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09/01/2002 - 07h35

Análise: Argentina "erra mão" e cria novo suspense com feriado cambial

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TONI SCIARRETTA
Editor de Economia
da Folha Online

A Argentina criou um novo impasse ontem ao manter suspenso por mais um dia o funcionamento do mercado de câmbio no país. Demonstrou que não tem confiança nas leis de mercado nem "sangue frio'' para ver o dólar disparar bastante além do 1,40 peso da taxa oficial.

O país mostrou que não está preparado para deixar o peso flutuar, como recomenda a comunidade internacional. E teme um desastre com a tentativa de controlar uma desvalorização -feito jamais conseguido por um país do porte da Argentina, como bem mostrou o fracasso da banda diagonal endógena do Brasil, em 1999, e a desvalorização do México em 1995.

No mercado negro de Buenos Aires, o dólar foi negociado em média a 1,65 peso -ou seja, com um ágio de quase 18% sobre o câmbio oficial, o que não é nada mal em se tratando de negociação no paralelo.

É bem verdade que os argentinos não têm dinheiro hoje para comprar dólares, pois os saques estão limitados a 250 pesos por semana, o que impede uma arrancada das cotações.

Mais cedo ou mais tarde, no entanto, a Argentina não poderá mais fugir da realidade de seu câmbio livre, já que os negócios com dólares estão suspensos desde 21 de dezembro, após a renúncia do então presidente Fernando de la Rúa.

O pior mesmo será o país se aventurar na política da chamada "banda cambial suja'' e torrar suas reservas tentando controlar a cotação do dólar. Erro feito também no Brasil, que impediu a acomodação mais rápida do dólar e permitiu a especulação com moeda até bem pouco tempo.

Segundo fontes próximas ao governo, a equipe do ministro Jorge Lenicov trabalharia com uma banda informal de 1,60 peso por dólar. Se o limite for ameaçado, o Banco Central poderá até mesmo vender dólares para conter a alta.

O temor das autoridades argentinas é o reflexo inflacionário da baixa do peso. O governo também deve proibir a compra de dólares com cheques ou cartões de crédito como forma de diminuir a demanda e a pressão adicional sobre o preço do dólar.

O governo estaria disposto a gastar até US$ 2 bilhões para conter a desvalorização. O secretário-geral da Presidência, Aníbal Fernández, afirmou ontem que o governo "vai monitorar muito de perto" a demanda por dólares na Argentina. As reservas internacionais estavam no último dia 3 em US$ 19,8 bilhões.

Leia mais no especial sobre Argentina
 

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