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12/12/2006 - 09h17

Maranhão deixa BB sem conseguir conter "petização" do banco

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EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
da Folha de S.Paulo, em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou ontem a troca do comando do Banco do Brasil, a maior instituição financeira do país. No lugar do atual presidente, Rossano Maranhão, assume interinamente Antônio Francisco de Lima Neto, funcionário de carreira e atual vice-presidente de Varejo e Distribuição do BB.

Maranhão ficará no cargo até o final da semana. Ontem, não quis divulgar seu destino profissional e afirmou que sai por "razões pessoais". Limitou-se a dizer que atuará na iniciativa privada. Antes, porém, deverá cumprir quarentena (ainda indefinida). Ele é o segundo presidente do BB que deixa o cargo sem conseguir dar prosseguimento ao processo de "despetização" da instituição.

O banco foi parcialmente loteado pelo PT assim que o presidente Lula assumiu o mandato. Antes mesmo da escolha do primeiro presidente do BB na gestão Lula, os petistas já estavam acomodados nas diretorias e vice-presidências, o que acabou derrubando Cassio Casseb da presidência. Assim como seu antecessor, Maranhão também teve problemas com integrantes do PT loteados na cúpula do BB.

Além disso, ele não concordava com algumas idéias defendidas pelo ministro Guido Mantega (Fazenda), a quem o BB está vinculado. Um dos motivos de atrito foi a exigência de os bancos federais comandarem um processo de redução das taxas de juros.

Funcionário de carreira do BB, Maranhão, que ganhou o apoio do ex-ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) para ficar no cargo com a queda de Casseb, sempre brigou por uma atuação comercial do banco, que tem ações em bolsa. Preparado para sair desde novembro, aguardava um sinal do presidente. Ontem, Lula foi à sede do BB justamente para anunciar a troca de comando.

Em reunião fechada, no final da manhã, anunciou aos 22 diretores e sete vice-presidentes presentes a substituição de Maranhão por Lima Neto. Após o comunicado, Lula pediu a Mantega que, ao lado de Maranhão e Lima Neto, anunciasse à imprensa a troca de comando.

Lima Neto, 41, não é filiado a nenhum partido político. Cearense de Fortaleza, ele entrou no banco em 1979, então com 14 anos de idade, por meio do programa Menor Aprendiz. Antes de chegar à área de Varejo e Distribuição, ocupou a vice-presidência de Negócios Internacionais e Atacado --vaga deixada por Maranhão no final de 2004. Segundo Mantega, Lima Neto "está perfeitamente entrosado com a estratégia que o banco vem desenvolvendo". Seu futuro no cargo, porém, ainda é incerto, principalmente por conta da pressão dos petistas espalhados nos demais escalões do banco, que querem a presidência.

Além disso, internamente, comenta-se que Lima Neto não teria o traquejo político para enfrentar as pressões políticas no segundo mandato. Ele permanecerá como interino até pelo menos o início do ano que vem, quando Lula deverá estar com a nova equipe fechada.

Ontem, em entrevista, falou em manter a "competitividade" e a "lucratividade" do banco. "Muito trabalho, muita responsabilidade. É muita honra", disse. Nos primeiros nove meses do ano, o BB teve um lucro de R$ 4,8 bilhões.

Maranhão estava no cargo desde o final de 2004, quando assumiu, primeiro interinamente, a vaga deixada por Casseb. Apesar de funcionário de carreira, assumiu o posto com o aval do senador José Sarney (PMDB-AP). Ontem, disse que deixou o banco por motivos pessoais. "Cumpri as determinações do presidente. Eu não tenho nenhuma razão, a não ser a questão pessoal", afirmou Maranhão.

Sob seu comando, viu o envolvimento de um dos diretores do BB nos escândalos do dossiê contra tucanos e também no do mensalão, que desgastaram a imagem do banco.

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