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23/09/2001
-
08h41
FERNANDO RODRIGUES
enviado da Folha de S.Paulo, a Nova York
Nova York perdeu parte de sua maior qualidade como centro mundial de negócios e finanças: o dinamismo e a rapidez de certas atividades. Para quem é turista e não tem muita preocupação com horários, Nova York está até mais agradável, com menos pessoas no metrô e nos ônibus. Mas quem está aqui a negócios sente a diferença.
A perda de produtividade é dada por especialistas com um dos fatores que devem ajudar a frear, ainda mais, a retomada do crescimento econômico do país. Em Nova York, onde os atentados foram mais sentidos, o custo é maior.
Em resumo, o que está acontecendo é que certas medidas de segurança e de infra-estrutura tornam quase tudo mais lento. A Folha colheu vários exemplos em uma semana na cidade.
Na entrada do edifício do ABN-Amro Bank, na rua 53, uma equipe de seguranças privados foi contratada. Uma fila começa na recepção e vai até a calçada.
"Onde o sr. vai", pergunta o segurança de paletó verde. "Vou ao 37º andar", é a resposta. "Falar com quem e qual o ramal dessa pessoa?", vem a nova pergunta. A pessoa não estava na sala naquele instante. Em resumo, a Folha demorou 25 minutos para conseguir subir até o 37º andar.
Uma dezena de pessoas estava na mesma situação. Trata-se de uma cena mais comum nos grandes edifícios de bancos da região conhecida como "midtown": filas indo até a calçada.
São pessoas que esperam para entrar nos prédios. Com esses novos procedimentos, para chegar na hora de uma entrevista ou encontro de negócios é aconselhável estar no local meia hora antes.
ais lento, mas mais seguro
Numa entrevista telefônica com uma pessoa da Merrill Lynch, um dos maiores bancos de investimento do mundo, a Folha foi surpreendida por uma pergunta inusual nos dias de hoje: "Qual é o seu número de fax?". Motivo: "É que estamos num escritório provisório, e não estamos com o e-mail funcionando".
A Merrill Lynch estava instalada num prédio ao lado do World Trade Center e teve de se mudar. Os exemplos seguem de forma quase infinita. Os caminhões parados nas fronteiras do México e do Canadá têm esperado até 40 horas antes de serem admitidos nos Estados Unidos. Razão: inspeção de segurança.
Empresas que usam o sistema "just-in-time" de entrega estão com atrasos crônicos em suas operações. O pior de tudo é que não há expectativa de melhora nessa área. Em nome da segurança, a praticidade norte-americana está sendo deixada de lado. Será um país mais lento, mas mais seguro -pelo menos, é isso que as autoridades dos Estados Unidos acham.
Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
Leia mais sobre os reflexos do terrorismo na economia
Nova York, quem diria, está devagar
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enviado da Folha de S.Paulo, a Nova York
Nova York perdeu parte de sua maior qualidade como centro mundial de negócios e finanças: o dinamismo e a rapidez de certas atividades. Para quem é turista e não tem muita preocupação com horários, Nova York está até mais agradável, com menos pessoas no metrô e nos ônibus. Mas quem está aqui a negócios sente a diferença.
A perda de produtividade é dada por especialistas com um dos fatores que devem ajudar a frear, ainda mais, a retomada do crescimento econômico do país. Em Nova York, onde os atentados foram mais sentidos, o custo é maior.
Em resumo, o que está acontecendo é que certas medidas de segurança e de infra-estrutura tornam quase tudo mais lento. A Folha colheu vários exemplos em uma semana na cidade.
Na entrada do edifício do ABN-Amro Bank, na rua 53, uma equipe de seguranças privados foi contratada. Uma fila começa na recepção e vai até a calçada.
"Onde o sr. vai", pergunta o segurança de paletó verde. "Vou ao 37º andar", é a resposta. "Falar com quem e qual o ramal dessa pessoa?", vem a nova pergunta. A pessoa não estava na sala naquele instante. Em resumo, a Folha demorou 25 minutos para conseguir subir até o 37º andar.
Uma dezena de pessoas estava na mesma situação. Trata-se de uma cena mais comum nos grandes edifícios de bancos da região conhecida como "midtown": filas indo até a calçada.
São pessoas que esperam para entrar nos prédios. Com esses novos procedimentos, para chegar na hora de uma entrevista ou encontro de negócios é aconselhável estar no local meia hora antes.
ais lento, mas mais seguro
Numa entrevista telefônica com uma pessoa da Merrill Lynch, um dos maiores bancos de investimento do mundo, a Folha foi surpreendida por uma pergunta inusual nos dias de hoje: "Qual é o seu número de fax?". Motivo: "É que estamos num escritório provisório, e não estamos com o e-mail funcionando".
A Merrill Lynch estava instalada num prédio ao lado do World Trade Center e teve de se mudar. Os exemplos seguem de forma quase infinita. Os caminhões parados nas fronteiras do México e do Canadá têm esperado até 40 horas antes de serem admitidos nos Estados Unidos. Razão: inspeção de segurança.
Empresas que usam o sistema "just-in-time" de entrega estão com atrasos crônicos em suas operações. O pior de tudo é que não há expectativa de melhora nessa área. Em nome da segurança, a praticidade norte-americana está sendo deixada de lado. Será um país mais lento, mas mais seguro -pelo menos, é isso que as autoridades dos Estados Unidos acham.
Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
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