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24/09/2001 - 09h01

Papéis brasileiros chegam a cair 50% em Nova York

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SILVANA MAUTONE
da Folha de S.Paulo

Várias ações de empresas brasileiras negociadas nos Estados Unidos, por meio de ADRs (American Depositary Receipts), levaram um forte baque na semana passada, quando foi reaberto o mercado norte-americano após os atentados terroristas que atingiram as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, e o Pentágono, em Washington, no último dia 11.

Um claro exemplo é a ação da Embraer, que até a última quinta-feira acumulava queda, em dólar, de 50,27%. Isso significa que, apenas para voltar ao preço que detinha no dia anterior ao atentado, ela precisa agora apresentar valorização de 100%.

Outros papéis, como Embratel Participações, Globo Cabo, Telemig Celular Participações e Telesp Celular Participações perderam mais de 20% no período.

Segundo Fábio Gheilerman, chefe de mesa de operações para a América Latina do JP Morgan, em Nova York, os papéis das empresas brasileiras estão entre os que mais sofrem com a decisão dos investidores de diminuir suas posições em renda variável.

"As ações das empresas de telefonia, que subiram muito nos últimos anos e têm mais liquidez, são as que mais sentem esse impacto", diz.

Ainda de acordo com Gheilerman, muitos investidores, a partir do segundo trimestre deste ano, passaram a vender os papéis brasileiros para comprar ações mexicanas. "E essa tendência deve continuar", diz.

Para Gheilerman, o momento agora é de abandonar o aspecto emocional, que vigorou após os ataques terroristas, e de retomar os pontos fundamentais que afetam as ações. Leia-se, no caso dos papéis brasileiros, a situação da crise argentina e a política de alta dos juros adotada pelo governo brasileiro.

O analista Marcos Fritzen, da corretora Geração, realiza um acompanhamento periódico sobre as negociações de ADRs de empresas brasileiras.

Segundo ele, ao longo deste ano, tem voltado a crescer a participação de negócios na Bovespa das empresas que também estão presentes no mercado acionário norte-americano.

"No final do ano passado, cerca de 55% dos negócios eram feitos na Bovespa e 45%, nas Bolsas de Nova York. Hoje, quase 60% dos negócios são realizados na Bolsa paulista", diz.

A explicação está no desinteresse do investidor norte-americano pelos papéis de empresas estrangeiras. No ano passado, esses papéis representaram 10,32% do volume negociado na Bolsa de Nova York. Em julho, esse percentual havia recuado para 6,72%.

"Os negócios com ações de empresas não-americanas recuou de US$ 4,3 bilhões no final do ano passado para US$ 2,6 bilhões em julho", diz Fritzen.

Como consequência, afirma, esses papéis acabam perdendo parte da liquidez que tinham, inclusive no mercado interno, já que a procura nos EUA influencia também os preços no mercado local (é a chamada arbitragem).

Mas o analista adverte que os papéis das empresas que possuem ADRs serão também os primeiros a se beneficiar quando ocorrer a recuperação, apesar de ninguém arriscar dizer quando isso deve ocorrer.

Segundo Ivan Clark, da PricewaterhouseCoopers, que faz toda a preparação legal e contábil para uma empresa ser listada nas Bolsas norte-americanas, não tem diminuído o interesse das empresas brasileiras em lançar ADRs.

"Há empresas que podem até adiar o início das negociações em Bolsa, afinal, não vale a pena vender parte da empresa a um preço muito baixo, mas elas querem estar com tudo pronto para quando o mercado reagir", diz.

Na opinião de Clark, caso o mercado norte-americano não apresente recuperação até o feriado de Ação de Graças, que é comemorado na terceira quinta-feira de novembro, uma nova oportunidade só deverá ocorrer em janeiro.

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