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05/12/2001 - 08h17

Argentina pode receber dinheiro do FMI apenas em 2002

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FABRÍCIO VIEIRA
da Folha de S.Paulo, em Buenos Aires

Funcionários do FMI (Fundo Monetário Internacional) ouvidos pela agência de notícias Reuters avaliam que a parcela de US$ 1,26 bilhão do empréstimo do Fundo que a Argentina queria receber antecipadamente em dezembro pode não sair nem mesmo neste ano.

Até o dia 19, vencem mais US$ 900 milhões em dívidas, o que, sem o dinheiro do FMI, deve aumentar o rombo nas reservas ou mesmo representar o calote da dívida. No momento, o Fundo estaria mais interessado em discutir desvalorização e dolarização, como reestipular as metas do acordo não-cumprido pela Argentina. A liberação do desembolso ficaria para depois. Para aumentar a tensão, o chefe da missão do Fundo que ora estuda as contas argentinas em Buenos Aires, Tomás Reichman, viajou na noite de ontem para Washington, a pedido da direção do FMI.

A Argentina viu evaporar mais US$ 1,2 bilhão de suas reservas internacionais apenas na sexta-feira. Com mais essa drástica perda, o rombo nas reservas em novembro chegou a US$ 4,2 bilhões.

O pagamento de vencimentos da dívida do país no mês, que superavam US$ 1,6 bilhão, devem ter ocasionado a queda, segundo analistas consultados pela Folha. As reservas encerraram o mês em US$ 18,86 bilhões, 18% a menos do que no fim de outubro.

Quem quis comprar dólares ontem na Argentina teve que se dispor a pagar
1,04 peso para levar US$ 1. O vendaval que sacudiu o mercado na sexta e as medidas tomadas pelo governo para acalmar os ânimos fez o preço da moeda pular 3,5% em três dias.

Na manhã de sexta, era possível comprar US$ 1 com 1,005 peso. E a restrição semanal de US$ 250 imposta pelo governo aos saques bancários deve aumentar ainda mais o preço da moeda dos EUA.

"O mercado paralelo vai voltar com força. Logo veremos cobrança de ágio para trocar cheques por dólares", diz Carlos Filadoromo, que trabalha há anos no mercado cambial.

Filadoromo explica que ainda é raro a compra de dólares com cheques. Mas a falta de dinheiro em espécie vai fazer essa prática crescer. 'E ninguém vai estar disposto a pegar cheques se não ganhar um extra.''
Houve casas de câmbio que nem abriram suas portas. A mudança de regras as pegou de surpresa, com o dinheiro que usam para negociar no dia-a-dia preso.

A gerente de câmbio de um banco argentino disse que, como os bancos perderam grande volume de depósitos, quem quiser comprar mais de US$ 1.500 encontrará dificuldades.

"Principalmente se não for cliente [do banco] nem argentino'', diz a gerente. Somente na sexta-feira, fugiram US$ 1,35 bilhão dos depósitos. No mês passado, a fuga alcançou US$ 4 bilhões.

A informação de que o JP Morgan recomendou redução de compra de títulos do país ajudou a fazer a Bolsa de Valores de Buenos Aires cair 1,2% e o risco-país subir para 3.305 pontos.


Leia mais no especial sobre Argentina
 

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