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13/05/2007 - 09h36

Governo vai lançar crédito consignado para incentivar viagens de aposentados

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CÁSSIO AOQUI
da Folha de S.Paulo, em Lisboa

Há quase dois meses no papel de ministra do Turismo, Marta Suplicy (PT-SP) ainda se esquiva ao falar sobre seu futuro político, mas já definiu o maior adversário que terá no mais novo cargo: o celular.

"Hoje o principal concorrente do turismo no país é o celular", afirma, categoricamente, ao explicar que o mercado interno será uma das prioridades em seu período à frente da pasta.

"[O brasileiro] tem de viver a vida, aproveitar o momento, levar o filho para conhecer o Brasil. Essa é uma percepção que tive", completa ela, em entrevista à Folha.

Marta participou de sua "primeira prova de fogo", como ela própria definiu, ontem no maior encontro internacional de políticos e empresários do setor de turismo, a Sétima Cúpula do WTTC (World Travel and Tourism Council), em Lisboa (leia mais abaixo).

Ao lado de representantes de países como Grécia, Portugal, Jordânia e Namíbia, a ministra debateu o papel dos governos no desenvolvimento do setor e temas como sustentabilidade e crescimento acelerado.

Sem muitas vezes ir diretamente ao assunto ou com respostas superficiais, Marta --bem como os demais participantes da mesa redonda-- foram diversas vezes contestados tanto pelo público presente como pelo moderador, o apresentador do "BBC World" Nik Gowing.

Veja, a seguir, os principais trechos da entrevista em que a ministra antecipa as prioridades do Plano Nacional de Turismo, que serão anunciadas pelo presidente Lula em fins de maio.

Folha de S.Paulo - O ex-ministro do Turismo Walfrido dos Mares Guia era muito bem-visto pelos empresários, que o aplaudiram de pé em sua última aparição no cargo. tem sido seu relacionamento com o setor?

Marta Suplicy
- Fui recebida com expectativas. Estou me dando bem e gostando da área. O Brasil tem tudo para acontecer com a criação recente do Ministério do Turismo, que foi muito bem estruturado pelo [Walfrido] Mares Guia. A base preparada pelo ministro permitiu, por exemplo, o lançamento do Plano Nacional de Turismo, que traz metas mais realistas do que o anterior [2003-2007], pois é calcado em pesquisas. Ele será divulgado na última semana de maio pelo presidente Lula.

Folha - Fala-se muito em entrada de turistas estrangeiros, mas, e o mercado de viagens internas? Por que não se investe nele?

Marta
- Ele é uma das prioridades que constarão do Plano. Posso antecipar que os objetivos do documento serão focados basicamente em infra-estrutura, ampliação de propaganda no mercado exterior, ampliação do mercado interno e inclusão social.

Folha - O que exatamente será feito para a inclusão social?

Marta
- Essa é uma novidade que surgiu do fato de que temos de aproveitar o crescimento da renda brasileira. Nós temos 38 meses consecutivos de aumento da renda das famílias. O mercado interno vai ser nossa prioridade. Fala-se muito de captação no exterior. Ela deve continuar, mas são as viagens de brasileiros dentro do país que têm de ser aproveitadas agora. Hoje o principal concorrente do turismo no país é o celular. Mas o brasileiro tem de viver a vida, aproveitar o momento, levar o filho para conhecer o Brasil. Essa é uma percepção que tive. Vamos começar com crédito consignado ao aposentado que será lançado na primeira semana de agosto. Já temos o acordo com a Caixa, falta finalizar os pacotes. São 16 milhões de aposentados beneficiados, por isso esperamos um impacto grande [nas viagens].

Folha - O novo Plano fará uma revisão das metas para baixo?

Marta
- Ele é baseado em pesquisa, em dados reais. Não em perspectivas, como fora num primeiro momento [no primeiro Plano].

Folha - O que fazer para estimular a geração de emprego e, mais além, a qualificação no setor, que hoje é responsável por 1 em cada 15,5 vagas ocupadas no país?

Marta
- O setor que mais pode criar empregos é o turismo. Vai desde a qualificação mais baixa ao nível universitário. Hoje temos 2 milhões de pessoas trabalhando diretamente no setor e 6 milhões indiretamente. Podemos aumentar enormemente as vagas ao qualificar [os trabalhadores]. Para isso, estamos visitando escolas, como aqui, no Estoril. Também fui conhecer uma das mais antigas escolas do mundo, na Áustria. Tudo isso são preocupações nossas.

Folha - Em relação ao viajante estrangeiro, a violência ainda é vista como o maior empecilho a uma estada no Brasil. O que está sendo feito nesse sentido?

Marta -
Tivemos alguns episódios, sim, que trouxeram problemas. Mas a violência tem solução. A destruição do ambiente não tem. Nós estamos no frigir dos ovos, numa situação em que podemos ter muita esperança no turismo brasileiro. O Pan vai ser uma demonstração disso. A maior parte dos equipamentos ficará no Rio. Serão 600 câmeras de TV nos locais dos jogos e nas principais vias de acesso e pontos estratégicos da cidade; mil viaturas incorporadas à frota da polícia; 27 aeronaves; e 5.000 aparelhos de comunicação para a polícia. Isso vai ter um impacto [na queda da violência], mesmo depois do Pan.

Folha - O WTTC lançou números recentes que indicam que, se por um lado, o turismo brasileiro figura em 18º entre 176 países em tamanho absoluto, do outro, é apenas o 136º em relação à contribuição relativa à economia nacional e o 56º em previsão de crescimento. O que a sra. pretende fazer para melhorar este cenário?

Marta
- Somos o sétimo país em eventos no mundo. Em 2003, eramos o 11º. Estamos vivenciando um crescimento muito acentuado. A presidente da Embratur, Jeanine Pires, tem um dado que é importante: cada estrangeiro que chega ao Brasil vale por dois que chegam à França [em termos de gastos].

O jornalista viajou a convite do WTTC

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