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26/01/2007
-
09h35
CLÓVIS ROSSI
da Folha de S.Paulo, em Davos
Dois dos nomes mais representativos da grande banca internacional tomaram ontem caminhos diferentes para comentar o Brasil.
Numa ponta, William Rhodes, presidente e executivo-chefe do Citibank, tratou de blindar o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, com um elogio gordo:
"Meirelles está fazendo um trabalho fantástico", disse Rhodes, pouco antes de se reunir com o presidente Lula.
Já Charles Dallara, diretor-gerente do IIF (sigla em inglês para Instituto da Finança Internacional), a coalizão de cerca de 200 grandes bancos internacionais, atacou com linguagem inusualmente dura o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
"O governo Lula perdeu a chance de ouro de atacar os problemas que de fato travam o crescimento brasileiro, quais sejam a questão da Previdência e a reforma tributária", disse Dallara à Folha, minutos antes de Lula chegar ao Hotel Belvedere, o único cinco-estrelas de Davos, em que se hospedará.
Rhodes reforçou a blindagem de Meirelles ao dizer: "Ele é homem de confiança do sistema financeiro internacional e acredito que também dos banqueiros brasileiros, embora não possa falar por estes".
Parece um evidente habeas corpus em favor do presidente do BC, há muito tempo criticado por setores do próprio governo, pelo excesso de conservadorismo no manejo da taxa de juros. Conservadorismo de resto reforçado anteontem com a decisão de reduzir de 0,5 ponto percentual para 0,25 ponto a queda na taxa de juros.
Já Dallara usa a linguagem que empresários do setor produtivo têm empregado para lamentar que o crescimento brasileiro seja pífio. "O Brasil está perdendo terreno no mundo", diz o executivo do IIF, mencionando, como tem sido a praxe, a explosão da China.
Dallara acredita que o PAC era uma oportunidade de ouro para mexer em temas difíceis, como tributos e aposentadorias, por se tratar de início de governo, quando o presidente tem o cacife político decorrente de cômoda vitória eleitoral.
No encontro com Lula, Rhodes explicitou, indiretamente, as razões pelas quais acha que Meirelles está fazendo um "trabalho fantástico".
Contou que, graças aos bons resultados da política econômica nos quatro primeiros anos de Lula, o sistema financeiro está tão sólido que o Citibank não conseguiu encontrar uma instituição para comprar e, assim, expandir seus negócios no Brasil.
Vai ter que se contentar com a criação de novas sucursais e o desenvolvimento de novos negócios, conforme relatou depois aos jornalistas brasileiros.
Questionado sobre o PAC, Rhodes foi econômico ao extremo. "É positivo", afirmou, para contar que Lula lhe dissera que o programa permitiria ao Brasil acelerar o crescimento talvez para 5% neste ano.
É um contraste formidável com o elogio desmesurado que Rhodes fizera a Lula há dois anos, na mesma Davos. Para ele, a maneira como Lula vinha conduzindo a economia era "um exemplo para o mundo".
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Banqueiros blindam Meirelles e criticam PAC
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da Folha de S.Paulo, em Davos
Dois dos nomes mais representativos da grande banca internacional tomaram ontem caminhos diferentes para comentar o Brasil.
Numa ponta, William Rhodes, presidente e executivo-chefe do Citibank, tratou de blindar o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, com um elogio gordo:
"Meirelles está fazendo um trabalho fantástico", disse Rhodes, pouco antes de se reunir com o presidente Lula.
Já Charles Dallara, diretor-gerente do IIF (sigla em inglês para Instituto da Finança Internacional), a coalizão de cerca de 200 grandes bancos internacionais, atacou com linguagem inusualmente dura o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
"O governo Lula perdeu a chance de ouro de atacar os problemas que de fato travam o crescimento brasileiro, quais sejam a questão da Previdência e a reforma tributária", disse Dallara à Folha, minutos antes de Lula chegar ao Hotel Belvedere, o único cinco-estrelas de Davos, em que se hospedará.
Rhodes reforçou a blindagem de Meirelles ao dizer: "Ele é homem de confiança do sistema financeiro internacional e acredito que também dos banqueiros brasileiros, embora não possa falar por estes".
Parece um evidente habeas corpus em favor do presidente do BC, há muito tempo criticado por setores do próprio governo, pelo excesso de conservadorismo no manejo da taxa de juros. Conservadorismo de resto reforçado anteontem com a decisão de reduzir de 0,5 ponto percentual para 0,25 ponto a queda na taxa de juros.
Já Dallara usa a linguagem que empresários do setor produtivo têm empregado para lamentar que o crescimento brasileiro seja pífio. "O Brasil está perdendo terreno no mundo", diz o executivo do IIF, mencionando, como tem sido a praxe, a explosão da China.
Dallara acredita que o PAC era uma oportunidade de ouro para mexer em temas difíceis, como tributos e aposentadorias, por se tratar de início de governo, quando o presidente tem o cacife político decorrente de cômoda vitória eleitoral.
No encontro com Lula, Rhodes explicitou, indiretamente, as razões pelas quais acha que Meirelles está fazendo um "trabalho fantástico".
Contou que, graças aos bons resultados da política econômica nos quatro primeiros anos de Lula, o sistema financeiro está tão sólido que o Citibank não conseguiu encontrar uma instituição para comprar e, assim, expandir seus negócios no Brasil.
Vai ter que se contentar com a criação de novas sucursais e o desenvolvimento de novos negócios, conforme relatou depois aos jornalistas brasileiros.
Questionado sobre o PAC, Rhodes foi econômico ao extremo. "É positivo", afirmou, para contar que Lula lhe dissera que o programa permitiria ao Brasil acelerar o crescimento talvez para 5% neste ano.
É um contraste formidável com o elogio desmesurado que Rhodes fizera a Lula há dois anos, na mesma Davos. Para ele, a maneira como Lula vinha conduzindo a economia era "um exemplo para o mundo".
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