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30/12/2007 - 10h18

País deve abrir 2,5 milhões de vagas em 2008

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FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
da Folha de S.Paulo

Se a economia brasileira começar 2008 com desempenho no mínimo igual ao deste ano, é razoável estimar a criação de até 2,5 milhões de empregos formais e informais no país no ano que vem, segundo economistas consultados pela Folha.

O número é inferior ao que especialistas estimam para este ano: a criação de 2,7 milhões de empregos formais e informais, mesmo nível de 2004. Mas, ainda assim, consideram esse número surpreendente.

"A criação de cerca de 2,5 milhões de empregos em 2008 é compatível com o crescimento da economia previsto para o ano que vem, entre 5% e 5,5%", afirma Marcio Pochmann, presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

"A criação de empregos deve bater recorde em 2007. Se o país criar mais 2,5 milhões de empregos em 2008, o que seria manter a média dos últimos quatro anos, seria surpreendente", diz Marcelo Neri, economista-chefe do Centro de Políticas Sociais da FGV (Fundação Getulio Vargas).

Os milhões de empregos possíveis de serem criados estão baseados principalmente nos investimentos previstos em infra-estrutura (saneamento), construção civil pesada e habitacional, estradas, hidrelétricas e em indústrias para aumentar capacidade de produção.

"Haverá eleições municipais em 2008. É bem provável que as prefeituras aumentem os investimentos em obras públicas e em mão-de-obra", diz Clemente Ganz Lúcio, diretor do Dieese em São Paulo. "Deve ser um ano com crescimento de emprego em todos os setores."

Piores momentos

De 1997 a 2005, o mercado de trabalho no Brasil registrou um dos seus piores momentos, com redução real de salários. Desde 2004 o emprego e também a renda do trabalhador vêm se recuperando. "O emprego já se recuperou, e a renda, ainda não", afirma Neri.

Em 2004, foram criados 2,7 milhões de empregos formais e informais no país. Em 2005, 2,5 milhões. Em 2006, 2,1 milhões. Em 2007, esse número deve chegar a 2,7 milhões, com base em dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE.

Para Neri, da FGV, a qualidade do emprego melhorou porque parte significativa das vagas criadas, especialmente neste ano, é formal -com carteira assinada.

"Faz muito tempo que não vemos no país um crescimento de emprego tão seqüenciado como esse que vemos desde 2004. E o interessante é que esse movimento atinge todos os setores da economia. É muito importante chamar a atenção para a necessidade de requalificação da mão-de-obra, porque as oportunidades de trabalho estão se multiplicando", afirma Fábio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores.

Economistas e especialistas em mercado de trabalho vêem para 2008 aumento no emprego especializado em todas as áreas, já que as fábricas estão aprimorando cada vez mais seus meios de produção.

Operar uma máquina numa indústria automobilística ou produzir um televisor exige hoje muito mais conhecimento do empregado do que há dois ou três anos, de acordo com os economistas consultados.

2008

"Esses investimentos feitos pelas indústrias em modernização vão levar à reorganização do sistema de emprego, que terá de ser cada vez mais qualificado no país", diz Pochmann.

"O mercado de trabalho atravessa hoje uma situação favorável e a expectativa é que isso venha a se perpetuar em 2008. O percentual de trabalhadores com carteira assinada, que hoje é de 42% sobre a população ocupada [21,3 milhões de pessoas], deve continuar subindo", afirma Cimar Azeredo Pereira, gerente da integração da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) e da Pnad, do IBGE.

Na estimativa de Fábio Romão, da LCA Consultores, o total de empregos formais criados no país --considerando os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho-- deve chegar neste ano a 1,689 milhão. Para o próximo ano, a previsão é que chegue a 1,568 milhão de vagas.

"O resultado deve ser um pouco inferior ao previsto para este ano porque se estima que o país vá crescer menos em 2008. Para este ano, o PIB deve ficar em torno de 5,2%. Em 2008, deve ser de 4,5%. A projeção de aumento da produção física industrial também é inferior para 2008. Neste ano estima-se que tenha crescido cerca de 6% e para o ano que vem a projeção é de 5%", diz Romão.

Construção civil

Um dos setores que devem ter forte expansão no emprego em 2008, a exemplo do que ocorreu neste ano, é o da construção civil. Em 2006 foram abertas 85,8 mil vagas nesse setor. Em 2007, mais 191,4 mil empregos deverão ser criados.

"Tradicionalmente, a construção civil responde com defasagem de seis meses a um ano nos investimentos feitos no setor. A expansão do emprego agora é resultado dos investimentos feitos desde o fim de 2006", diz Romão. Para 2008, a estimativa é que sejam criadas 204,1 mil vagas no setor.

Na indústria, o destaque na geração de vagas deve ficar com dois segmentos: o de açúcar e álcool, impulsionado principalmente pela venda de veículos do modelo flex, e o de alimentos e bebidas.

"O emprego deve aumentar nesse setor porque a produção de alimentos também cresce com a melhoria na renda e no consumo das famílias", afirma o economista da LCA Consultores.

 

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