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06/03/2002
-
09h38
ÉRICA FRAGA
LÁSZLÓ VARGA
da Folha de S.Paulo
O lucro líquido acumulado pelos 31 bancos que já apresentaram seus balanços de 2001 somou R$ 11,1 bilhões, com crescimento de 111,5% em relação a 2000. O montante impressiona tanto pelo valor como também pelo fato de que é quase idêntico ao desempenho recorde de R$ 12 bilhões de todas as 191 instituições financeiras que existiam no país em 1999.
Os dados, levantados ontem pela ABM Consulting a pedido da Folha, mostram que, como em 1999, os bancos combinaram juros altos cobrados aos clientes e ganhos com a desvalorização do real para conseguirem a excelente performance.
O aumento do spread --diferença entre as taxas cobradas por eles nos empréstimos aos clientes e aquelas pagas pelas instituições para captar recursos-- beneficiou muito os bancos.
Isso apesar das tentativas frustradas do Banco Central de inverter esse procedimento de ganho dos bancos, estimulando a concorrência.
"A média do spread dos bancos aumentou de 35,8% para 41,6% entre dezembro de 2000 e o mesmo mês de 2001", explicou Antonio Galetti, consultor da ABM Consulting.
Os ganhos com essa estratégia saltam aos olhos. Apesar de a carteira de empréstimos das instituições financeiras ter crescido 22,5% no ano passado, a receita com operações de crédito aumentou 51,4%.
Para João Augusto Salles, consultor da Lopes Filho, os bons ganhos que os bancos têm obtido com a prática de spreads altos estão com os dias contados.
"Quando os bancos estrangeiros chegaram ao Brasil, na década de 90, esperava-se que os juros caíssem, o que não ocorreu. A partir do segundo semestre deste ano deve haver redução do spread devido à concorrência entre os próprios bancos brasileiros por clientes de maior poder aquisitivo", prevê Salles.
Ganhos com títulos
A alta dos juros que o BC praticou em 2001 para garantir a captação de recursos do exterior contribuiu ainda mais para que os bancos ganhassem dinheiro em 2001. O BC elevou de 15,75% para 19% os juros básicos da economia, e os bancos se aproveitaram da oportunidade e ganharam dinheiro financiando mais títulos públicos. Sua receita com essa atividade aumentou 29,2% em relação a 2000.
As crises internas e externas que afetaram a economia brasileira no ano passado --como a desestabilização da Argentina e o racionamento de energia elétrica-- também ajudaram as instituições financeiras.
As incertezas econômicas acabaram provocando a desvalorização do real, e como os bancos haviam feito operações para se proteger disso, sua receita com operações cambiais cresceu 92%.
Ganhos de bancos aumentam 111% em 2001
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LÁSZLÓ VARGA
da Folha de S.Paulo
O lucro líquido acumulado pelos 31 bancos que já apresentaram seus balanços de 2001 somou R$ 11,1 bilhões, com crescimento de 111,5% em relação a 2000. O montante impressiona tanto pelo valor como também pelo fato de que é quase idêntico ao desempenho recorde de R$ 12 bilhões de todas as 191 instituições financeiras que existiam no país em 1999.
Os dados, levantados ontem pela ABM Consulting a pedido da Folha, mostram que, como em 1999, os bancos combinaram juros altos cobrados aos clientes e ganhos com a desvalorização do real para conseguirem a excelente performance.
O aumento do spread --diferença entre as taxas cobradas por eles nos empréstimos aos clientes e aquelas pagas pelas instituições para captar recursos-- beneficiou muito os bancos.
Isso apesar das tentativas frustradas do Banco Central de inverter esse procedimento de ganho dos bancos, estimulando a concorrência.
"A média do spread dos bancos aumentou de 35,8% para 41,6% entre dezembro de 2000 e o mesmo mês de 2001", explicou Antonio Galetti, consultor da ABM Consulting.
Os ganhos com essa estratégia saltam aos olhos. Apesar de a carteira de empréstimos das instituições financeiras ter crescido 22,5% no ano passado, a receita com operações de crédito aumentou 51,4%.
Para João Augusto Salles, consultor da Lopes Filho, os bons ganhos que os bancos têm obtido com a prática de spreads altos estão com os dias contados.
"Quando os bancos estrangeiros chegaram ao Brasil, na década de 90, esperava-se que os juros caíssem, o que não ocorreu. A partir do segundo semestre deste ano deve haver redução do spread devido à concorrência entre os próprios bancos brasileiros por clientes de maior poder aquisitivo", prevê Salles.
Ganhos com títulos
A alta dos juros que o BC praticou em 2001 para garantir a captação de recursos do exterior contribuiu ainda mais para que os bancos ganhassem dinheiro em 2001. O BC elevou de 15,75% para 19% os juros básicos da economia, e os bancos se aproveitaram da oportunidade e ganharam dinheiro financiando mais títulos públicos. Sua receita com essa atividade aumentou 29,2% em relação a 2000.
As crises internas e externas que afetaram a economia brasileira no ano passado --como a desestabilização da Argentina e o racionamento de energia elétrica-- também ajudaram as instituições financeiras.
As incertezas econômicas acabaram provocando a desvalorização do real, e como os bancos haviam feito operações para se proteger disso, sua receita com operações cambiais cresceu 92%.
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