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20/02/2002 - 08h52

Parente vira "tradutor" de reunião sobre término do racionamento

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RENATA GIRALDI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A reunião que pôs fim ao racionamento de energia foi marcada por um clima de alívio e descontração -oposto ao do encontro que instituiu o "ministério do apagão", há oito meses, na mesma sala.

O presidente Fernando Henrique Cardoso chegou sorrindo à sala, apesar do visível cansaço, e, antes de dar a palavra ao "ministro do apagão", Pedro Parente (Casa Civil), preveniu os presentes de que a reunião era acompanhada pela imprensa por um telão no lado de fora.

Essa foi a senha para que tivessem cuidado com as palavras, o que não impediu instantes de espontaneidade -como uma brincadeira do presidente do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), Mário Santos, com o ministro Pedro Malan (Fazenda).
Santos dava explicações técnicas, incompreensíveis para leigos, enquanto Parente o interrompia nos principais trechos para "traduzir" a informação.

Natureza e câmbio
Em determinado ponto, FHC o interrompeu para dizer que "replessionamento" significava reenchimento dos reservatórios de água. Em seguida, Parente emendou: "O ministro Pedro Malan quer saber o que significa "negociar com a natureza", como o senhor disse".

Santos respondeu: "É o mesmo que ele faz com o câmbio". Todos riram, disfarçando um certo mal-estar, enquanto Parente se apressou a evitar que a brincadeira continuasse: "Como todos viram, Mário Santos continua em forma, muito obrigado", e seguiu com a reunião.

Mais tarde, Santos explicou que "negociar com a natureza" significa acompanhar atentamente o nível de chuvas e buscar outras fontes de energia, como as termelétricas, quando os reservatórios de água baixarem.
O próprio presidente usou depois essa expressão para dizer que era necessário ter "uma conversa interessante" com a natureza.

Bocejo e pêra
Vários dos presentes demonstraram cansaço e impaciência durante as quase duas horas de explicações técnicas. Malan tirava e punha os óculos, enquanto o secretário-geral do PSDB, Márcio Fortes (RJ), bocejava.

O líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira (PSDB-SP), jogou-se na cadeira como se estivesse deitado.

Ao final, o governador de Santa Catarina, Esperidião Amin (PPB), presenteou a todos com pêras de origem japonesa trazidas do seu Estado, que ficou fora do racionamento. Fernando Henrique saiu da sala sem experimentar a fruta, mas recomendou-a aos presentes.

Leia mais no especial sobre Crise Energética
 

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