Publicidade
Publicidade
20/12/2001
-
20h40
JOÃO SANDRINI
da Folha Online
Isolado, o presidente argentino, Fernando de la Rúa, apresentou hoje sua carta de demissão. Ele deixa o governo para o presidente do Senado, o peronista, Ramón Puerta, que assume interinamente o comando do país. A informação foi confirmada pelo secretário-geral da Presidência, Nicholás Gallo.
A legislação argentina obriga que o presidente do Senado assuma a presidência interina do país. O vice de De la Rúa, Carlos Chaco Alvarez, renunciou ao cargo no início do ano.
Ramón Puerta terá 48 horas para convocar uma sessão conjunta da Câmara e do Senado para a indicação do novo presidente. Os peronistas, no entanto, querem a realização de novas eleições no país.
O Partido Justicialista (peronista) já sinalizou que vai entrar com um pedido de urgência para convocar novas eleições presidenciais.
De la Rúa assumiu em dezembro 1999 e seu mandato vence em 2003. Para que o Congresso consiga exigir a sua renúncia é preciso que a proposta receba metade dos votos mais um do número total de deputados e senadores.
Para tentar reverter a situação, De la Rua tentou desde ontem articular um governo de união nacional, com a participação dos peronista do Partido Justicialista (oposição), que dominam o Senado e a Câmara no país.
O próprio presidente De la Rúa teria oferecido aos peronistas o posto. Assim, conseguiria apoio para a aprovação do novo Orçamento, que prevê cortes de até US$ 7,5 bilhões.
Na carta de renúncia, redigida à mão e com apenas uma folha, De la Rúa diz esperar que seu afastamento contribua "para a paz social e para a continuidade institucional".
A renúncia de De la Rúa não é suficiente, no entanto, para pôr fim à crise, tanto que o Banco Central decidiu na noite de hoje decretar feriado cambial para hoje, paralisação que tende a se estender até que o programa do novo governo esteja claro.
A oposição peronista se recusou a participar do governo De la Rúa às vésperas de uma declaração de moratória e em meio à crise que deve se seguir a uma possível desvalorização. No próximo dia 28, vencem cerca de US$ 500 milhões em Letes (Letras do Tesouro) e o governo ainda não definiu como irá pagar.
Deputados e senadores do Partido Justicialista (oposição) já haviam pedido de forma indireta a renúncia de De la Rúa.
Um documento divulgado pelos parlamentares do partido pede a De la Rúa um "gesto de grandeza" neste momento, que "permitiria à Argentina superar a crise". Em seguida, o documento afirmava que "acabou o tempo das indecisões na Nação", sugerindo a troca do governo.
"A Argentina precisa de governo e está perdida na anarquia. A incapacidade na tomada de decisões corretas por parte do presidente da Nação deixou nas mãos de grupos de interesses minoritários as decisões reais da economia", completa.
Crise social
A explosão social, que já deixou 16 mortos e centenas de feridos na Argentina, foi a principal causa da renúncia de Domingo Cavallo e pressiona o governo a tomar medidas que revertam o caos em que se encontra a economia do país. Para conter a violência, o presidente precisou decretar estado de sítio por 30 dias em todo o país.
Em recessão há quase quatro anos, a Argentina enfrenta uma das piores crises sociais de sua história. A pobreza já atinge 31,5% da população e cerca de 18,3% dos argentinos estão desempregados.
A última vez que o país enfrentou uma situação parecida foi em 1989, quando a crise provocada pela hiperinflação levou à renúncia do presidente Raúl Afonsín, coincidentemente do mesmo partido de De la Rúa, a UCR (União Cívida Radical).
Só que, ao contrário de Alfonsín, De la Rúa enfrenta uma forte deflação, provocada pela queda no consumo e pela falta de competitividade da indústria local.
Leia mais
Cavallo deixa o governo
Saiba o que pode acontecer agora
Análise: Cavallo sai e possibilita mudança cambial
Análise: Crise mais grave é a da desesperança
Papa reza por "milagre"
Entenda o estado de sítio
Onda de saques derrubou presidente em 89
Sucesso inicial do câmbio virou pó
Leia mais no especial sobre Argentina
De la Rúa oficializa renúncia; presidente do Senado assume
Publicidade
da Folha Online
Isolado, o presidente argentino, Fernando de la Rúa, apresentou hoje sua carta de demissão. Ele deixa o governo para o presidente do Senado, o peronista, Ramón Puerta, que assume interinamente o comando do país. A informação foi confirmada pelo secretário-geral da Presidência, Nicholás Gallo.
A legislação argentina obriga que o presidente do Senado assuma a presidência interina do país. O vice de De la Rúa, Carlos Chaco Alvarez, renunciou ao cargo no início do ano.
Ramón Puerta terá 48 horas para convocar uma sessão conjunta da Câmara e do Senado para a indicação do novo presidente. Os peronistas, no entanto, querem a realização de novas eleições no país.
O Partido Justicialista (peronista) já sinalizou que vai entrar com um pedido de urgência para convocar novas eleições presidenciais.
De la Rúa assumiu em dezembro 1999 e seu mandato vence em 2003. Para que o Congresso consiga exigir a sua renúncia é preciso que a proposta receba metade dos votos mais um do número total de deputados e senadores.
Para tentar reverter a situação, De la Rua tentou desde ontem articular um governo de união nacional, com a participação dos peronista do Partido Justicialista (oposição), que dominam o Senado e a Câmara no país.
O próprio presidente De la Rúa teria oferecido aos peronistas o posto. Assim, conseguiria apoio para a aprovação do novo Orçamento, que prevê cortes de até US$ 7,5 bilhões.
Na carta de renúncia, redigida à mão e com apenas uma folha, De la Rúa diz esperar que seu afastamento contribua "para a paz social e para a continuidade institucional".
A renúncia de De la Rúa não é suficiente, no entanto, para pôr fim à crise, tanto que o Banco Central decidiu na noite de hoje decretar feriado cambial para hoje, paralisação que tende a se estender até que o programa do novo governo esteja claro.
A oposição peronista se recusou a participar do governo De la Rúa às vésperas de uma declaração de moratória e em meio à crise que deve se seguir a uma possível desvalorização. No próximo dia 28, vencem cerca de US$ 500 milhões em Letes (Letras do Tesouro) e o governo ainda não definiu como irá pagar.
Deputados e senadores do Partido Justicialista (oposição) já haviam pedido de forma indireta a renúncia de De la Rúa.
Um documento divulgado pelos parlamentares do partido pede a De la Rúa um "gesto de grandeza" neste momento, que "permitiria à Argentina superar a crise". Em seguida, o documento afirmava que "acabou o tempo das indecisões na Nação", sugerindo a troca do governo.
"A Argentina precisa de governo e está perdida na anarquia. A incapacidade na tomada de decisões corretas por parte do presidente da Nação deixou nas mãos de grupos de interesses minoritários as decisões reais da economia", completa.
Crise social
A explosão social, que já deixou 16 mortos e centenas de feridos na Argentina, foi a principal causa da renúncia de Domingo Cavallo e pressiona o governo a tomar medidas que revertam o caos em que se encontra a economia do país. Para conter a violência, o presidente precisou decretar estado de sítio por 30 dias em todo o país.
Em recessão há quase quatro anos, a Argentina enfrenta uma das piores crises sociais de sua história. A pobreza já atinge 31,5% da população e cerca de 18,3% dos argentinos estão desempregados.
A última vez que o país enfrentou uma situação parecida foi em 1989, quando a crise provocada pela hiperinflação levou à renúncia do presidente Raúl Afonsín, coincidentemente do mesmo partido de De la Rúa, a UCR (União Cívida Radical).
Só que, ao contrário de Alfonsín, De la Rúa enfrenta uma forte deflação, provocada pela queda no consumo e pela falta de competitividade da indústria local.
Leia mais
Leia mais no especial sobre Argentina
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
- Por que empresa proíbe caminhões de virar à esquerda - e economiza milhões
- Megarricos buscam refúgio na Nova Zelândia contra colapso capitalista
- Com 12 suítes e 5 bares, casa mais cara à venda nos EUA custa US$ 250 mi
- Produção industrial só cresceu no Pará em 2016, diz IBGE
+ Comentadas
- Programa vai reduzir tempo gasto para pagar impostos, diz Meirelles
- Ministério Público pede bloqueio de R$ 3,8 bi de dono de frigorífico JBS
+ EnviadasÍndice