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15/05/2001 - 10h10

EUA aumentam a produção de energia

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The New York Times

A indústria de energia perfura em busca de gás natural, constrói gasodutos e ergue estações de força em ritmo sem precedentes. O aumento dos investimentos é uma resposta das companhias à alta dos preços da energia.

A atividade intensa ocorre no momento em que o presidente Bush se prepara para divulgar uma estratégia nacional voltada para o que ele mesmo chama de crise energética. Espera-se que a sua política se volte com ênfase para a simplificação de regras do setor, muitas delas estabelecidas para proteger o ambiente, o que a administração Bush diz que foi a causa para o déficit alarmante na oferta de energia.

O vice-presidente Dick Cheney, que lidera a força-tarefa encarregada de definir o plano de energia, desfiou um rosário de estatísticas -incluindo falta de refinarias, estações de força, gasodutos e outras fontes de energia e infra-estrutura- para alertar sobre a possibilidade de déficit na oferta. A solução, diz ele, é uma ação governamental urgente.

Mas as mais recentes estatísticas do governo e de analistas do setor mostram que a indústria da energia acelerou, investindo pesadamente em áreas que eram vistas como pouco atrativas até poucos anos atrás. Desse modo, mesmo antes de o governo aliviar algumas regras, mesmo com o aumento dos preços da energia criando um sentimento de crise em Washington, a explosão de investimentos promete um incremento da oferta que deve estabilizar ou reduzir os preços nos próximos meses, segundo afirmam executivos e analistas privados.

''Os preços subiram e nós começamos a prospectar'', afirma Jerry Jordan, cuja companhia em Columbus, Ohio, pretende escavar de 10 a 20 poços de gás natural neste ano. Washington tem um papel a desempenhar, afirma Jordan, permitindo a exploração de áreas até então restritas. Até agora, diz ele, há bastante gás natural disponível e ''nós vamos levar isso ao mercado''.

Grandes companhias pretendem investir cerca de US$ 41 bilhões para expandir a oferta de gás natural neste ano, enquanto as novas perfurações alcançaram o número recorde de 955. Esse é um indicativo do que está ocorrendo de modo geral na indústria.

Companhias de energia, em uma reação ao aumento dos preços da eletricidade na Califórnia e em outros lugares, planejam aumentar em 90 mil MW a capacidade de geração de energia nos próximos 18 meses, de acordo com estimativa de um empresário do setor. Isso é quase um quarto do que o Departamento de Energia norte-americano precisa para atender o crescimento do consumo até 2020.

O aumento da demanda por gás natural levou empresas a construir dutos de transporte em ritmo frenético. O Departamento Federal de Administração de Informações de Energia afirma que 1.895 milhas de novos dutos foram criados no ano passado. O órgão espera que as companhias completem mais 4.300 milhas neste ano e outras 4.650 em 2002 -um recorde de aumento de capacidade.

O presidente Bush afirmou na sexta-feira que os preços da gasolina estavam altos porque as refinarias -as mesmas que autoridades administrativas afirmaram que estavam sendo emperradas devido a leis ambientais- não podiam aumentar a produção. ''A razão para que tenhamos problemas é que não construímos mais refinarias'', disse Bush.

Enquanto alguns especialistas concordam com Bush, outros, em Wall Street, vêem a questão de maneira diferente. Vários analistas de investimentos rebaixaram as ações de refinarias que ocupam a liderança do setor porque produziram muita gasolina recentemente, possivelmente levando os preços para baixo no meio do verão.

Bush e Cheney citam constantemente os altos preços como evidência de que a indústria não pode satisfazer a demanda porque as regras tornam difícil o aumento da oferta. Executivos do setor aprovaram o enfoque dado ao tema pelo governo, que quer eliminar regras cujo cumprimento consideram muito custoso. Mas muitos concordam que essas reclamações têm pouco a ver com os preços hoje.

A realidade dos mercados de energia se perdeu ''na política do momento'', diz Ken Cohen, vice-presidente de assuntos públicos para a Exxon Mobil Corporation em Irving, Texas. A companhia gostaria de ver as regras ambientais se tornarem mais previsíveis, afirmou.

Jay Hakes, que até recentemente era diretor do Departamento Federal de Administração de Informações de Energia em Washington, afirmou que o aumento recente na atividade das companhias energéticas mostra que não há déficit crônico da oferta.

Segundo ele, o problema não é que as empresas de energia não podem atender à demanda, mas que novas empresas desregulamentadas, sem a certeza de garantia de retorno de investimento que Estado e regulamentação federal deram um dia, tendam a responder a tudo muito rapidamente.

 

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