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08/11/2007 - 09h38

Bancos suíços dirigiam doleiros, diz Polícia Federal

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MARIO CESAR CARVALHO
da Folha de S.Paulo

Os bancos suíços UBS, AIG Private Bank, Clariden e Credit Suisse comandavam os doleiros que faziam remessas ilegais para seus clientes, segundo a investigação da Polícia Federal que resultou na prisão de três executivos dessas instituições. Também foram presos cinco doleiros e 11 empresários sob a acusação de usar o suposto esquema dos bancos para enviar recursos para a Suíça.

A PF reuniu dois tipos de evidências na Operação Kaspar 2 para apontar que eram os bancos o elo mais forte dessa corrente: 1) O escritório de "private banking" do Credit Suisse, que só trata com clientes de altíssimo poder aquisitivo, reuniu brasileiros em Punta del Este, no Uruguai, no final do ano passado para apresentá-los à doleira Claudine Spiero; 2) As conversas telefônicas interceptadas pela PF com autorização judicial mostram os executivos dos bancos negociando remessas com doleiros.

A assessoria do Credit em Nova York diz que essas reuniões nunca ocorreram.

A interpretação da PF é que o doleiro era só um instrumento para o banco receber recursos. Quem comanda a remessa, nessa visão, é o banco. Era uma via de mão dupla. Quando o cliente precisava de dinheiro no Brasil, o banco indicava o doleiro para trazer os valores.

A reunião dos clientes do Credit Suisse com a doleira teria ocorrido cerca de seis meses depois de a PF ter prendido o economista suíço Peter Schaffner no aeroporto de Cumbica, quando tentava fugir do país, segundo a versão da polícia. Schaffner é apontado como o supervisor dos negócios do Credit no país. Ele foi preso no dia 22 de março do ano passado e só foi liberado cerca de cinco meses depois.

Remessas continuaram

À época, o escritório de "private banking" do Credit Suisse em Nova York informou que o banco colaboraria com as investigações da PF. Não foi o que ocorreu, de acordo com a PF.

O banco suíço manteve a rotina de abrir contas na Suíça para brasileiros em seu escritório na avenida Faria Lima, na zona oeste de São Paulo. Para a polícia, as contas são ilegais porque o escritório de 'private' do Credit não tem autorização para atuar como banco no Brasil, mas apenas como escritório de representação.

Houve uma pequena mudança, na visão da PF: o Credit trocou o doleiro Marco Antonio Cursini por Claudine Spiero, presa anteontem.

Telefonemas de Claudine gravados pela PF mostram que ela diz ter feito remessas para o Credit até setembro deste ano.

Numa ligação de 26 de setembro deste ano, Claudine fala com o executivo suíço Luc Marc de Pensas, do UBS, também preso pela PF. Num trecho do diálogo, obtido pela Folha, a suposta doleira diz o seguinte: "Eu encerrei um contrato com o Credit faz três semanas. E estou tirando todo mundo de lá".

A polícia interpreta a frase 'estou tirando todo mundo de lá' como uma retaliação da suposta doleira contra o Credit. O banco rompeu os negócios com Claudine, o que a deixou furiosa, por razões que a polícia não conseguiu apurar.

Como retaliação, Caudine diz nos telefonemas monitorados que vai levar parte dos clientes para o UBS. As conversas entre a suposta doleira e o executivo do UBS preso mostram que a retaliação aparentemente ocorreu.

As conversas entre Claudine e De Pensas são claríssimas. Eles falam abertamente sobre dólares e remessas.

O mesmo tipo de conversa ocorria entre Claudine e outros dois executivos presos anteontem: Magda Maria Malvão Portugal, do AIG Private Bank, e Reto Buzzi, do Clariden.

O Credit é um dos donos do Clariden, criado há 519 anos.

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