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13/04/2007
-
09h40
VALDO CRUZ
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O câmbio já não é um fator determinante para um grupo de empresas exportadoras que investiram em inovação tecnológica e apresentam elevados índices de produtividade, aponta pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), ligado ao Ministério do Planejamento.
Um grupo de 2.434 empresas classificadas como fortemente exportadoras tem um índice de produtividade bem superior às demais e, por isso, não dependem só de preço para competir no mercado externo, diz o estudo "As Empresas Brasileiras e o Comércio Internacional", que será lançado em livro.
Enquanto uma empresa voltada ao mercado interno tem índice de produtividade médio de R$ 14,98 mil por trabalhador, a fortemente exportadora atinge marca quatro vezes maior --R$ 76,12 mil.
Esse tipo de empresa ainda tem uma produtividade 2,3 vezes superior às que também exportam, mas sem bom grau de inovação tecnológica que permite desenvolver produtos diferenciados para disputar o mercado externo com preços de venda mais elevados.
"É claro que um câmbio baixo afeta, mas a pesquisa mostra que não é o fator predominante para a empresa que decidiu adotar uma política voltada para o mercado externo", diz o diretor do Ipea João Alberto de Negri, que organizou o trabalho em conjunto com o pesquisador Bruno César Araújo.
Entre as empresas fortemente exportadoras, Araújo destaca um grupo de 1.200 com alto investimento em inovação tecnológica, que desenvolveu produtos diferenciados e acabou puxando, segundo a pesquisa, o crescimento das exportações no setor industrial no período de 2000 a 2006.
Segundo o pesquisador, excluindo as vendas de commodities e bens primários (como soja, açúcar e minério de ferro), essas 1.200 empresas respondem por cerca de 70% a 80% das exportações brasileiras e não dependem só de preço para competir. Exemplo dessa lista é a fabricante de aviões Embraer.
De Negri acrescenta que foi daí que veio boa parte da surpresa quando as exportações subiram mesmo com um dólar mais barato, num momento em que muitos apostavam em queda das vendas externas.
Um dólar hoje está perto de R$ 2. Em agosto de 2004, bateu em R$ 3. Encerrou o ano passado custando R$ 2,14. Apesar dessa oscilação do câmbio, as exportações saltaram de US$ 60,3 bi em 2002 para US$ 137,4 bilhões ao final do primeiro mandato do presidente Lula. Contribuiu também o aquecimento da economia global.
O livro será apresentado ao novo ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, na próxima semana. Deve servir de munição àqueles que são contra medidas protecionistas ou artificiais para compensar setores prejudicados com o real forte.
O diretor do Ipea lembra que até nos setores que estão sofrendo com o câmbio, como calçadista e têxtil, há empresas que estão ganhando porque decidiram investir em produtos diferenciados. Dá como exemplo a fábrica de calçados Democrata. Segundo ele, a pesquisa detectou que a empresa conseguiu manter vendas após desenvolver calçados mais sofisticados, com solados com amortecimento --patenteados pela empresa. É um exemplo da inovação estudada pelo Ipea.
Já outras empresas do setor, com baixo investimento em inovação, perdem mercado e demitem por causa do real forte, que encarece seus produtos no exterior.
O estudo aponta que os exportadores brasileiros deixaram de ver o mercado internacional como um substituto temporário para o mercado interno e descobriram que manter vendas externas representa crescimento de faturamento.
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da Folha de S.Paulo, em Brasília
O câmbio já não é um fator determinante para um grupo de empresas exportadoras que investiram em inovação tecnológica e apresentam elevados índices de produtividade, aponta pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), ligado ao Ministério do Planejamento.
Um grupo de 2.434 empresas classificadas como fortemente exportadoras tem um índice de produtividade bem superior às demais e, por isso, não dependem só de preço para competir no mercado externo, diz o estudo "As Empresas Brasileiras e o Comércio Internacional", que será lançado em livro.
Enquanto uma empresa voltada ao mercado interno tem índice de produtividade médio de R$ 14,98 mil por trabalhador, a fortemente exportadora atinge marca quatro vezes maior --R$ 76,12 mil.
Esse tipo de empresa ainda tem uma produtividade 2,3 vezes superior às que também exportam, mas sem bom grau de inovação tecnológica que permite desenvolver produtos diferenciados para disputar o mercado externo com preços de venda mais elevados.
"É claro que um câmbio baixo afeta, mas a pesquisa mostra que não é o fator predominante para a empresa que decidiu adotar uma política voltada para o mercado externo", diz o diretor do Ipea João Alberto de Negri, que organizou o trabalho em conjunto com o pesquisador Bruno César Araújo.
Entre as empresas fortemente exportadoras, Araújo destaca um grupo de 1.200 com alto investimento em inovação tecnológica, que desenvolveu produtos diferenciados e acabou puxando, segundo a pesquisa, o crescimento das exportações no setor industrial no período de 2000 a 2006.
Segundo o pesquisador, excluindo as vendas de commodities e bens primários (como soja, açúcar e minério de ferro), essas 1.200 empresas respondem por cerca de 70% a 80% das exportações brasileiras e não dependem só de preço para competir. Exemplo dessa lista é a fabricante de aviões Embraer.
De Negri acrescenta que foi daí que veio boa parte da surpresa quando as exportações subiram mesmo com um dólar mais barato, num momento em que muitos apostavam em queda das vendas externas.
Um dólar hoje está perto de R$ 2. Em agosto de 2004, bateu em R$ 3. Encerrou o ano passado custando R$ 2,14. Apesar dessa oscilação do câmbio, as exportações saltaram de US$ 60,3 bi em 2002 para US$ 137,4 bilhões ao final do primeiro mandato do presidente Lula. Contribuiu também o aquecimento da economia global.
O livro será apresentado ao novo ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, na próxima semana. Deve servir de munição àqueles que são contra medidas protecionistas ou artificiais para compensar setores prejudicados com o real forte.
O diretor do Ipea lembra que até nos setores que estão sofrendo com o câmbio, como calçadista e têxtil, há empresas que estão ganhando porque decidiram investir em produtos diferenciados. Dá como exemplo a fábrica de calçados Democrata. Segundo ele, a pesquisa detectou que a empresa conseguiu manter vendas após desenvolver calçados mais sofisticados, com solados com amortecimento --patenteados pela empresa. É um exemplo da inovação estudada pelo Ipea.
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