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25/07/2000 - 19h14

Lopes falou a FHC sobre riscos na BM&F mas não especificou caso Marka

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ISABEL CLEMENTE
da Folha de S. Paulo, no Rio

O ex-presidente do Banco Central Francisco Lopes disse hoje durante depoimento ao juiz Abel Gomes, da 6ª Vara Federal, que informou ao presidente Fernando Henrique Cardoso, durante almoço no dia 14 de janeiro do ano passado, "que havia problemas na BMF (Bolsa de Mercadorias e Futuro)".

Do almoço, realizado em Brasília no mesmo dia em que houve a operação de socorro aos bancos Marka e FonteCindam, participaram, de acordo com Lopes, "outras pessoas", entre elas o ministro da Fazenda, Pedro Malan.

O depoimento foi prestado hoje à tarde no processo que apura a operação de socorro aos dois bancos, que teria causado um prejuízo de R$ 1,6 bilhão ao BC.

Lopes disse ter informado ao presidente que medidas estavam sendo tomadas para evitar crises de confiança e crises bancárias, "no que o presidente concordou integralmente".

O ex-presidente do BC afirmou que falou com FHC de forma genérica, sem citar os bancos Marka e FonteCindam. Disse ainda não lembrar se Pedro Malan estava presente naquele momento.

Francisco Lopes disse ao juiz da 6ª Vara Federal não ter comunicado o ministro da Fazenda sobre a operação de socorro e sobre o conteúdo do voto 006 -expediente adotado pelo Banco Central, na época da desvalorização, para poder suprir com dólar instituições que se manifestassem em dificuldades para honrar compromissos.

O ex-presidente do Banco Central confirmou que o voto 006 foi decidido por ele, por Cláudio Mauch (ex-diretor de Fiscalização do BC), e por Demósthenes Madureira de Pinho Neto (ex-diretor de Assuntos Internacionais do BC), ambos também réus no processo.

Lopes e Mauch, que foram os dois primeiros a prestar depoimento ontem à tarde, tiveram dificuldades para explicar à Justiça Federal o que é "risco sistêmico" -uma espécie de "efeito dominó" que poderia atingir o sistema financeiro, e que foi argumento apresentado pelos ex-dirigentes do BC para justificar a decisão de não liquidar as duas instituições e assumir o prejuízo de quase R$ 1,6 bilhão.

Francisco Lopes riu quando o juiz Abel Gomes o questionou diretamente sobre o tema. Respondeu que não seria possível definir de forma abstrata, mas apenas analisando situações concretas.

Já Cláudio Mauch teve dificuldades de citar casos concretos que envolvessem risco sistêmico no mercado de futuros -justamente o setor no qual o Marka e o FonteCindan estavam com problemas de liquidez.

O juiz cobrou dos dois réus respostas objetivas. Na vez de Mauch, o juiz chegou a dizer que queria ''uma resposta tão clara e objetiva'' como parecia ter sido o argumento usado pelos ex-dirigentes do BC para justificar o voto 006

Bilhete
Sobre o bilhete escrito por Salvatore Cacciola, dono do banco Marka, no qual o banqueiro pedia ''uma intervenção muito maior'' de Lopes na negociação da cotação do dólar que seria vendido a sua instituição, o ex-presidente afirmou não saber o que Cacciola queria dizer.

Lopes classificou ainda de ''desrespeitoso, agressivo e sem educação'' a atitude de Cacciola de se dirigir a ele como Francisco porque ninguém o chama dessa forma, nem pessoas de sua intimidade. Segundo Lopes o banqueiro queria dar a impressão uma intimidade que não existia.

No início do depoimento ele chegou a dizer que não tinha certeza se tal bilhete -anexado ao processo pelo Ministério Público Federal- era o mesmo que ele tinha visto porque ao recebê-lo das mãos de seu consultor Alexandre Pundek, leu rapidamente e o jogou no lixo.

Lopes e Mauch são acusados de desvio de dinheiro público, peculato e prevaricação.


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