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14/09/2001 - 08h30

BCs injetam US$ 200 bi no mercado

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da Folha de S.Paulo

No segundo dia de movimento dos bancos centrais para acalmar os mercados, o Fed (Federal Reserve, BC norte-americano) liberou ontem um empréstimo de US$ 50 bilhões ao BC Europeu. O dinheiro será usado para que os bancos privados europeus tenham reservas suficientes em dólares para que suas operações são seja afetadas.

O Fed também ampliou ontem os empréstimos com juros menores. Em dois dias, os bancos centrais do G-7 (grupo dos sete mais ricos do mundo) já colocaram cerca de US$ 200 bilhões no sistema financeiro dos países ricos.

Devido ao pânico que tomou conta do mercado financeiro depois dos atentados em solo norte-americano, houve uma fuga generalizada de investimentos de risco (como ações) e procura por dinheiro em espécie. A meta dos BCs é evitar que a falta de liquidez (recursos) provoque a quebradeira de bancos ou que eles limitem seus empréstimos para novos investimentos (o que frearia ainda mais a economia).

Anteontem, o Fed, o BC Europeu (BCE) e o Banco do Japão já haviam colocado no mercado perto de US$ 118 bilhões. Os bancos centrais estão oferecendo também linhas de crédito com juros abaixo dos cobrados normalmente.

Na quarta-feira, o Fed havia posto à disposição dos bancos US$ 38,25 bilhões. Ontem, o Fed aumentou a oferta para US$ 70,2 bilhões, cerca de 20 vezes a média diária (parte em dinheiro novo e parte em recursos que não foram sacados no dia anterior).

O banco central norte-americano usou o recurso de recomprar títulos governamentais em poder do mercado. Os títulos são papéis da dívida do país vendidos para o mercado, que recebe juros. Os títulos têm uma data de vencimento, quando o governo os recompra ou renova. Para injetar dinheiro no mercado, o Fed antecipou a recompra de alguns títulos.

O Fed e o BCE se reuniram para salvaguardar os bancos europeus com negócios nos EUA. Os bancos anunciaram que o BCE terá disponíveis até US$ 50 bilhões. O Fed de Nova York terá uma quantia equivalente em euros.

"O BCE deixará o dinheiro disponível para os bancos nacionais europeus, que o usarão para ajudar bancos comerciais e de investimentos cujas operações tenham sido afetadas", disseram os bancos. A linha expira em 30 dias.

Para economistas, a ação é meramente de precaução. "É perfeitamente possível que nada disso seja usado", disse um investidor.

Foi a primeira vez que bancos centrais agiram de maneira coordenada desde o crash da Bolsa de Nova York de 1987, quando, temendo perdas futuras, investidores se apressaram em vender suas ações.

Em um só dia, 19 de outubro, o índice Dow Jones caiu 22%, criando uma onda de tensão que se espalhou pelos mercados do mundo. Bancos ficaram sem dinheiro disponível para compensar os saques de seus clientes, e os bancos centrais tiveram, como agora, de socorrê-los.

Apesar dos anúncios de todas essas medidas, o dólar continuou a perder valor em relação ao euro, em sinal de nervosismo do mercado. Mais tarde, o vice-presidente do Fed, Roger Ferguson Jr., anunciou que a instituição estaria disposta a aumentar a oferta de dinheiro. Ferguson elogiou o sistema financeiro, dizendo que ele se mostrou muito resistente.

Os bancos europeus receberam com alívio o anúncio do empréstimo do Fed. Um operador britânico declarou que a situação seria acalmada "com toda certeza".
"Agora só temos que decidir se usaremos [o dinheiro]", disse.

O Riksbank, o banco central sueco, tomou uma medida parecida e ofereceu US$ 1 bilhão para bancos do país que precisarem.

Embora estejam cautelosos, os banqueiros dizem ter tido poucas perdas até agora. "Tivemos alguns problemas em negócios com dólares, em grande parte porque os sistemas de alguns bancos em Nova York estiveram fora do ar. Mas situações incertas foram resolvidas e a maior parte das coisas parece estar no lugar", disse o diretor de um banco.

A expectativa na quarta-feira era de que o Banco Central Europeu anunciasse ontem um corte na taxa de juros para incentivar a atividade econômica. O mercado espera _e teme_ que o consumo e o investimento caiam por causa da falta de confiança com o futuro da economia, principalmente nos Estados Unidos.

No entanto ontem não houve cortes dos juros. O BCE justificou a manutenção da taxa dizendo que já está tomando medidas com os outros bancos centrais. Uma dessas medidas era o acordo de US$ 50 bilhões com o Fed.

O membro do conselho do BCE Ernst Welteke declarou que outro acordo financeiro poderia ser fechado hoje.

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