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14/09/2001 - 09h32

''Rastro'' financeiro é pista essencial nas investigações

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FERNANDO RODRIGUES
da Folha Online, em Brasília

Operações financeiras que tenham deixado algum registro são o caminho mais efetivo para encontrar evidências sobre quem são os responsáveis pelos atentados do dia 11.

Qualquer informação pode ser útil. "Operações financeiras com cartões de crédito, cartões de débito automático, transferências interbancárias, saques em dinheiro em bancos ou caixas automáticos, registros de pagamentos ou aluguel de carros, quartos de hotéis, cursos de aviação, facas e casas são elementos vitais" e estão sendo usados pelo governo dos EUA para encontrar pistas, relata a edição de ontem do boletim norte-americano "Money Laundering Alert", especializado em lavagem de dinheiro.

A fase inicial da investigação consiste em coletar dados nos possíveis locais em que os sequestradores dos aviões estiveram. Por exemplo, requerer informações sobre como os alunos de todos os cursos de aviação dos EUA pagaram as mensalidades nos últimos 12 meses. Ou quais foram os clientes das lojas que vendem armas brancas (facas e estiletes que teriam sido usados pelos sequestradores) também nos últimos meses.

Segundo a "Money Laundering Alert", os investigadores também estão vasculhando os "relatórios de atividades suspeitas" que são enviados regularmente pelos bancos ao governo.

Todas as operações acima de US$ 10 mil em dinheiro devem ser comunicadas às autoridades no EUA. Essas operações não são proibidas, mas os registros ficam com as autoridades norte-americanas e podem ser checados.

O governo dos EUA também está solicitando dados a países aliados que tenham legislação semelhante -de registro de operações acima de um determinado valor.

Esse trabalho inicial de coleta de dados é exaustivo e pode demorar semanas ou até meses. Só com um lance de sorte será possível encontrar alguma informação definitiva nos próximos dias.

A supervisão de operações financeiras suspeitas vem sendo discutida há algum tempo nos EUA, mas a implementação de um órgão centralizador de dados está atrasada.

Em 1998 o Congresso dos EUA criou a Comissão Nacional sobre Terrorismo. No ano passado, essa comissão produziu um relatório no qual antecipava a possibilidade de "um ataque contra os EUA na mesma escala do ataque a Pearl Harbor em 1941", diz o boletim "Money Laundering Alert".

O relatório do Congresso dos EUA faz críticas à atuação do FBI (polícia federal do país) no combate ao terrorismo. "O FBI sofre com os obstáculos burocráticos e culturais para obter informações sobre terroristas".

A CIA (a agência responsável pelo serviço secreto dos EUA) também é criticada pelo relatório do Congresso norte-americano. A agência seria muito burocrática "ao recrutar os serviços de informantes clandestinos".

Segundo o relatório, seria necessário flexibilizar as normas existentes na contratação de espiões informais, que mantenham apenas vínculo esporádico com a CIA. Trata-se de uma decisão polêmica, pois a agência é alvo frequente de críticas por ter uma rede de informantes internacionais que às vezes foge ao seu controle.

Outro dado presente no relatório da Comissão Nacional sobre Terrorismo do Congresso dos EUA é sobre a necessidade de uma unidade de identificação de doação de fundos para possíveis grupos terroristas estrangeiros.

A recomendação era para que essa operação fosse coordenada pelo Departamento do Tesouro (o Ministério da Fazenda norte-americano).

A unidade foi criada em criada em maio deste ano e se chama "Foreign Terrorist Asset Tracking Center" (Centro de Identificação de Patrimônio de Terroristas Estrangeiros). Apesar de já existir, esse centro estará operando apenas no final do ano. Atualmente, o FTATC está recrutando pessoal e fazendo acordos de trabalho com outras agências de coleta de dados que existem no país.

Leia mais no especial sobre atentados nos EUA

Leia mais sobre os reflexos do terrorismo na economia

 

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