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01/02/2002
-
18h38
TONI SCIARRETTA
Editor de economia da Folha Online
Chamado de "corralito" (curralzinho, em português) pelos argentinos, a restrição aos saques bancários foi a medida mais impopular da Argentina desde a hiperinflação, em 1991. Deu motivo para a onda de saques e protestos violentos, que derrubaram o ex-ministro Domingo Cavallo e, um dia depois, o então presidente Fernando de la Rúa.
Também ajudou a fritar Adolfo Rodríguez Saá, presidente indicado para mandato tampão, e ameaça agora desestabilizar o governo de Eduardo Duhalde.
O "corralito" mudou os hábitos do povo e fez os argentinos mais pobres abrirem contas bancárias -única forma de continuar comprando, por meio de cartões de crédito, débito e cheques.
Estimulou a "criatividade" do mercado, que comprou ações na Bolsa de Buenos Aires para depois converter em papéis negociados nos EUA, e assim retirar dinheiro tanto do "corralito" quanto do país.
O "corralito" foi imposto pelo ex-ministro Domingo Cavallo ainda no dia 1º de dezembro para controlar a corrida aos bancos, que ameaçava colocar abaixo o sistema financeiro.
Desde então, o corralito sobreviveu a três pacotes e cinco diferentes presidentes -De la Rúa, Ramón Puerta (presidente do Senado), Rodrígues Saá, Eduardo Camaño (presidente da Câmara) e Duhalde- pois segurava o povo longe dos bancos.
O atual ministro da Economia Jorge Remes Lenicov chegou a admitir que o "corralito" era um "remédio amargo": "Não é fácil desarmar o 'corralito' por mais antipático que ele seja para toda a população'', disse. O presidente Duhalde comparou o "corralito" a uma "bomba-relógio", apesar de jamais dizer quando e com quem poderia explodir.
O diário britânico "Financial Times" chegou a se dizer "impressionado" com a sofisticação financeira da população argentina em meio à crise econômica e ao "corralito". Encontrou uma faxineira, chamada Francisca, que foi obrigada a abrir uma conta bancária para receber pagamentos. "Norma, uma prostituta de Buenos Aires, afirmou que o movimento caiu pela metade desde que foram impostas as restrições a saques. Nós ganhávamos US$ 3.000 por mês, mas agora as pessoas não tem nenhum dinheiro", disse ela ao jornal.
Leia mais no especial sobre Argentina
Impopular, "corralito" derrubou presidentes e fez argentino usar cartão
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Editor de economia da Folha Online
Chamado de "corralito" (curralzinho, em português) pelos argentinos, a restrição aos saques bancários foi a medida mais impopular da Argentina desde a hiperinflação, em 1991. Deu motivo para a onda de saques e protestos violentos, que derrubaram o ex-ministro Domingo Cavallo e, um dia depois, o então presidente Fernando de la Rúa.
Também ajudou a fritar Adolfo Rodríguez Saá, presidente indicado para mandato tampão, e ameaça agora desestabilizar o governo de Eduardo Duhalde.
O "corralito" mudou os hábitos do povo e fez os argentinos mais pobres abrirem contas bancárias -única forma de continuar comprando, por meio de cartões de crédito, débito e cheques.
Estimulou a "criatividade" do mercado, que comprou ações na Bolsa de Buenos Aires para depois converter em papéis negociados nos EUA, e assim retirar dinheiro tanto do "corralito" quanto do país.
O "corralito" foi imposto pelo ex-ministro Domingo Cavallo ainda no dia 1º de dezembro para controlar a corrida aos bancos, que ameaçava colocar abaixo o sistema financeiro.
Desde então, o corralito sobreviveu a três pacotes e cinco diferentes presidentes -De la Rúa, Ramón Puerta (presidente do Senado), Rodrígues Saá, Eduardo Camaño (presidente da Câmara) e Duhalde- pois segurava o povo longe dos bancos.
O atual ministro da Economia Jorge Remes Lenicov chegou a admitir que o "corralito" era um "remédio amargo": "Não é fácil desarmar o 'corralito' por mais antipático que ele seja para toda a população'', disse. O presidente Duhalde comparou o "corralito" a uma "bomba-relógio", apesar de jamais dizer quando e com quem poderia explodir.
O diário britânico "Financial Times" chegou a se dizer "impressionado" com a sofisticação financeira da população argentina em meio à crise econômica e ao "corralito". Encontrou uma faxineira, chamada Francisca, que foi obrigada a abrir uma conta bancária para receber pagamentos. "Norma, uma prostituta de Buenos Aires, afirmou que o movimento caiu pela metade desde que foram impostas as restrições a saques. Nós ganhávamos US$ 3.000 por mês, mas agora as pessoas não tem nenhum dinheiro", disse ela ao jornal.
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