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Crise é problema dos EUA e de bancos americanos, diz Lula
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da Folha de S.Paulo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que as reservas internacionais do país são um motivo para "ficar tranqüilo" e descartou ontem que as turbulências provocadas pela crise das hipotecas do mercado imobiliário norte-americano terminem por contagiar a economia brasileira. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, porém, acabou admitindo, pela primeira vez, que a crise pode afetar o crescimento mundial.
"Quem tem um colchão de US$ 160 bilhões pode ficar tranqüilo. Quem precisa ficar preocupado são os bancos americanos, que investiram em fundos imobiliários", disse Lula a jornalistas, logo após almoço em homenagem ao presidente do Benin, Yayi Boni.
Mesmo diante de tanta incerteza nos mercados internacionais, Lula foi categórico: "Não estou preocupado, não vamos ser afetados. Isso é problema dos Estados Unidos e dos bancos americanos."
Minutos antes do almoço, Lula disse que "a economia brasileira vive um momento de tranqüilidade enorme, não precisou nenhum ministro correr para Washington ou Nova York", em referência a crises anteriores, nas quais o governo precisava de ajuda do FMI (Fundo Monetário Internacional) e bancos dos EUA.
O presidente afirmou, ainda, que "a turbulência americana não vai causar problemas ao Brasil". Lula adotou essa certeza depois de se reunir com Mantega, anteontem à tarde.
No encontro, narrado por Lula ontem, o ministro explicou que há um fluxo positivo diário de dólares no país e ressaltou a solidez das reservas internacionais, que hoje beiram os US$ 160 bilhões citados por Lula durante a entrevista.
Lula ratificou que o governo não pretende interferir no câmbio. "O importante aqui é que o dólar vai se ajustando à medida que a economia vai exigindo mudanças, por isso que ele é flutuante." Ontem, o dólar voltou a subir e rompeu a barreira dos R$ 2,00.
Mantega
O ministro Mantega também tentou manter o discurso de que a crise financeira não deve afetar o Brasil, mas reconheceu que a turbulência pode afetar o crescimento da economia global.
"Poderá haver uma desaceleração da economia mundial, e poderá haver uma alteração no preço das commodities, por exemplo. Mas tudo o que está havendo neste momento são movimentos de curto prazo, não dá para dizer que são permanentes", afirmou.
O ministro disse, ainda, que a crise mostra que países emergentes podem se considerar em situação de igualdade na comparação com nações avançadas. "Estamos todos no mesmo barco. Ninguém [dos emergentes] foi atrás do FMI para buscar ajuda", diz. "Não ouvi falar de problemas na China, na Índia ou no Brasil."
Ele também pediu mais critério para os analistas: disse que a situação do sistema financeiro dos países afetados não deve ser generalizada. "Não é todo mundo que está bichado ou todas as empresas estejam em dificuldade", disse. Mantega defende que a turbulência estaria restrita ao setor imobiliário dos EUA.
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