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14/09/2001
-
04h39
CLÓVIS ROSSI
colunista da Folha
A 4ª Conferência Ministerial da OMC (Organização Mundial do Comércio) pode ser cancelada, por motivos de segurança. Essa informação circulava ontem no mundo das ONGs (organizações não-governamentais), que se preparam para manifestações de protesto contra a globalização também em Doha, a capital do Qatar, que hospedará a reunião, em princípio destinada a convocar nova e abrangente rodada de negociações comerciais.
A razão do eventual cancelamento: até 9 de novembro, quando a reunião começa, os Estados Unidos já terão promovido algum tipo de retaliação contra algum país islâmico, ainda mais se comprovada a informação do secretário de Estado, Collin Powell, de que o milionário saudita Osama bin Laden é o principal suspeito dos ataques de terça-feira em Nova York e Washington.
A suposição habitual é a de que Bin Laden está escondido no Afeganistão, mas a lista de países muçulmanos acusados de dar apoio ao terrorismo internacional é mais ampla. Inclui pelo menos Iraque, Irã, Líbia, Sudão e setores palestinos.
Se houver a retaliação, seria uma temeridade levar delegados norte-americanos para o Qatar, que também é um país muçulmano, ainda que seja o mais pró-ocidental de todos eles, ao lado da Arábia Saudita.
Oficialmente, nada
Oficialmente, a hipótese de cancelamento da reunião da OMC está afastada.
"Não ouvi nada de minhas autoridades a respeito de cancelamento e não há solicitação oficial até agora dos Estados Unidos", disse à agência Reuters o embaixador do Qatar junto à OMC, Fahad Awaida al-Thani.
Tanto não há nada oficialmente estabelecido que continuam os preparativos para uma segunda miniconferência ministerial, prevista para Cingapura, para tentar eliminar os impasses que amarram a convocação de uma nova rodada mundial.
De todo modo, o desafio de abrigar uma conferência internacional com a participação de delegados (e jornalistas) de 142 países, total de integrantes da OMC, já seria enorme antes mesmo dos atentados de terça-feira e de eventuais retaliações dos EUA.
Já houve fortes críticas de organizações como o Hizbollah ("Partido de Deus"), baseado no Líbano e patrocinado pela Síria e pelo Irã, contra o fato de que Israel participará da reunião.
O Hizbollah, assim como outras organizações islâmicas radicais, quer pura e simplesmente a eliminação do Estado judeu. Parece-lhes intolerável, por isso mesmo, que delegados de Israel pisem um país muçulmano.
Além disso, o Qatar hospeda uma das maiores bases norte-americanas na região do Golfo Pérsico. As forças norte-americanas já estavam em estado de alerta bem antes dos atentados do dia 11 passado. Mais exatamente desde julho, quando houve avisos de "iminentes" ações terroristas.
Por fim, há o fato de que a OMC é um dos principais alvos do movimento global de protesto que transformou a cidade norte-americana de Seattle em um inferno, durante a 3ª Conferência Ministerial, em 1999.
Para o Qatar, a OMC credenciou 647 ONGs, mas algumas das não credenciadas já ameaçam invadir o país usando barcos.
Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
Leia mais sobre os reflexos do terrorismo na economia
OMC pode cancelar reunião marcada em país muçulmano
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A 4ª Conferência Ministerial da OMC (Organização Mundial do Comércio) pode ser cancelada, por motivos de segurança. Essa informação circulava ontem no mundo das ONGs (organizações não-governamentais), que se preparam para manifestações de protesto contra a globalização também em Doha, a capital do Qatar, que hospedará a reunião, em princípio destinada a convocar nova e abrangente rodada de negociações comerciais.
A razão do eventual cancelamento: até 9 de novembro, quando a reunião começa, os Estados Unidos já terão promovido algum tipo de retaliação contra algum país islâmico, ainda mais se comprovada a informação do secretário de Estado, Collin Powell, de que o milionário saudita Osama bin Laden é o principal suspeito dos ataques de terça-feira em Nova York e Washington.
A suposição habitual é a de que Bin Laden está escondido no Afeganistão, mas a lista de países muçulmanos acusados de dar apoio ao terrorismo internacional é mais ampla. Inclui pelo menos Iraque, Irã, Líbia, Sudão e setores palestinos.
Se houver a retaliação, seria uma temeridade levar delegados norte-americanos para o Qatar, que também é um país muçulmano, ainda que seja o mais pró-ocidental de todos eles, ao lado da Arábia Saudita.
Oficialmente, nada
Oficialmente, a hipótese de cancelamento da reunião da OMC está afastada.
"Não ouvi nada de minhas autoridades a respeito de cancelamento e não há solicitação oficial até agora dos Estados Unidos", disse à agência Reuters o embaixador do Qatar junto à OMC, Fahad Awaida al-Thani.
Tanto não há nada oficialmente estabelecido que continuam os preparativos para uma segunda miniconferência ministerial, prevista para Cingapura, para tentar eliminar os impasses que amarram a convocação de uma nova rodada mundial.
De todo modo, o desafio de abrigar uma conferência internacional com a participação de delegados (e jornalistas) de 142 países, total de integrantes da OMC, já seria enorme antes mesmo dos atentados de terça-feira e de eventuais retaliações dos EUA.
Já houve fortes críticas de organizações como o Hizbollah ("Partido de Deus"), baseado no Líbano e patrocinado pela Síria e pelo Irã, contra o fato de que Israel participará da reunião.
O Hizbollah, assim como outras organizações islâmicas radicais, quer pura e simplesmente a eliminação do Estado judeu. Parece-lhes intolerável, por isso mesmo, que delegados de Israel pisem um país muçulmano.
Além disso, o Qatar hospeda uma das maiores bases norte-americanas na região do Golfo Pérsico. As forças norte-americanas já estavam em estado de alerta bem antes dos atentados do dia 11 passado. Mais exatamente desde julho, quando houve avisos de "iminentes" ações terroristas.
Por fim, há o fato de que a OMC é um dos principais alvos do movimento global de protesto que transformou a cidade norte-americana de Seattle em um inferno, durante a 3ª Conferência Ministerial, em 1999.
Para o Qatar, a OMC credenciou 647 ONGs, mas algumas das não credenciadas já ameaçam invadir o país usando barcos.
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