovens não aprendeu.
Como resultado disso, muitos abandonaram os estudos no meio do caminho após repetirem sucessivamente de ano. Isso pôde ser comprovado com a divulgação, neste ano, da Pnad de 2005. Ela mostrou que desde 2003 vem aumentando o percentual de jovens de 15 a 17 anos fora da escola, interrompendo uma curva de melhoria nesse indicador que vinha desde a década passada.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre o IBGE
Jovens chegam ao mercado de trabalho sem qualificação
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da Folha de S.Paulo, no Rio de Janeiro
O Brasil não pode deixar de investir no futuro, mas ainda tem contas a acertar com o passado. É o que mostra estudo realizado pela economista Sonia Rocha, do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade. A partir da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE, ela mostra que 37% dos jovens de 15 a 25 anos não completaram nem o ensino fundamental.
É essa a população que, apesar de todos os esforços que levaram o país a praticamente universalizar o acesso ao ensino fundamental na década passada, está entrando no mercado com baixa qualificação. A escolarização precária acaba sendo também mais um entrave para o desenvolvimento.
Rocha mostra que, desses jovens que não concluíram o fundamental, 23% já não mais estudam. Na maioria dos casos, vão acabar encontrando a mesma dificuldade pela qual passou Marcos Vinícius Amaral, 22, para achar um emprego. Ele abandonou a escola quando cursava a quinta série para ajudar o pai a cuidar dos irmãos.
Amaral chegou a trabalhar como garçom e tentou vaga em restaurantes apostando nessa experiência. "Mas me disseram que não me aceitariam sem o ensino fundamental. Por isso, voltei a estudar", diz ele.
Para Rocha, os dados deixam claro que ainda temos um imenso passivo educacional e que é urgente garantir que esses jovens tenham, ao menos, o ensino fundamental completo: "O mercado está excluindo o trabalhador com menos de oito anos de escolaridade. A tendência é que o ensino médio completo venha brevemente a ser o nível mínimo de escolaridade aceito pelo mercado formal".
A economista defende que, visto que é praticamente inviável qualificar todos os trabalhadores adultos --a média dessa força de trabalho é de só 6,6 anos de estudo--, o melhor caminho seria ter como meta que todos os jovens de até 25 anos consigam ao menos completar o ensino fundamental. "Essa situação já é crítica e tende a só se agravar, criando um extraordinário ônus econômico e social."
Uma das razões que levaram o país a não aproveitar na totalidade os benefícios da quase universalização do ensino fundamental foi que, uma vez na escola, parcela significativa desses jovens não aprendeu.
Como resultado disso, muitos abandonaram os estudos no meio do caminho após repetirem sucessivamente de ano. Isso pôde ser comprovado com a divulgação, neste ano, da Pnad de 2005. Ela mostrou que desde 2003 vem aumentando o percentual de jovens de 15 a 17 anos fora da escola, interrompendo uma curva de melhoria nesse indicador que vinha desde a década passada.
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