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17/10/2001
-
08h48
LÁSZLÓ VARGA
da Folha de S.Paulo
Os hotéis na Grande São Paulo começam a registar os efeitos de uma grave crise nos negócios, algo que os analistas previam que aconteceria somente nos próximos anos.
O medo dos executivos de viajar de avião após os atentados aos EUA somou-se ao desaquecimento econômico, e o resultado é que alguns hotéis estão com apenas 30% dos quartos ocupados, índice abaixo dos 35% necessários para darem lucro.
Ao contrário de outros setores da economia, que prevêem recuperação das vendas em 2002, a hotelaria de negócios nos grandes centros não terá uma saída fácil a curto e médio prazos.
"O que aconteceu foi que nos últimos três anos a oferta de quartos em São Paulo dobrou, e atingiu 30 mil unidades. E não houve uma resposta na mesma proporção por parte dos turistas", afirmou ontem o presidente da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (Abih), Herculano Iglesias.
A situação ficará muito mais complicada até 2005, quando a região deverá alcançar o índice de 50 mil quartos. O diretor-geral do grupo Accor no Brasil, Roland de Bonadona, considerou que a febre de construção de hotéis que tomou conta da cidade tem um destino certo: a quebradeira. "Até 1995, faltavam hotéis em São Paulo.
As incorporadoras e as redes hoteleiras decidiram então investir na região. O resultado é um boom insustentável".
A previsão dos analistas é de que em breve haverá uma guerra de tarifas, para depois ocorrer a falência de empreendimentos. Iglesias culpa principalmente as construtoras pelo excesso de empreendimentos. "Elas descobriram um nicho muito mais fácil de vender para os investidores, em vez de prédios residenciais."
Segundo Iglesias, as incorporadoras têm garantido rentabilidade de 1,4% para quem compra um quarto de hotel. "O retorno de fato fica em torno da renda da poupança, por volta de 0,8% ao mês."
O ramo de hotelaria no Brasil movimenta cerca de R$ 10 bilhões por ano. O centro dos atuais problemas é São Paulo, mas Curitiba e Belo Horizonte já sentem os efeitos do excesso de quartos. Já cidades do Nordeste, como Salvador, ou Angra dos Reis, no litoral fluminense, festejam o número recorde de turistas, que preferem ficar no Brasil em vez de pagar mais para viajar ao exterior. E ficar longe dos conflitos da guerra contra o terrorismo.
"Tivemos ocupação de 100% no último feriado nos nossos hotéis na Bahia e no Rio de Janeiro, que também já estão lotados para o final do ano", disse a presidente da rede Blue Tree, Chieko Aoki. A empresária admite que o quadro não é muito animador em São Paulo. "Existe um excesso de hotéis. Mas não vou admitir que um quarto acabe se tornando uma commodity", desabafa.
Para evitar a redução de preços, a empresária defende que as redes adotem uma estratégia que inclua não apenas preços mais em conta, mas também outros atrativos, como festivais gastronômicos.
Para o presidente mundial da consultoria em hotéis HVS, Stephen Rushmore, o Brasil tem uma grande chance nos próximos anos de atrair turistas dos Estados Unidos e da Europa. "Até setembro de 2002, praticamente nenhum turista norte-americano deixará seu país. Depois, eles irão buscar a América do Sul, que está bem longe dos conflitos."
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Os hotéis na Grande São Paulo começam a registar os efeitos de uma grave crise nos negócios, algo que os analistas previam que aconteceria somente nos próximos anos.
O medo dos executivos de viajar de avião após os atentados aos EUA somou-se ao desaquecimento econômico, e o resultado é que alguns hotéis estão com apenas 30% dos quartos ocupados, índice abaixo dos 35% necessários para darem lucro.
Ao contrário de outros setores da economia, que prevêem recuperação das vendas em 2002, a hotelaria de negócios nos grandes centros não terá uma saída fácil a curto e médio prazos.
"O que aconteceu foi que nos últimos três anos a oferta de quartos em São Paulo dobrou, e atingiu 30 mil unidades. E não houve uma resposta na mesma proporção por parte dos turistas", afirmou ontem o presidente da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (Abih), Herculano Iglesias.
A situação ficará muito mais complicada até 2005, quando a região deverá alcançar o índice de 50 mil quartos. O diretor-geral do grupo Accor no Brasil, Roland de Bonadona, considerou que a febre de construção de hotéis que tomou conta da cidade tem um destino certo: a quebradeira. "Até 1995, faltavam hotéis em São Paulo.
As incorporadoras e as redes hoteleiras decidiram então investir na região. O resultado é um boom insustentável".
A previsão dos analistas é de que em breve haverá uma guerra de tarifas, para depois ocorrer a falência de empreendimentos. Iglesias culpa principalmente as construtoras pelo excesso de empreendimentos. "Elas descobriram um nicho muito mais fácil de vender para os investidores, em vez de prédios residenciais."
Segundo Iglesias, as incorporadoras têm garantido rentabilidade de 1,4% para quem compra um quarto de hotel. "O retorno de fato fica em torno da renda da poupança, por volta de 0,8% ao mês."
O ramo de hotelaria no Brasil movimenta cerca de R$ 10 bilhões por ano. O centro dos atuais problemas é São Paulo, mas Curitiba e Belo Horizonte já sentem os efeitos do excesso de quartos. Já cidades do Nordeste, como Salvador, ou Angra dos Reis, no litoral fluminense, festejam o número recorde de turistas, que preferem ficar no Brasil em vez de pagar mais para viajar ao exterior. E ficar longe dos conflitos da guerra contra o terrorismo.
"Tivemos ocupação de 100% no último feriado nos nossos hotéis na Bahia e no Rio de Janeiro, que também já estão lotados para o final do ano", disse a presidente da rede Blue Tree, Chieko Aoki. A empresária admite que o quadro não é muito animador em São Paulo. "Existe um excesso de hotéis. Mas não vou admitir que um quarto acabe se tornando uma commodity", desabafa.
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