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03/02/2002 - 08h36

Fundos do Deutsche investem na Eucatex

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da Folha de S.Paulo

Três fundos constituídos pelo Deutsche Bank detêm 36% das ações ordinárias e 29% das ações preferenciais da Eucatex S.A. Indústria e Comércio, empresa da família de Paulo Maluf (PPB). A Eucatex é presidida por Flávio Maluf, filho do ex-prefeito de São Paulo (1993-1996).

Pelo menos US$ 28,5 milhões usados na compra da participação dos fundos na empresa saíram de uma subsidiária Deutsche em Jersey no dia 21 de agosto de 1997.

O dinheiro passou por uma agência do Deutsche em Nova York antes de chegar ao Brasil.

Os fundos do Deutsche -e um quarto fundo constituído nas Antilhas Holandesas, que deixou a Eucatex no ano passado- passaram a investir na companhia em 1997, meses depois de o ex-prefeito ter assumido o controle da empresa. Em 20 de dezembro de 1996, Maluf fez um acordo com Roberto, irmão dele, que até então controlava a Eucatex.

As informações sobre a participação acionária dos fundos na Eucatex estão disponíveis desde 1998 na CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

No relatório anual referente a 1997 e enviado em 1998 pela Eucatex à CVM dois dos fundos do Deutsche aparecem com nacionalidade brasileira e são identificados por meio de CGC -hoje CNPJ, Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas- do banco alemão no Brasil. O terceiro fundo do Deutsche é alemão.

O ingresso dos fundos do Deutsche na Eucatex ocorreu por meio de uma emissão de debêntures realizada em 1997.

Foram emitidas 15 mil debêntures, no valor total de R$ 150 milhões. Os papéis previam o pagamento, ao comprador, de rendimento fixo -calculado a partir do IGP-M mais 6% de juros ao ano, ou seja, taxa semelhante à da caderneta de poupança-, além de remuneração variável e proporcional aos lucros da empresa.

Cada debênture era também conversível em 20 mil ações da Eucatex, sendo 33% ordinárias (com direito a voto na empresa) e 67% preferenciais (com preferência no recebimento dos dividendos).

Se o comprador optasse pela conversão, perderia o rendimento fixo (IGP-M e 6% ao ano) e receberia retornos variáveis e dependentes dos lucros da empresa.

Segundo documentação da Eucatex, os fundos do banco alemão optaram pela conversão das debêntures. A conversão foi concluída no segundo trimestre de 1998. Essa operação elevou em 62,5% o capital social da Eucatex, que passou de R$ 130,3 milhões para R$ 211,8 milhões.

A conversão das debêntures foi feita apesar do cenário ruim da economia brasileira, abalada em 1997 pela crise asiática. O governo elevara os juros para evitar o contágio no Brasil -o que, para a maioria dos grandes investidores, tornou mais atrativa a aplicação em renda fixa do que o investimento em uma empresa que já vinha enfrentando dificuldades.

Ao abrir mão do rendimento fixo que seria proporcionado pelas debêntures, os fundos do Deutsche ficaram dependendo dos eventuais dividendos distribuídos pela empresa -o que não houve.

A Eucatex não distribui dividendos desde 1995, quando se avolumaram os resultados negativos.

Naquele ano, os prejuízos, corrigidos para setembro passado pelo IGP-M, somaram R$ 63,9 milhões. Em 1996, caíram para R$ 60,7 milhões e recuaram mais em 1997, para R$ 40,8 milhões.

Em 98, porém, os resultados negativos voltaram a crescer, atingindo R$ 49,6 milhões.

No ano seguinte, baixaram para R$ 44,4 milhões. Em 2000, como resultado de uma reestruturação, os prejuízos foram de R$ 5,9 milhões, o melhor desempenho no período.

Em 2001, as contas da Eucatex voltaram a piorar. De janeiro a setembro, os prejuízos somaram R$ 67,8 milhões, recorde desde 1995. Para a diretoria, o principal problema foi a desvalorização do real.

 

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