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22/03/2007 - 13h36

Investidores suspeitos lucraram até 69% com Ipiranga; CVM investiga mais 23

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CLARICE SPITZ
da Folha Online, no Rio

A Justiça do Rio de Janeiro determinou o bloqueio de R$ 4,270 milhões das contas do fundo estrangeiro e da pessoa física, suspeitos de operar ações do grupo Ipiranga com informações privilegiadas. O montante se refere ao total aplicado e o lucro obtido pelos investidores que venderam suas ações na segunda-feira. Além dos dois investidores que tiveram suas operações bloqueadas, a CVM investiga outros 23 investidores --pessoas físicas, jurídicas e fundos-- por negociações suspeitas com ações da refinaria, além de um outro investidor, por negociações com os papéis da distribuidora.

Segundo investigação preliminar da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e do Ministério Público Federal, um fundo internacional com sede em Delaware (EUA) lucrou 40% com a negociação da ações ordinárias da distribuidora Ipiranga e da refinaria Ipiranga, as empresas do grupo com capital aberto. A pessoa física, cujo nome também é mantido em sigilo, lucrou 69% com as operações.

"Existem pessoas que acertaram os dois olhos da mosca", ironizou o presidente da CVM, Marcelo Trindade. "Essas pessoas realizaram imediatamente seus lucros, o que é o indício forte de insider trading [informação privilegiada]", disse.

Se for comprovado o crime, os investidores podem ser os primeiros condenados por negociação de ações com informação privilegiada no país, com pena prevista de três a cinco anos.

Trindade chamou a parceria com o MPF de "nova fase da supervisão do mercado acionário brasileiro". "Agora, com o apoio do MPF, podemos agir com mais eficiência, agilidade, o que aumenta nosso poder de fogo."

Ação de indenização

O Ministério Público Federal deve entrar com uma ação civil pública de indenização no prazo de 30 dias. Segundo o procurador Sady D'Assumpção, o dinheiro bloqueado pode ser usado para assegurar a indenização dos danos causados aos investidores que se desfizeram das ações da Ipiranga na semana passada.

Do total bloqueado, R$ 3,3 milhões são do fundo e R$ 970 mil da pessoa física. De acordo com apuração da CVM, os dois compraram as ações da Ipiranga ao longo da semana passada, principalmente na sexta-feira, e venderam os papéis na segunda-feira, quando a operação de compra foi anunciada. Na sexta-feira, uma das ações da distribuidora subiu mais de 30% enquanto o papel da refinaria valorizou mais de 8%.

Também chamou a atenção da autarquia o fato de que o volume de negócios com os papéis da refinaria foi dez vezes superior ao de um dia comum.

Mais investidores sob investigação

Segundo Trindade, outros 23 investidores estão sob investigação, entre pessoas físicas, jurídicas e fundos, por negociações suspeitas com ações da refinaria, além de um outro investidor, por negociações com os papéis da distribuidora.

A CVM investiga ainda investidores que detinham ações preferenciais da Ipiranga e que se desfizeram deles e compraram ordinárias na semana passada, justamente os papéis que tiveram forte valorização.

De acordo com Trindade, mais de cem pessoas sabiam da operação de venda da Ipiranga, entre executivos, assessores de imprensa, profissionais ligados a bancos.

Diretores de relação com investidores podem ser inabilitados como administradores de companhia aberta pela CVM.

A investigação preliminar terá um prazo de 90 dias, ao fim dos quais, a CVM pode instaurar um inquérito, enquanto o Ministério Público Federal pode oferecer denúncia.

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