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05/02/2002
-
09h45
MARCELO BILLI
da Folha de S.Paulo
A economia norte-americana deve sair da recessão ainda no primeiro semestre deste ano, prevê o economista Ben Bernanke. Membro do comitê do NBER (Serviço Nacional de Pesquisa Econômica), que decretou oficialmente que os EUA está em recessão desde março de 2001, Bernanke avalia que a recuperação será liderada pelas empresas, já que os consumidores norte-americanos ainda estão afogados em dívidas.
Os norte-americanos gastam cerca de 14% de sua renda pagando juros de dívidas que contraíram para financiar o consumo, revela pesquisa do Fed (Federal Reserve -o banco central dos EUA). Apesar de terem ficado mais pobres com o colapso das Bolsas de Valores, eles não pararam de consumir, mas não têm recursos para aumentar seus gastos e reativar a economia.
Menos crédito
O crédito ficou mais difícil também. Ontem, o Fed divulgou pesquisa que mostra que a maior parte dos bancos consultados aumentou as exigências para conceder empréstimos. Ao mesmo tempo, diz o Fed, a procura por crédito não pára de cair.
"O consumo permaneceu forte durante a recessão. Mas nós não podemos esperar um salto nos gastos porque os consumidores gastaram bastante e pouparam pouco. Muito da recuperação virá do setor industrial e, em menor grau, do desempenho do governo", diz Bernanke.
Foram justamente os gastos governamentais que sustentaram a economia no último trimestre do ano passado. Os gastos totais do governo cresceram 9,5% nos três últimos meses de 2001. Ainda assim, Bernanke diz acreditar que apenas uma pequena parte da recuperação será dirigida pelo incentivo fiscal do governo.
"Até agora, os gastos militares e com segurança são modestos. Eles provavelmente não são o principal fator na economia neste momento", avalia o economista.
Ele afirma que já há sinais positivos sendo emitidos pelas empresas: os estoques começaram a cair e houve uma melhora nas projeções de lucros. "Assim, é muito provável que vejamos uma recuperação nos próximos seis meses", afirma Bernanke.
Para definir se a economia está ou não em recessão, o comitê do qual Bernanke faz parte considera uma série de indicadores, que vão do índice de desemprego aos estoques das empresas.
Os analistas de mercado costumam usar outro critério: o de que uma economia está em recessão quando o PIB cai por dois trimestres consecutivos.
"Mas nós não consideramos apenas o PIB por vários motivos. Entre eles, o simples fato de que os números do PIB são revisados continuamente", diz.
Problemas
Apesar dos sinais positivos, a economia dos EUA ainda terá que passar por alguns testes. O colapso da Enron fez os economistas passarem a considerar a saúde financeira das empresas como um dos fatores que pode atrasar a recuperação. As regras de contabilidade do país, até agora consideradas um exemplo de transparência, foram postas em xeque.
Bernanke, no entanto, diz não acreditar que o problema se espalhe e crie uma onda de desconfiança. "O mercado de ações está, evidentemente, preocupado com isso. Há um considerável interesse em Washington em rever nosso sistema de regras contábeis para evitar problemas similares no futuro", afirma.
Ele não faz projeções para o futuro. "Muito vai depender da continuidade ou não dos ganhos de produtividade que ocorreram nos últimos anos da década de 90."
EUA se recuperam no 1º semestre do ano, prevê economista
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da Folha de S.Paulo
A economia norte-americana deve sair da recessão ainda no primeiro semestre deste ano, prevê o economista Ben Bernanke. Membro do comitê do NBER (Serviço Nacional de Pesquisa Econômica), que decretou oficialmente que os EUA está em recessão desde março de 2001, Bernanke avalia que a recuperação será liderada pelas empresas, já que os consumidores norte-americanos ainda estão afogados em dívidas.
Os norte-americanos gastam cerca de 14% de sua renda pagando juros de dívidas que contraíram para financiar o consumo, revela pesquisa do Fed (Federal Reserve -o banco central dos EUA). Apesar de terem ficado mais pobres com o colapso das Bolsas de Valores, eles não pararam de consumir, mas não têm recursos para aumentar seus gastos e reativar a economia.
Menos crédito
O crédito ficou mais difícil também. Ontem, o Fed divulgou pesquisa que mostra que a maior parte dos bancos consultados aumentou as exigências para conceder empréstimos. Ao mesmo tempo, diz o Fed, a procura por crédito não pára de cair.
"O consumo permaneceu forte durante a recessão. Mas nós não podemos esperar um salto nos gastos porque os consumidores gastaram bastante e pouparam pouco. Muito da recuperação virá do setor industrial e, em menor grau, do desempenho do governo", diz Bernanke.
Foram justamente os gastos governamentais que sustentaram a economia no último trimestre do ano passado. Os gastos totais do governo cresceram 9,5% nos três últimos meses de 2001. Ainda assim, Bernanke diz acreditar que apenas uma pequena parte da recuperação será dirigida pelo incentivo fiscal do governo.
"Até agora, os gastos militares e com segurança são modestos. Eles provavelmente não são o principal fator na economia neste momento", avalia o economista.
Ele afirma que já há sinais positivos sendo emitidos pelas empresas: os estoques começaram a cair e houve uma melhora nas projeções de lucros. "Assim, é muito provável que vejamos uma recuperação nos próximos seis meses", afirma Bernanke.
Para definir se a economia está ou não em recessão, o comitê do qual Bernanke faz parte considera uma série de indicadores, que vão do índice de desemprego aos estoques das empresas.
Os analistas de mercado costumam usar outro critério: o de que uma economia está em recessão quando o PIB cai por dois trimestres consecutivos.
"Mas nós não consideramos apenas o PIB por vários motivos. Entre eles, o simples fato de que os números do PIB são revisados continuamente", diz.
Problemas
Apesar dos sinais positivos, a economia dos EUA ainda terá que passar por alguns testes. O colapso da Enron fez os economistas passarem a considerar a saúde financeira das empresas como um dos fatores que pode atrasar a recuperação. As regras de contabilidade do país, até agora consideradas um exemplo de transparência, foram postas em xeque.
Bernanke, no entanto, diz não acreditar que o problema se espalhe e crie uma onda de desconfiança. "O mercado de ações está, evidentemente, preocupado com isso. Há um considerável interesse em Washington em rever nosso sistema de regras contábeis para evitar problemas similares no futuro", afirma.
Ele não faz projeções para o futuro. "Muito vai depender da continuidade ou não dos ganhos de produtividade que ocorreram nos últimos anos da década de 90."
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