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20/06/2001
-
09h57
CLÓVIS ROSSI
da Folha de S.Paulo
Mesmo mergulhado na mais grave crise de seus dez anos de vida, o Mercosul ainda consegue ser um pólo de atração, como atesta a cúpula do bloco a se realizar em Assunção a partir de amanhã.
A ela comparecerão, além dos presidentes dos quatro países integrantes do Mercosul e dos dois países associados ao bloco (Bolívia e Chile), o presidente moçambicano, Joaquim Chissano, e o da Venezuela, Hugo Chávez, interessados em uma aproximação.
Chávez, aliás, formalizou em maio o pedido para ingressar como associado (um passo aquém de membro pleno). As presenças de Chissano e de Chávez dão uma idéia da dimensão política do Mercosul, mais sólida do que a comercial, pelo menos agora.
O Brasil se empenha no fortalecimento político do bloco, o que acaba por criar uma contradição com seus parceiros, como analisa Francisco Panizza, especialista em América Latina da London School of Economics:
''Hoje, o Mercosul tem mais importância política do que econômica para o Brasil, com vista às negociações da Alca, mas para seus sócios é o contrário. Eles têm necessidade de voltar a entrar no mercado brasileiro para reavivar suas economias em crise''.
Reforça Mahrukh Doctor, pesquisador em economia política internacional do Centro de Estudos Brasileiro da Universidade britânica de Oxford:
''O nó da questão é que o Brasil vê o Mercosul como um veículo estratégico e político para aumentar sua influência e prestígio internacionais, mas seus três parceiros o vêem de maneira mais limitada, como um projeto econômico para sustentar o desenvolvimento''.
Não é o único nó, como aponta Juan Manuel Ramírez Cendrero, especialista da Universidade Complutense de Madri. ''O Mercosul representa uma tentativa de superar o antagonismo entre Brasil e Argentina, o que é ao mesmo tempo uma de suas virtudes e uma de suas debilidades, porque a dinâmica de integração passou a depender em excesso da posição e da situação de cada sócio''.
Como a situação de cada sócio, em especial da Argentina, é hoje precária, desaparece a ''matéria-prima'' da integração, a estabilidade macroeconômica, como a define Moisés Naím, ex-ministro venezuelano, especialista em América Latina do Instituto Carnegie para a Paz Internacional (EUA) e editor da revista ''Foreign Policy''. ''Se se acredita que a Argentina está em uma crise econômica que será prolongada, é baixa a possibilidade de que seja tida como um sócio valioso'', diz Naím.
Mercosul ainda atrai interessados
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da Folha de S.Paulo
Mesmo mergulhado na mais grave crise de seus dez anos de vida, o Mercosul ainda consegue ser um pólo de atração, como atesta a cúpula do bloco a se realizar em Assunção a partir de amanhã.
A ela comparecerão, além dos presidentes dos quatro países integrantes do Mercosul e dos dois países associados ao bloco (Bolívia e Chile), o presidente moçambicano, Joaquim Chissano, e o da Venezuela, Hugo Chávez, interessados em uma aproximação.
Chávez, aliás, formalizou em maio o pedido para ingressar como associado (um passo aquém de membro pleno). As presenças de Chissano e de Chávez dão uma idéia da dimensão política do Mercosul, mais sólida do que a comercial, pelo menos agora.
O Brasil se empenha no fortalecimento político do bloco, o que acaba por criar uma contradição com seus parceiros, como analisa Francisco Panizza, especialista em América Latina da London School of Economics:
''Hoje, o Mercosul tem mais importância política do que econômica para o Brasil, com vista às negociações da Alca, mas para seus sócios é o contrário. Eles têm necessidade de voltar a entrar no mercado brasileiro para reavivar suas economias em crise''.
Reforça Mahrukh Doctor, pesquisador em economia política internacional do Centro de Estudos Brasileiro da Universidade britânica de Oxford:
''O nó da questão é que o Brasil vê o Mercosul como um veículo estratégico e político para aumentar sua influência e prestígio internacionais, mas seus três parceiros o vêem de maneira mais limitada, como um projeto econômico para sustentar o desenvolvimento''.
Não é o único nó, como aponta Juan Manuel Ramírez Cendrero, especialista da Universidade Complutense de Madri. ''O Mercosul representa uma tentativa de superar o antagonismo entre Brasil e Argentina, o que é ao mesmo tempo uma de suas virtudes e uma de suas debilidades, porque a dinâmica de integração passou a depender em excesso da posição e da situação de cada sócio''.
Como a situação de cada sócio, em especial da Argentina, é hoje precária, desaparece a ''matéria-prima'' da integração, a estabilidade macroeconômica, como a define Moisés Naím, ex-ministro venezuelano, especialista em América Latina do Instituto Carnegie para a Paz Internacional (EUA) e editor da revista ''Foreign Policy''. ''Se se acredita que a Argentina está em uma crise econômica que será prolongada, é baixa a possibilidade de que seja tida como um sócio valioso'', diz Naím.
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