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28/02/2007
-
09h33
CLARICE SPITZ
da Folha Online, no Rio
A economia brasileira registrou em 2006 uma expansão de 2,9%, acima do apurado em 2005 (2,3%) segundo dados divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A alta do PIB brasileiro no ano passado representa cerca da metade do crescimento econômico mundial, que foi de 5,1%, segundo estimativas do FMI (Fundo Monetário Internacional). Além disso, também é pouco mais da metade do que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a prometer para 2006: 5%.
O IBGE também fez revisões em alguns dos resultados dos PIBs dos últimos trimestres: o resultado do terceiro trimestre do ano passado em relação ao segundo foi de crescimento de 0,8% (contra um dado inicial de 0,5%). O segundo trimestre, que havia apresentado expansão de 0,4%, passou para 0,6%. No quarto trimestre de 2005, o resultado, que era de expansão de 1,2%, passou para 0,7%.
Na década de 90, o mundo cresceu em média 3,4%, enquanto no Brasil o avanço foi de 2,7%. Na década de 80, o cenário foi ainda pior: o Brasil cresceu 1,6%, enquanto o mundo, 3,4%.
Entre os Brics (grupo de países emergentes que reúne, além do Brasil e da Índia, a Rússia e a China), o Brasil amarga a pior posição em 2006, bem atrás da China, campeã de crescimento (10,7%), Rússia (6,7%) e Índia, que deve ter crescido 9,2%.
A expansão da economia brasileira veio dentro das previsões feitas por analistas ouvidos pela Folha Online, que esperavam por um crescimento entre 2,7% e 2,9%.
No último trimestre do ano, o PIB avançou 1,1% em relação ao terceiro trimestre. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, o avanço foi de 3,8%.
Para o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, caso as políticas econômicas em curso sejam estruturadas, com incentivo ao investimento, fortalecimento da renda e competitividade das empresas e queda do endividamento público, dentro de cinco anos o Brasil poderá novamente se aproximar das taxas de crescimento mundial. 'Vamos chegar lá a passos muito lentos. Esses passos poderiam ter sido acelerados no passado.'
Setores
Em 2006, o setor de serviços apresentou variação de 2,4%. A indústria cresceu 3%. Já a agropecuária avançou 3,2%.
No ano passado, o crescimento da economia patinou apesar da trajetória declinante da taxa básica de juros. Segundo cálculos de Estêvão Kopschitz, economista do Ipea, a taxa de juros real média entre 2003 e 2006 foi de 11%, ou seja, a metade do período de 95 a 98 (22%).
'O que impede um crescimento maior não é a conjuntura, mas fatores estruturais. É o baixo nível de investimento há muito anos. Nem investimento público nem ambiente favorável para o investimento privado, além de uma carga tributária causada pelo aumento das despesas do governo."
O analista sênior da BES Investimento, Fabio Knijnik, considera que o país não tem perspectiva de alterar sua posição entre o emergentes no curto prazo.
'Brasil está muito abaixo de todos os Brics certamente vai continuar porque essas reformas fundamentais, como a tributária, fiscal e previdenciária, não foram tocadas pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O aumento do crescimento sustentável no longo prazo é impossível. Devemos ter picos de crescimento, mas sem sustentabilidade'.
Demanda interna
Segundo o instituto, o consumo do governo apresentou crescimento de 2,1% no ano. O consumo das famílias subiu 3,8% completando três anos de alta. De acordo com o IBGE, a formação bruta de capital fixo, que representa os investimentos produtivos do país, subiu 6,3% sobre o ano passado. Segundo Knijnik, a demanda interna (consumo e investimentos) foram os dois motores do crescimento no ano, graças à expansão da massa salarial, do aumento da oferta de crédito e dos investimentos.
Para o economista Elson Teles, da corretora Concórdia, o aumento da demanda interna bem acima da verificada no ano passado revela uma situação de desequilíbrio.
'Essa situação revela o descompasso que vem sendo verificado recentemente, caracterizado pelo maior crescimento da demanda doméstica em relação à oferta doméstica, com essa lacuna sendo preenchida pela utilização de estoques e, principalmente, pela maior expansão das importações', afirma em relatório.
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da Folha Online, no Rio
A economia brasileira registrou em 2006 uma expansão de 2,9%, acima do apurado em 2005 (2,3%) segundo dados divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A alta do PIB brasileiro no ano passado representa cerca da metade do crescimento econômico mundial, que foi de 5,1%, segundo estimativas do FMI (Fundo Monetário Internacional). Além disso, também é pouco mais da metade do que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a prometer para 2006: 5%.
O IBGE também fez revisões em alguns dos resultados dos PIBs dos últimos trimestres: o resultado do terceiro trimestre do ano passado em relação ao segundo foi de crescimento de 0,8% (contra um dado inicial de 0,5%). O segundo trimestre, que havia apresentado expansão de 0,4%, passou para 0,6%. No quarto trimestre de 2005, o resultado, que era de expansão de 1,2%, passou para 0,7%.
Na década de 90, o mundo cresceu em média 3,4%, enquanto no Brasil o avanço foi de 2,7%. Na década de 80, o cenário foi ainda pior: o Brasil cresceu 1,6%, enquanto o mundo, 3,4%.
Entre os Brics (grupo de países emergentes que reúne, além do Brasil e da Índia, a Rússia e a China), o Brasil amarga a pior posição em 2006, bem atrás da China, campeã de crescimento (10,7%), Rússia (6,7%) e Índia, que deve ter crescido 9,2%.
A expansão da economia brasileira veio dentro das previsões feitas por analistas ouvidos pela Folha Online, que esperavam por um crescimento entre 2,7% e 2,9%.
No último trimestre do ano, o PIB avançou 1,1% em relação ao terceiro trimestre. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, o avanço foi de 3,8%.
Para o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, caso as políticas econômicas em curso sejam estruturadas, com incentivo ao investimento, fortalecimento da renda e competitividade das empresas e queda do endividamento público, dentro de cinco anos o Brasil poderá novamente se aproximar das taxas de crescimento mundial. 'Vamos chegar lá a passos muito lentos. Esses passos poderiam ter sido acelerados no passado.'
Setores
Em 2006, o setor de serviços apresentou variação de 2,4%. A indústria cresceu 3%. Já a agropecuária avançou 3,2%.
No ano passado, o crescimento da economia patinou apesar da trajetória declinante da taxa básica de juros. Segundo cálculos de Estêvão Kopschitz, economista do Ipea, a taxa de juros real média entre 2003 e 2006 foi de 11%, ou seja, a metade do período de 95 a 98 (22%).
'O que impede um crescimento maior não é a conjuntura, mas fatores estruturais. É o baixo nível de investimento há muito anos. Nem investimento público nem ambiente favorável para o investimento privado, além de uma carga tributária causada pelo aumento das despesas do governo."
O analista sênior da BES Investimento, Fabio Knijnik, considera que o país não tem perspectiva de alterar sua posição entre o emergentes no curto prazo.
'Brasil está muito abaixo de todos os Brics certamente vai continuar porque essas reformas fundamentais, como a tributária, fiscal e previdenciária, não foram tocadas pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O aumento do crescimento sustentável no longo prazo é impossível. Devemos ter picos de crescimento, mas sem sustentabilidade'.
Demanda interna
Segundo o instituto, o consumo do governo apresentou crescimento de 2,1% no ano. O consumo das famílias subiu 3,8% completando três anos de alta. De acordo com o IBGE, a formação bruta de capital fixo, que representa os investimentos produtivos do país, subiu 6,3% sobre o ano passado. Segundo Knijnik, a demanda interna (consumo e investimentos) foram os dois motores do crescimento no ano, graças à expansão da massa salarial, do aumento da oferta de crédito e dos investimentos.
Para o economista Elson Teles, da corretora Concórdia, o aumento da demanda interna bem acima da verificada no ano passado revela uma situação de desequilíbrio.
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