Casa Civil teria cobrado da Anac autorização de vôo para nova dona da Varig

A ex-diretora da Anac (Agência Nacional da Aviação Civil) Denise Abreu disse que houve pressão do governo para que a autorização de vôo da Varig fosse transferida automaticamente à empresa vencedora do segundo leilão de venda da empresa.

Segundo ela, foi solicitado à Anac que elaborasse o edital de leilão da empresa, o que não competia à agência, segundo Denise. Em uma primeira versão desse edital, foi colocada uma cláusula que garantia a transferência do Cheta (Certificado de Homologação de Empresa de Táxi Aéreo).

"Isso era impossível", disse Denise nesta quarta-feira, em depoimento à Comissão de Infra-Estrutura do Senado. "Era impraticável abril mão de segurança de vôo transferindo o Cheta, sem fazer verificação de todas as aeronaves, de toda a tripulação, de todos os pilotos."

Nesse caso, a própria Anac conseguiu modificar o edital antes do leilão.

Segundo tentativa

Sem a transferência automática, segundo a ex-diretora da Anac, teria começado a pressão para favorecer a vencedora do leilão da Varig, uma empresa chamada Aéreo Transportes Aéreos, controlada pela Variglog e pela Volo Brasil (ambas ligadas ao fundo Matlin Patterson).

Enquanto não havia autorização de vôo, a Varig tinha ameaçadas também as suas rotas aéreas.

"Nesse momento, houve uma grande reunião na Casa Civil, onde nós fomos chamados pela doutora Erenice Guerra. Fomos sabatinados durante oito horas sobre por que não se poderia transferir o Cheta", afirmou.

O certificado foi liberado posteriormente. "Essa empresa recebeu toda certificação em apenas quatro meses e meio. O processo mais rápido no país havia sido o da Gol, de nove meses. Nos EUA é mais de um ano."