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15/05/2007 - 16h38

Dólar fecha a R$ 1,983, menor valor em seis anos

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EPAMINONDAS NETO
da Folha Online

O dólar comercial foi cotado a R$ 1,983 para venda nos últimos negócios desta terça-feira, em queda de 1,29% sobre o fechamento anterior. É a primeira vez em seis anos que a taxa cambial rompe o "patamar psicológico" dos R$ 2, em um efeito dos fundamentos econômicos vistos como mais sólidos por economistas e investidores. A cotação máxima da moeda chegou a R$ 2,008 e a mínima, a R$ 1,979 durante o dia. No ano, o dólar já acumula uma queda de 7,2%.

O dólar mais barato favorece a importação, o que pode ter efeitos positivos e negativos sobre a economia. No lado positivo, por exemplo, ajuda a abaixar a inflação, o que pode favorecer a queda dos juros básicos (a taxa Selic). Por outro lado, representantes do setor industrial reclamam que o nível atual da taxa favorece a concorrência "predatória" dos importados e estimula a quebra das empresas.

Nesta terça, o BC (Banco Central) limitou sua intervenção no mercado de câmbio a um leilão de compra de moeda, anunciada às 15h30, adquirindo dólares à taxa de R$ 1,984. Profissionais de mercado estranharam a forma de atuação do Banco Central.

"Todo mundo sabia que, se o CPI [inflação americana] viesse 'bom' ou em linha, o dólar iria vir para abaixo de R$ 2. Então, o BC teria que entrar logo pela manhã, e não esperar até quase o final [dos negócios] para fazer o leilão. Ou então, mudar a forma de atuação", afirma Ideaki Iha, profissional da corretora Fair. "Ou ele 'jogou a toalha', o que é improvável, ou é um sinal de que o BC considera R$ 2 o novo patamar do câmbio. Só nos próximos dias nós podemos saber ao certo", acrescenta.

Inflação americana

A taxa de câmbio começou a cair logo pela manhã, após a divulgação do CPI (índice de preços ao consumidor), aliviando as preocupações sobre as pressões inflacionárias da economia americana. A inflação em queda abre espaço para a autoridade monetária local (o Federal Reserve) possa acelerar a redução dos juros locais, o que favorece as Bolsas mundiais.

Corretores já esperavam que a taxa cambial caísse abaixo de R$ 2 há meses. Somente as intervenções pontuais do BC, o único comprador de moeda na praça, sustentavam a cotação. A autoridade monetária, no entanto, "lutava" contra a corrente.

"O que está fazendo o dólar cair também são as chamadas arbitragens no mercado internacional", explica Edgar Pereira, economista-chefe do Iedi (Instituto de Estudos para Desenvolvimento Industrial). O investidor internacional toma recursos em dólar em países com juros mais baixos, vende essa moeda e "compra" real, aplicando os recursos no país, rendendo juros muito mais altos do que no restante das economias mundiais.

"O país está numa condição muito melhor do que anos atrás. Antes, esses dólares eram necessários porque o nível das reservas era muito baixo, e o país era visto como de alto risco. Agora, as nossas reservas estão muitos maiores e o risco de calote é muito mais baixo", avalia Ideaki Iha, da Fair.

"Esse valor da taxa de câmbio é ruim até para importadores, que já tomaram recursos considerando um dólar mais alto. A economia se torna imprevisível e, em economia, previsibilidade é tudo", afirma.

Lula

Hoje, em entrevista coletiva, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o câmbio continuará sendo flutuante e afirmou que "não há milagre" para impedir a desvalorização da moeda americana frente ao real.

"A gente diz que o real está valorizado sem reconhecer que o dólar está se desvalorizando. Não podemos resolver problema do câmbio como alguns querem que a gente resolva. O Câmbio continuará sendo flutuante", afirmou o presidente.

Lula ressaltou, porém, que o governo pode adotar algumas medidas que ajudem a dar mais competitividade às empresas brasileiras. "O que nós precisamos é de medidas tributárias. Incentivar que as empresas adotem inovação tecnológica", disse. "O dólar vai se ajustar na medida em que se importar mais bens de capital, reduzir a taxa de juro."

Indústria reclama

Economistas admitem que há pouco espaço para a taxa de câmbio voltar a subir. A taxa de juros do país continua atraente para investimentos estrangeiros e o país é considerado mais seguro para investir: o risco de calote é visto como baixo e há livre movimentação de capitais --os investidores podem aplicar e retirar recursos sem maiores obstáculos.

O setor industrial tem reclamado que o dólar em torno dos R$ 2 prejudica as empresas, que sofrem a concorrência "predatória" dos importados.

"A indústria de transformação é uma das maiores prejudicadas e sempre que essa indústria é garroteada, você não está indo na direção do crescimento", afirma Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp (federação das indústrias paulistas).

Para Francini, o fato da indústria de transformação ter crescido abaixo do PIB no ano passado é um indicativo desfavorável para o crescimento econômico. "Em 2004, o PIB cresceu 5% e a indústria de transformação cresceu 8%. Nesse caso, a indústria de transformação exerceu o seu papel de puxar o crescimento", acrescenta.

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