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29/04/2007 - 18h05

Funcionários do Banco Mundial querem renúncia de Wolfowitz

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TERESA BOUZA
da Efe, em Washington

Pelo menos 90% dos funcionários do Banco Mundial querem a renúncia do presidente Paul Wolfowitz, segundo uma entrevista da presidente da Associação de Funcionários da entidade, Alison Cave.

"O que Wolfowitz fez desacredita o banco", afirmou, em referência à decisão do ex-número dois do Pentágono de aumentar em quase US$ 61 mil o salário anual da namorada e funcionária do Banco Mundial, Shaha Ali Riza.

Cave, especialista em planejamento urbano, se tornou uma espécie de celebridade, ao personificar a rebelião dos funcionários da entidade contra o chefe.

O jornal "The Washington Post" a batizou recentemente como a "Nemesis" de Wolfowitz, em referência à deusa da vingança da mitologia grega.

Alison, no entanto, nega que seja uma "vingança" pessoal e solitária, como apontaram alguns.

"É impossível que pudesse atuar sozinha", disse em entrevista dada do seu escritório na sede do Banco, acrescentando que foi escolhida e trabalha em coordenação com os outros dirigentes do grupo, que consultam constantemente os funcionários do Banco Mundial.

A Associação de Funcionários é uma espécie de sindicato, que representa os dez mil trabalhadores do órgão e que conta com pouco mais de 100 dirigentes e um comitê executivo de onze pessoas.

A presidente da Associação negou que Wolfowitz esteja sendo julgado por ter sido um dos principais arquitetos da Guerra do Iraque.

"O julgamos pelo que fez nesta organização, e pelo impacto que sua conduta tem sobre nosso trabalho", afirmou.

Segundo ela, Wolfowitz e seus assessores mais próximos agiam com tanto sigilo que acabaram gerando desconfiança entre os funcionários.

Além disso, lamentou que o presidente do Banco Mundial não tenha assumido a responsabilidade no escândalo de nepotismo que o envolve.

"Ele não está fazendo nada", afirmou Alison, ao acrescentar que Wolfowitz poderia ter corrigido o contrato de Riza, cujo aumento salarial é mais que o dobro do estipulado.

Assegurou também ter dito pessoalmente a Wolfowitz que o lógico seria que Riza deixasse o Banco quando ele chegou.

"Isso é o que fazem muitos casais", disse, acrescentando que, quando foi eleita presidente da Associação de Empregados, decidiu com o marido, um consultor, que não aceitaria nenhum contrato com o Banco enquanto ela ocupasse o cargo.

Ela criticou a decisão de Wolfowitz de ter optado por "culpar outras pessoas" por seus erros.

Kevin Kellems, uma das pessoas mais próximas a Wolfowitz no Banco, assegurou, em artigo publicado no dia 9 de abril pela revista "The New Yorker", que o presidente do Banco Mundial não tinha relação com a promoção e o aumento salarial de Frisa.

"Todas as regras relacionadas com Shaha Ali Riza foram feitas a pedido do Conselho Executivo do Banco", disse Kellems. Mais tarde, foi divulgado que Wolfowitz havia determinado todos os detalhes.

O ex-primeiro-ministro peruano e ex-assessor legal do Banco Roberto Dañino assegurou este mês, em entrevista à revista peruana "Caretas", que presidente do órgão o afastou do caso Riza depois que disse que as propostas não se ajustavam aos padrões do banco. Dañino renunciou em setembro de 2005.

Wolfowitz deve comparecer nesta segunda-feira (30) perante o Conselho Executivo do Banco Mundial para se defender. Seu advogado disse que ele não renunciará, e que apresentará documentos que provam que o Comitê de Ética consentiu com o aumento de salário de Riza.

Um porta-voz do ex-presidente do Comitê de Ética do Conselho Executivo, Ad Melkert, assegurou em 9 de abril, que "dependeu completamente da Direção (do Banco) para determinar os termos específicos e condições" trabalhistas da namorada de Wolfowitz.

O "The Washington Post" informou este fim de semana que um painel designado pelo Conselho Executivo concluiu que o ex-número dois do Pentágono violou as normas éticas do Banco.

"Caso o Conselho decida mantê-lo no cargo, Wolfowitz terá que demonstrar ao pessoal [do Banco] e ao mundo inteiro porque esta decisão é adequada", disse Alison.

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