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14/09/2001 - 04h38

FMI e Bird ameaçam cancelar encontro em Washington

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JOSÉ ALAN DIAS
do Painel S.A.

GIULIANO GUANDALINI
da Folha de S.Paulo

O ataque terrorista que destruiu o World Trade Center e parte do Pentágono, na terça, colocou em xeque a reunião anual do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Bird (Banco Mundial). As duas instituições devem anunciar entre hoje e amanhã se mantêm o encontro, marcado para os próximos dias 29 e 30, em Washington.

Uma sessão especial da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre infância, que transcorreria entre os próximos dias 19 e 21, já foi adiada por tempo indeterminado. A sede da ONU fica em Nova York.
Estariam no evento os líderes de 80 países, entre eles o presidente norte-americano, George W. Bush.

O pedido para o cancelamento da sessão anual do FMI e do Bird partiu das próprias autoridades norte-americanas. ""Não creio que é difícil perceber que não é o momento adequado para esse tipo de encontro", disse o chefe de polícia de Washington, Charles Ramsey.

Mesmo antes dos ataques terroristas, a realização do evento na capital
americana já era tida como preocupante. O temor das manifestações antiglobalização fizera com que o Bird e o FMI anunciassem, mês passado, que o encontro anual teria somente dois dias -em vez de se estender por duas semanas, como previsto.

Além desta sessão anual, estava marcada, para o dia 28, uma reunião com os ministros da Economia do G7 (grupo que reúne os sete países mais ricos do mundo).

Ontem pela manhã, o ministro das Finanças da Alemanha, por meio de seu porta-voz, anunciou que ""está virtualmente descartado que os encontros ocorram como planejado". Já um alto funcionário do ministério britânico disse que a decisão precisa ser ponderada. "Não queremos dar um sinal aos terroristas de que eles podem interromper nossas atividades", disse.

A assessoria do FMI informou à Folha que o diretor-gerente do Fundo, Horst Köhler, e o presidente do Banco Mundial, James Wolfehnson, vão se reunir para decidir se mantêm a sessão anual das entidades.O FMI e o Bird promovem assembléias anuais, com a participação de representantes dos membros, desde que foram fundados, logo após a Segunda Guerra Mundial. Neste ano, ministros das pastas econômicas de diretos de bancos centrais de 25 países deveriam ir a Washington.

A eventual decisão do cancelamento esbarra em normas estabelecidas pelas próprias instituições. O estatuto do Bird prevê a realização da sessão anual em que estejam representados os países membros. "Temos 48 horas para definir o que fazer, porque estamos às vésperas do encontro. O que o governo e a polícia de Washington nos informaram é que este não é o momento adequado para a cidade receber esse número de visitantes", disse à Folha Helena Serrano, porta-voz do Bird. "A visão é a de que também não é um bom momento. Mas há problemas legais, nossos estatutos."

Alternativas
De acordo com ela, as definições sobre a reunião precisam passar por aprovação do diretório da entidade ("board") e do governo dos EUA, país que mais injeta recursos no banco (17%). As alternativas, além do cancelamento, seriam: 1) mudar a sede do encontro para outro país; 2) manter a reunião em Washington, mas adiá-la; 3) realizá-la na cidade e datas previstas, com menor número de participantes -o que facilitaria a segurança- ou ainda 4) uma reunião virtual.

De qualquer maneira, o relatório anual do Fundo sobre a economia mundial será distribuído normalmente e divulgado no dia 19. O documento foi elaborado antes dos ataques terroristas, e portanto não deverá conter os possíveis efeitos da tragédia. Mas, de acordo como informações vazadas, ele prevê para este ano um crescimento global menor do que o estimado há cinco meses.

Encontros sob risco
A polícia de Washington se preparava para receber até 100 mil manifestantes. O custo estimado para todo o aparato de segurança era de US$ 30 milhões. Em abril do ano passado, manifestantes entraram em confronto com a polícia nas ruas da cidade durante a sessão anual do Bird e do FMI. Mais de 600 pessoas foram presas.

Segundo Pablo Ortelado, do Centro de Mídia Independente do Brasil, na noite de terça-feira os líderes dos grupos antiglobalização se reuniram para debater as atitudes a serem tomadas. "Houve muita discussão, mas nenhuma definição. Ainda estamos esperando a confirmação do cancelamento do encontro", afirmou.

Segundo ele, os protestos previstos para Washington podem ser suspensos mesmo que o FMI e o Bird decidam ir adiante com a assembléia.

Outro importante encontro de líderes de todo o planeta que deverá ser repensado é o encontro anual da OMC (Organização Mundial de Comércio), marcado para novembro. Ele deve acontecer em Doha, capital do Qatar, no turbulento Oriente Médio.

Antes dos ataques terroristas, reuniões do tipo já estavam sob ameaça, por causa dos violentos protestos que marcaram algumas a maior parte delas nos últimos dois anos. O custo elevado do esquema de segurança pode inviabilizar eventos como a cúpula do G-7. Mais do que partidários contrários à hegemonia das potências capitalistas, o chefes de Estado poderiam enfrentar ataques terroristas.

Leia mais no especial sobre atentados nos EUA

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