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01/11/2001 - 15h43

Indicadores reforçam apostas de recessão nos EUA

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MICHEL BLANCO
da Folha Online

Os indicadores econômicos divulgados nesta semana nos EUA -atividade industrial, PIB, pedidos de auxílio-desemprego e gastos com consumo- reforçam as apostas de que o impacto do atentados do 11 de setembro começa a precipitar o país na recessão.

A atividade industrial, por exemplo, encolheu ainda mais em outubro. O índice NAPM (sigla em inglês para Associação Nacional dos Gerentes de Compra), divulgado nesta tarde, ficou em 39,8 pontos no mês passado, após ter registrado 47 pontos em setembro.

Com esse resultado, a indústria norte-americana amarga o pior desempenho desde a recessão de 1990-1991, abatida pela queda nos gastos dos consumidores.

O NAPM de outubro é ainda muito pior do que o esperado em Wall Street, onde analistas previam que o indicador ficasse em 44,5 pontos. Qualquer leitura abaixo dos 50 pontos significa contração do setor manufatureiro.

Consumo Retraído
Os gastos dos consumidores norte-americanos tiveram em setembro a maior queda em quase 15 anos, refletindo os efeitos negativos dos atentados terroristas em uma economia já desaquecida.

Segundo dados divulgados nesta manhã pelo Departamento do Comércio, os gastos dos norte-americanos recuaram 1,8%, a maior queda desde janeiro de 1987. A expectativa média dos analistas era de baixa de 1%. No mês anterior, os gastos registraram crescimento de 0,3% (dado revisado).

E a tendência de queda nos gastos dos consumidores pode se estender por alguns meses, como sinalizou o índice de confiança do Conference Board. Divulgado na terça-feira passada, o indicador caiu para 85,5 pontos em outubro, nível mais baixo dos últimos sete anos e meio.

A confiança do consumidor está vinculada aos gastos, que correspondem a dois terços do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA.

Desemprego
Na terceira semana de outubro, o número total de trabalhadores que se beneficiam do seguro-desemprego cresceu para 3,69 milhões, patamar mais elevado em 18 anos e meio.

O número de pedidos de auxílio-desemprego, outro indicador divulgado nesta manhã, caiu em 10 mil na semana encerrada em 27 de outubro, somando um total de 499 mil. No entanto, o total superou a estimativa dos analistas, que era de 498 mil.

Nesta sexta, o Departamento do Trabalho divulga a taxa de desemprego em outubro, cuja projeção média dos analista é de crescimento para 5,1%. Em setembro, a taxa de desemprego foi de 4,9%.

Alívio
Enquanto há crescentes sinais de que a economia dos EUA se aproxima da recessão, alguns dados apontam para perspectivas não tão dramáticas.

Embora a economia tenha tido no terceiro trimestre o pior desempenho dos últimos dez ano, o PIB (Produto Interno Bruto) surpreendeu analistas. Não por ter encolhido, o que já era altamente previsível, mas porque a notícia foi menos negativa do que o esperado. Aliás, trouxe até uma dose de alívio e certo otimismo para os investidores.

De julho a setembro, a soma de todas as riquezas produzidas no país ficou em -0,4%, enquanto a expectativa média apontava queda de 1%. Desde a recessão de 1991, a economia só havia retraído no primeiro trimestre de 1993.

Aos analistas, resta saber se haverá uma ligeira recuperação até o final do ano ou se, no último trimestre, ocorrerá nova queda no PIB, hipótese mais provável e que caracterizaria uma recessão. O recuo de 0,4% ainda é preliminar do Departamento de Comércio, e pode ser ser revisado pelo Departamento do Comércio.

É importante observar que o PIB do terceiro trimestre foi apenas marginalmente afetado pela deterioração da confiança do consumidor ocorrida após o 11 de setembro, o que faz supor que os dados dos últimos três meses do ano deverão mostrar desaceleração adicional.

Estímulo
Desde o início do ano, o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) já cortou a taxa básica dos juros nove vezes. Hoje, os juros estão em 2,5% ao ano, o menor nível dos últimos 39 anos.

Mas os efeitos da agressiva política monetária do Fed só deverão
começar a se tornar visíveis a partir de meados do próximo ano. O BC dos EUA se reúne mais uma vez na próxima terça-feira (6) para novamente discutir os juros.

O resultado do PIB do terceiro trimestre, embora não mude a percepção da maior parte dos analistas de que a economia deverá enfrentar uma recessão pelos próximos trimestres, reforça as apostas de mais um corte de pelo menos 0,25 ponto percentual nos juros.


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