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29/11/2006 - 08h00

União retém verba para substituir fumo

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CAROLINA RANGEL
RENATA SUMMA
Colaboração para a Folha Online, em Santa Cruz do Sul*

Apenas 19% dos R$ 10 milhões anunciados pelo MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário) em março deste ano para o Programa de Diversificação Produtiva em Áreas Cultivadas com Fumo foram liberados pelo governo.

Enviada um ano depois de o Brasil ratificar a Convenção-Quadro para Controle de Tabaco, cuja meta é reduzir o cultivo dessa planta, mesmo essa verba ainda não começou a ser utilizada.

Juliana Laurino/Folha Imagem
Plantação de fumo em Santa Cruz do Sul
Plantação de fumo em Santa Cruz do Sul
Segundo o MDA, o programa financiaria projetos que desenvolvam novas culturas agrícolas nas regiões fumageiras do Sul, responsável por 95,8% da produção no país.

Metade do recurso para 2006, R$ 5 milhões do MDA, deveria ter sido aplicada em pesquisa, capacitação e assistência técnica. Porém foram encaminhados para contratação até o dia 22 de novembro R$ 1 milhão no Rio Grande do Sul, R$ 300 mil em Santa Catarina e R$ 600 mil no Paraná.

A outra metade do dinheiro, segundo o MDA, estava prevista para formação de cooperativas de produtores hortifrutigranjeiros e deveria ser liberada pelo Ministério da Agricultura. Porém essa verba não existe, de acordo com Francisco Natal Signor, superintendente do ministério no RS.

Para o delegado do MDA no RS, Nilton Pinho de Bem, o programa de pesquisa "fornece uma alternativa futura de outras culturas para os fumicultores, preparando-os para uma redução de consumo e demanda de tabaco no mundo".

No entanto, o presidente da Afubra (Associação dos Fumicultores do Brasil), Heitor Petry, afirma não ter recebido nenhuma verba do governo para projetos de diversificação --para a associação, não há opção viável de substituição.

"Defendemos diversificação, não substituição, porque não há outro produto que gere a mesma renda em um minifúndio", diz ele. De acordo com os dados da associação, na última safra, 2005/06, numa mesma área plantada, cerca de três hectares de terra, o fumo rendeu para cada propriedade R$ 20.746 e o milho, R$ 1.371.

A ratificação da convenção não afetou a produção e a indústria de cigarros, segundo o presidente do Sindifumo (Sindicato das Indústrias de Fumo), Iro Schünke. "O Brasil já possuía grande parte da regulamentação do setor."

Juliana Laurino/Folha Imagem
Monumento na entrada de Santa Cruz do Sul com os mascotes da Oktoberfest local
Monumento na entrada de Santa Cruz do Sul com os mascotes da Oktoberfest local
A falta de alternativas para a substituição do fumo é contestada por Albino Gewehr, técnico agrícola da Fetraf-Sul (Federação dos Agricultores na Agricultura Familiar na Região Sul), para quem os hortifrutigranjeiros podem ser opção.

Como exemplo, Albino cita a produção de tomates, que pode ser feita em pequenas propriedades e rende cerca de R$ 25 mil por hectare contra R$ 10 mil do fumo. "O problema é a falta de mercado certo para as frutas. Seria necessário investir em comercialização."

No caso do fumo, não há esse problema. O produtor faz um contrato com a beneficiadora no momento de semeação da planta, que grante a compra de toda a prudução.

Biodiesel

A Afubra começou este ano a desenvolver o projeto Biodiesel estimulando a produção de girassol, do qual será extraído óleo vegetal; os resíduos podem ser utilizados como ração.

O projeto-piloto está sendo realizado em 22 municípios da região Sul (um produtor em cada). A primeira colheita deve ser ainda este ano.

Para a extração do biodiesel, a Afubra processará as sementes em uma miniusina. O óleo será utilizado apenas para consumo interno. Segundo Nataniél Sampaio, técnico agrícola da associação, a produção teria que ser muito maior para conseguir vender o biodiesel.

Colaboraram ANGELA PINHO, BÁRBARA CASTRO, DANIELA ARRAIS e KRISHNA MONTEIRO

*Os jornalistas viajaram a convite da Philip Morris Brasil


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