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15/10/2001 - 08h42

Recompra de ações pode ser sinal de bom negócio

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PAULA PAVON
da Folha de S.Paulo

O baixo preço das ações em Bolsa tem levado mais empresas a anunciarem a recompra de seus papéis. Em setembro, por exemplo, os três maiores bancos privados, Bradesco, Unibanco e Itaú, anunciaram a recompra de suas ações na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo).

Especialistas do mercado dizem que é muito comum as empresas anunciarem a recompra de suas ações quando o mercado está em baixa. A recompra é uma forma de a empresa tentar elevar a cotação do papel no mercado.

Após o atentado nos EUA, no dia 11/9, a SEC (Securities and Exchange Commission), a comissão de valores mobiliários americana, permitiu que as empresas dos EUA recomprassem suas ações sem aviso prévio, como forma de estimular o mercado de Bolsa.

"A empresa recompra as ações hoje por um preço baixo porque aposta que as ações estão depreciadas e vão subir no médio prazo", explica Aloisio Lemos, analista da Lopes Filho Consultores e Associados. "Quando achar que o preço já subiu o bastante, vende e ganha a diferença", afirma.

Em alguns casos, a empresa nem chega a recomprar as ações. Só o anúncio já provoca um efeito psicológico no mercado que faz com que os papéis subam. Foi o que aconteceu com a empresa VCP (Votarantim Camargo e Corrêa) no mês passado.

"Anunciamos a recompra porque achamos que o preço da ação estava muito baixo, mas nem foi preciso exercer o direito de compra. As ações subiram rapidamente", diz Valdir Roque, diretor de relações com investidores da VCP. No início de setembro, quando foi anunciada a recompra, as ações PN da VCP valiam R$ 56,57. Na última quinta-feira, fecharam cotadas em R$ 71,90.

O Unibanco anunciou a recompra de suas ações na segunda quinzena de setembro. "Já fizemos uma parte da recompra, mas não posso dizer quanto. Estamos aproveitando o momento do mercado para mantê-las em tesouraria", diz Fernando Santoro, diretor de planejamento do Unibanco.

Santoro afirma que o banco ainda não definiu o que fará com as ações no futuro. "Podemos devolvê-las ao mercado ou cancelá-las", diz. O Bradesco, que também anunciou a recompra de suas ações, não deixa claro no comunicado oficial o que pretende fazer com os papéis.

Gregório Mancebo Rodriguez, diretor de "corporate" da Socopa, diz que, quando a empresa recompra as ações para depois cancelá-las, os investidores perdem. "Se a empresa faz isso com frequência, ela vai tirando a liquidez da ação no mercado e pode até fechar o capital", diz.

Fábio Menkes, gerente de desenvolvimento de regulação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), admite que a empresa, ao recomprar as ações, retira liquidez do mercado, mas ele acha difícil que ela venha a fechar o capital por meio da recompra de ações. "A empresa só pode ter em tesouraria até 10% das ações que estão em circulação", justifica.

A dica de Angelo Larozi, analista da Souza Barros, no entanto, é que o investidor fique atento ao anúncio da empresa. "Se a companhia já não tem muita liquidez e faz anúncio de recompra a todo momento, é bom o investidor desconfiar e se desfazer do papel."

Se a intenção da empresa de devolver as ações ao mercado é clara, vale a pena o investidor manter os seus papéis em mãos. "A valorização da empresa quando a mesma compra seus papéis é praticamente certa", diz Larozi. "Pode até acontecer de o preço não subir, mas também não cairá."

Para ele, quando uma companhia compra suas ações, dá um claro sinal de que aposta no crescimento do seu negócio. "Além disso, é mais do que uma mostra de que ela considera que a sua cotação está, de fato, subavaliada e que é hora de entrar em Bolsa."

 

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