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30/11/2006
-
16h05
VINICIUS ALBUQUERQUE
da Folha Online
O ministro do Petróleo e da Energia da Venezuela, Rafael Ramírez, tem sido um dos principais defensores de reduções na produção diária de petróleo para os países-membros da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), a fim de interromper a queda de preço do produto.
Não sem razão: o setor petrolífero hoje responde por cerca de um terço do PIB (Produto Interno Bruto) do país.
De um crescimento de 3,2% em 2000, a Venezuela passou a registrar um crescimento de 17,9% em 2004 e de 9,3% no ano passado. Mas isso porque a base de comparação se comprimiu muito, devido à crise ocorrida no período, com a greve no setor petrolífero entre dezembro de 2002 e fevereiro de 2003.
Em 2003, a economia do país teve uma retração de 8,9% em 2002 e de 9,2% em 2003. Visto por outra medida: o PIB venezuelano caiu de US$ 117,1 bilhões em 2000 para US$ 110,1 bilhões em 2004, para só se recuperar no ano passado, chegando a US$ 138,9 bilhões.
A recuperação aconteceu porque o preço do petróleo passou do patamar de US$ 40, a que chegou no início de 2004, para o recorde de US$ 78,40 em julho deste ano, tendo se mantido acima --ou bastante perto-- dos US$ 70 entre agosto do ano passado, após a passagem do furacão Katrina no sul dos EUA, e julho deste ano.
Para 2006, a previsão do FMI (Fundo Monetário Internacional) é de que a economia da Venezuela registrará um crescimento de 7,5% --já para 2007, a previsão é de um crescimento bastante inferior, de 3,7%, devido à expectativa de um desaquecimento na economia dos EUA, principal mercado para o petróleo venezuelano.
A situação favorável dos estoques mundiais fez o preço do barril recuar até US$ 56 no mês passado, mas o preço hoje varia em uma banda de US$ 58 a US$ 62 --na última semana, no entanto, os rumores de que a Opep vai fazer novo corte de produção fez o preço se aproximar dos US$ 63.
O petróleo ainda responde por cerca de 80% dos ganhos do país com exportações.
Outra fonte de riquezas para a Venezuela são os impostos: as receitas fiscais do país ultrapassaram em quase 50% a meta no ano passado. Os impostos são a principal fonte de recursos da Venezuela fora do setor petrolífero.
Apesar do avanço do país em alguns indicadores sociais, a taxa da população vivendo em situação de pobreza (renda familiar inferior a US$ 2 por dia) aumentou de 32,2% em 1991 para 48,4% em 2000. Os que vivem na miséria (menos de US$ 1 por dia) também aumentaram: de 11,8%, passaram a 23,5% da população no mesmo período.
A desigualdade no país também cresceu: os 20% mais ricos da população ficam com 53% da renda, enquanto os 20% mais pobres partilham 3%. O desemprego no país no ano passado foi de 12,2%.
O FMI lembra o desempenho positivo da economia da América Latina no primeiro semestre deste ano, amparado pelos altos preços das commodities no mercado internacional, o que refez os caixas dos países da região e permitiu um aumento de gastos públicos, principalmente na Venezuela --mais uma vez, beneficiada pela disparada do petróleo.
O Banco Mundial, no entanto, diz que os gastos públicos do país são "ineficientes", dificultando a criação de programas efetivos de combate à pobreza. Na avaliação do banco, a fuga de capitais até o momento enfraqueceu o sistema bancário venezuelano, dificultando o acesso ao crédito --o que tende a afetar o consumo e o investimento por parte dos empresários.
A IFC (International Finance Corporation, braço privado do Banco Mundial) já investiu US$ 408 milhões em 13 projetos na Venezuela para diversificar a economia do país e torná-la menos dependente das receitas com petróleo e reduzir a vulnerabilidade do país diante de flutuações bruscas no preço do produto no mercado mundial.
Entre os projetos que tiveram investimento da IFC, 10 estão fora do setor petrolífero, voltados para telecomunicações, geração de energia elétrica, preservação de florestas, aqüicultura, portos e manufaturas.
Fontes: Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial, CIA World Factbook
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Não sem razão: o setor petrolífero hoje responde por cerca de um terço do PIB (Produto Interno Bruto) do país.
De um crescimento de 3,2% em 2000, a Venezuela passou a registrar um crescimento de 17,9% em 2004 e de 9,3% no ano passado. Mas isso porque a base de comparação se comprimiu muito, devido à crise ocorrida no período, com a greve no setor petrolífero entre dezembro de 2002 e fevereiro de 2003.
Em 2003, a economia do país teve uma retração de 8,9% em 2002 e de 9,2% em 2003. Visto por outra medida: o PIB venezuelano caiu de US$ 117,1 bilhões em 2000 para US$ 110,1 bilhões em 2004, para só se recuperar no ano passado, chegando a US$ 138,9 bilhões.
A recuperação aconteceu porque o preço do petróleo passou do patamar de US$ 40, a que chegou no início de 2004, para o recorde de US$ 78,40 em julho deste ano, tendo se mantido acima --ou bastante perto-- dos US$ 70 entre agosto do ano passado, após a passagem do furacão Katrina no sul dos EUA, e julho deste ano.
Para 2006, a previsão do FMI (Fundo Monetário Internacional) é de que a economia da Venezuela registrará um crescimento de 7,5% --já para 2007, a previsão é de um crescimento bastante inferior, de 3,7%, devido à expectativa de um desaquecimento na economia dos EUA, principal mercado para o petróleo venezuelano.
A situação favorável dos estoques mundiais fez o preço do barril recuar até US$ 56 no mês passado, mas o preço hoje varia em uma banda de US$ 58 a US$ 62 --na última semana, no entanto, os rumores de que a Opep vai fazer novo corte de produção fez o preço se aproximar dos US$ 63.
O petróleo ainda responde por cerca de 80% dos ganhos do país com exportações.
Outra fonte de riquezas para a Venezuela são os impostos: as receitas fiscais do país ultrapassaram em quase 50% a meta no ano passado. Os impostos são a principal fonte de recursos da Venezuela fora do setor petrolífero.
Apesar do avanço do país em alguns indicadores sociais, a taxa da população vivendo em situação de pobreza (renda familiar inferior a US$ 2 por dia) aumentou de 32,2% em 1991 para 48,4% em 2000. Os que vivem na miséria (menos de US$ 1 por dia) também aumentaram: de 11,8%, passaram a 23,5% da população no mesmo período.
A desigualdade no país também cresceu: os 20% mais ricos da população ficam com 53% da renda, enquanto os 20% mais pobres partilham 3%. O desemprego no país no ano passado foi de 12,2%.
O FMI lembra o desempenho positivo da economia da América Latina no primeiro semestre deste ano, amparado pelos altos preços das commodities no mercado internacional, o que refez os caixas dos países da região e permitiu um aumento de gastos públicos, principalmente na Venezuela --mais uma vez, beneficiada pela disparada do petróleo.
O Banco Mundial, no entanto, diz que os gastos públicos do país são "ineficientes", dificultando a criação de programas efetivos de combate à pobreza. Na avaliação do banco, a fuga de capitais até o momento enfraqueceu o sistema bancário venezuelano, dificultando o acesso ao crédito --o que tende a afetar o consumo e o investimento por parte dos empresários.
A IFC (International Finance Corporation, braço privado do Banco Mundial) já investiu US$ 408 milhões em 13 projetos na Venezuela para diversificar a economia do país e torná-la menos dependente das receitas com petróleo e reduzir a vulnerabilidade do país diante de flutuações bruscas no preço do produto no mercado mundial.
Entre os projetos que tiveram investimento da IFC, 10 estão fora do setor petrolífero, voltados para telecomunicações, geração de energia elétrica, preservação de florestas, aqüicultura, portos e manufaturas.
Fontes: Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial, CIA World Factbook
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