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15/10/2001 - 09h19

Proteja seu patrimônio do tiroteio e mantenha cautela

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da Folha de S.Paulo

A complexidade do cenário externo e seus reflexos na economia do país recomendam muita cautela, dizem os analistas. Mauro Halfeld, consultor e professor de economia da Universidade Federal do Paraná, é categórico: "Tenha juízo. Corte gastos, liquide suas dívidas e evite outras novas."

Isso porque, segundo ele, os juros podem subir como forma de o governo atrair dinheiro de curto prazo do exterior para equilibrar suas contas e desestimular aplicações em dólar.

O consultor recomenda manter reservas de emergência, para servir de colchão em caso de perda de emprego, e diversificar as aplicações financeiras.

Quem já fez essa lição de casa não se abalou com o início da guerra no Afeganistão. É o caso do engenheiro Johannes Stivi, 55, que reviu completamente seus gastos e investimentos neste ano por conta da sucessão de crises. Mudei tudo", afirma. Ele tirou dinheiro aplicado no banco e comprou um apartamento, que já alugou, e um carro. "O dinheiro estava rendendo muito pouco."

Stivi também procurou reduzir suas despesas mensais. Trocou o serviço de TV a cabo _optou por um pacote mais barato_, cortou a assinatura de publicações e reduziu em 30% os gastos com supermercado.

Para Carlos Otero, diretor de renda fixa da Bram (Bradesco Asset Management), conservadorismo é a palavra chave para quem tem dinheiro para aplicar.
Segundo Otero, não é hora de ficar trocando de aplicação. "Se você estiver confortável em um fundo de investimento, não precisa sair", diz. "Nesse momento, os DI são a melhor opção."

Esses fundos têm sua carteira concentrada em títulos públicos federais e carregam também uma pequena parcela de títulos do setor privado. Sua remuneração é dada pela taxa do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que é a média dos juros praticados entre os bancos.

O ex-presidente do Banco Central e sócio da consultoria Tendências Gustavo Loyola também considera os fundos DI o porto mais seguro para os pequenos e médios investidores. "Não se pode descartar que o BC venha a subir os juros numa situação extrema de risco", diz Loyola.

O risco extremo poderia vir pelas mãos dos vizinhos argentinos, com uma moratória da dívida. "No curto prazo, a Argentina é o nosso maior risco", acrescenta.

Outro que recomenda cautela é o diretor de renda variável da Gap Asset Management, Carlos Camacho. "Ainda não é hora de sair de fundos de renda fixa e derivativos conservadores (que aplicam em títulos federais e um pouco em juros futuros, câmbio e Bolsa)." Ele não recomenda aplicações em dólar nem em ações. "A Bolsa é muito sensível ao cenário atual, e o câmbio já subiu muito, mas não vai recuar."

O economista Antônio Corrêa de Lacerda, presidente da Sobeet (Sociedade Brasileira para Estudos de Empresas Transacionais e de Globalização Econômica), recomenda que o investidor fique em renda fixa e aguarde os desdobramentos da guerra.

"Se o conflito se intensificar e se espalhar para outros países árabes, afetará o preço do petróleo e pressionará a inflação interna e a balança comercial", diz ele.

Hoje, o mercado trabalha com uma projeção de saldo comercial de US$ 870 milhões neste ano. Uma crise do petróleo derrubaria a única projeção otimista sobre as contas brasileiras.

Para Halfeld, porém, o investidor deve evitar a concentração de seus recursos em uma única aplicação. "As taxas reais (descontada a inflação) do CDI, que remuneram os fundos DI, estão muito altas. Será impossível mantê-las nesse patamar por muito mais tempo", alerta.

Hoje, a taxa média do CDI é de 16% ao ano, descontada a inflação, enquanto os juros reais pagos pelos títulos do Tesouro americano são de 2% os de para 30 anos.

Por considerar que taxas reais muito altas embutem um risco no longo prazo, Halfeld propõe que o investidor aplique no máximo 30% dos seus recursos em fundos DI e distribua o restante em ativos como ouro, ações e imóveis pequenos que possam ser comprados à vista.

De acordo com os analistas, cresceu a busca pelos chamados ativos reais nas últimas semanas. "Em cenários conturbados, as pessoas buscam bens tangíveis, em que possam tocar", diz Fábio Nogueira, diretor da companhia hipotecária Brazilian Mortgages, que estrutura fundos de investimento imobiliário.

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