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Mercado espera alta nos juros hoje; entidades criticam alta
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EPAMINONDAS NETO
DEISE DE OLIVEIRA
da Folha Online
O Copom (Comitê de Política Monetária) decide nesta quarta-feira a nova taxa básica de juros do país, atualmente em 11,25%. A aposta generalizada do mercado e de instituições é que o BC vai elevar a Selic em 0,25 ponto percentual, para 11,5% ao ano.
A Selic tem impacto sobre o custos dos empréstimos para consumidores e empresas. Quando o governo está preocupado com a inflação --o que tem se verificado nos últimos meses--, o BC tende a elevar os juros para desestimular consumo e investimentos, de modo a 'esfriar' o consumo e, conseqüentemente, a atividade econômica.
Profissionais de mercado salientam que uma alta de 0,50 ponto seria uma medida bastante brusca, tendo o efeito de derrubar a Bolsa de Valores e fazer a taxa de câmbio cair de maneira ainda mais veloz. Por isso, esperam alta de 0,25.
"O consenso de mercado está mais próximo de uma alta de 0,25 ponto percentual. Se vier 0,50 ponto, pode ser bem complicado para a Bolsa. Uma alta de 0,25 ponto funciona melhor como uma sinalização do Banco Central para o mercado", comenta Andrés Kikushi, analista da Link Corretora.
A discussão sobre a alta dos juros ganhou força após a divulgação do IPCA, o índice oficial de inflação, na quarta-feira passada. O índice subiu para 0,48% em março, quando a expectativa era de alta de 0,40%.
Os vilões da inflação neste ano são os preços dos alimentos, em linha com a tendência mundial de disparada das commodities. Para os economistas que apostam na alta, o encarecimento dos produtos alimentícios será um dos principais argumentos para a alta da Selic.
Representantes do setor produtivo que são contrários à alta, no entanto, argumentam que um ajuste agora seria precipitado.
"A inflação de alimentos, que volta a afetar a inflação brasileira, é de amplitude mundial e não tem a ver com o aumento da demanda interna e com o maior crescimento econômico do país", defende o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), em relatório recente.
Para Paulo Francini, diretor do Depecon (Departamento de Pesquisas Econômicas) da Fiesp, a retomada de um novo ciclo de aumento da taxa de juros não deve interromper o crescimento do país, mas frear sua expansão.
"Dá para dizer que o desempenho de 2008 será negativamente afetado pela retomada da alta da taxa de juros, ainda que o resultado seja melhor que o de 2007. Mas poderia ser maior se não fosse a alta dos juros", disse Francini.
"O aumento da taxa de juros de 0,25 [ponto percentual] não é mensurável e importante. Mas todos sabemos que a elevação significa pressão para reduzir a atividade econômica e a taxa de crescimento. E é isso que a autoridade monetária está querendo", disse.
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