Publicidade
Publicidade
24/09/2001
-
08h53
FERNANDO RODRIGUES
da Folha de S.Paulo, em Nova York
Depois de passar pela sua pior semana desde 1933, a Bolsa de Valores de Nova York reabre hoje numa conjuntura de incerteza tão grande quanto a da última segunda-feira.
No dia 17, os mercados voltaram a funcionar pela primeira vez depois dos atentados terroristas do dia 11. Apesar da queda recorde de 1.369,70 pontos (14,26%) em cinco dias, com o índice Dow Jones fechando em 8.235,81 pontos, muitos operadores sentiram até um pouco de alívio.
O desastre poderia ter sido maior se não fosse a ação governamental coordenada pelo presidente George W. Bush. Além de o Congresso norte-americano ter aprovado um pacote de ajuda a companhias aéreas no valor inicial de US$ 15 bilhões, o Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos) reduziu os juros para 3% ao ano.
Outras autoridades monetárias de países ricos seguiram o Federal Reserve e derrubaram suas taxas. O mercado foi inundado de dólares para que não faltasse dinheiro.
A razão da forte queda nos mercados é a incerteza sobre a economia e os efeitos do conflito bélico anunciado por Bush.
Por mais paradoxal que pareça, um ataque militar poderia nos próximos dias ou horas eventualmente fazer os mercados recobrar a confiança.
A lógica dos investidores é simples: enquanto não começa o conflito, ninguém sabe o que pode acontecer e todos apostam no pior. Com algum ataque, que possivelmente será concentrado no Afeganistão, passaria a haver algum consenso sobre a limitação dos efeitos sobre a economia. Nesse caso, os preços dos papéis parariam de cair ou até subiriam.
Como não há possibilidade de prever a data do primeiro ataque, a especulação no mercado deve continuar nesta semana. Para piorar as coisas, será um período concentrado de novos indicadores, mostrando a fragilidade da economia dos EUA.
Amanhã é um dia importante: será divulgado o índice de confiança dos consumidores norte-americanos, resultado de pesquisa mensal do Conference Board, um instituto de Nova York.
O levantamento é realizado em cerca de 5.000 domicílios do país. Trata-se de um dos mais abrangentes e confiáveis indicadores sobre o humor econômico dos norte-americanos, num país em que o consumo responde por dois terços do PIB (Produto Interno Bruto, soma de todas as riquezas produzidas em um ano).
O índice de confiança do consumidor já terá captado o efeito dos atentados do dia 11.
Na semana passada, o Conference Board havia divulgado uma espécie de preliminar do que pode ser o número de amanhã. Cerca de metade dos norte-americanos acredita que as ações terroristas empurrarão o país para uma recessão.
Preocupado, o presidente George W. Bush fez um pronunciamento no sábado dizendo que a economia foi atingida, mas que vai se recuperar. O discurso foi apenas retórico, pois Bush não apresentou nenhuma medida que esteja para tomar no sentido de revitalizar os negócios do país.
Outro dado relevante é o número revisado do PIB norte-americano para o segundo trimestre. A taxa já divulgada foi de 0,2% de crescimento (anualizado). É possível que esse percentual seja agora, com o novo cálculo, jogado um pouco mais para baixo. A cifra definitiva sai na sexta-feira.
Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
Leia mais sobre os reflexos do terrorismo na economia
Índices definem rumo da Bolsa de Nova York nesta semana
Publicidade
da Folha de S.Paulo, em Nova York
Depois de passar pela sua pior semana desde 1933, a Bolsa de Valores de Nova York reabre hoje numa conjuntura de incerteza tão grande quanto a da última segunda-feira.
No dia 17, os mercados voltaram a funcionar pela primeira vez depois dos atentados terroristas do dia 11. Apesar da queda recorde de 1.369,70 pontos (14,26%) em cinco dias, com o índice Dow Jones fechando em 8.235,81 pontos, muitos operadores sentiram até um pouco de alívio.
O desastre poderia ter sido maior se não fosse a ação governamental coordenada pelo presidente George W. Bush. Além de o Congresso norte-americano ter aprovado um pacote de ajuda a companhias aéreas no valor inicial de US$ 15 bilhões, o Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos) reduziu os juros para 3% ao ano.
Outras autoridades monetárias de países ricos seguiram o Federal Reserve e derrubaram suas taxas. O mercado foi inundado de dólares para que não faltasse dinheiro.
A razão da forte queda nos mercados é a incerteza sobre a economia e os efeitos do conflito bélico anunciado por Bush.
Por mais paradoxal que pareça, um ataque militar poderia nos próximos dias ou horas eventualmente fazer os mercados recobrar a confiança.
A lógica dos investidores é simples: enquanto não começa o conflito, ninguém sabe o que pode acontecer e todos apostam no pior. Com algum ataque, que possivelmente será concentrado no Afeganistão, passaria a haver algum consenso sobre a limitação dos efeitos sobre a economia. Nesse caso, os preços dos papéis parariam de cair ou até subiriam.
Como não há possibilidade de prever a data do primeiro ataque, a especulação no mercado deve continuar nesta semana. Para piorar as coisas, será um período concentrado de novos indicadores, mostrando a fragilidade da economia dos EUA.
Amanhã é um dia importante: será divulgado o índice de confiança dos consumidores norte-americanos, resultado de pesquisa mensal do Conference Board, um instituto de Nova York.
O levantamento é realizado em cerca de 5.000 domicílios do país. Trata-se de um dos mais abrangentes e confiáveis indicadores sobre o humor econômico dos norte-americanos, num país em que o consumo responde por dois terços do PIB (Produto Interno Bruto, soma de todas as riquezas produzidas em um ano).
O índice de confiança do consumidor já terá captado o efeito dos atentados do dia 11.
Na semana passada, o Conference Board havia divulgado uma espécie de preliminar do que pode ser o número de amanhã. Cerca de metade dos norte-americanos acredita que as ações terroristas empurrarão o país para uma recessão.
Preocupado, o presidente George W. Bush fez um pronunciamento no sábado dizendo que a economia foi atingida, mas que vai se recuperar. O discurso foi apenas retórico, pois Bush não apresentou nenhuma medida que esteja para tomar no sentido de revitalizar os negócios do país.
Outro dado relevante é o número revisado do PIB norte-americano para o segundo trimestre. A taxa já divulgada foi de 0,2% de crescimento (anualizado). É possível que esse percentual seja agora, com o novo cálculo, jogado um pouco mais para baixo. A cifra definitiva sai na sexta-feira.
Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
Leia mais sobre os reflexos do terrorismo na economia
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
- Por que empresa proíbe caminhões de virar à esquerda - e economiza milhões
- Megarricos buscam refúgio na Nova Zelândia contra colapso capitalista
- Com 12 suítes e 5 bares, casa mais cara à venda nos EUA custa US$ 250 mi
- Produção industrial só cresceu no Pará em 2016, diz IBGE
+ Comentadas
- Programa vai reduzir tempo gasto para pagar impostos, diz Meirelles
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
+ EnviadasÍndice