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Cúpula do G20 para discutir crise vai dar em nada, diz professor
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da Folha Online
A cúpula do próximo dia 15 para discutir a crise financeira global será apenas uma chance de líderes de vários países posarem para fotografia. "Falar sobre a necessidade de mais coordenação e regulação é uma coisa. Concordar sobre o que deve ser feito é algo muito diferente", diz Benjamin Friedman, professor de economia política de Harvard, a mais antiga universidade dos EUA --a mesma na qual se formou Barack Obama, em 1991, em direito.
Entenda o que é e quem integra o G20 financeiro
10 questões para entender o tremor na economia
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Em entrevista ao repórter Fernando Rodrigues, enviado especial da Folha a Cambridge, Friedman destaca que o encontro do G20 financeiro, convocado por George W. Bush, sem a devida preparação, está sendo considerada como algo quase inútil. A íntegra da entrevista, publicada neste domingo na Folha, está disponível para assinantes do UOL e do jornal.
'Não creio que você possa esperar nada desse encontro (...). Em Bretton Woods, em 1944, o encontro foi precedido por quase dois anos de trabalho. Agora, nada quase foi feito. É uma piada', diz Friedman, ex-diretor do departamento de economia de Harvard e colaborador da prestigiada publicação "The New York Review of Books".
G20 em São Paulo
Antes da cúpula de chefes de Estado do G20, estão reunidos neste fim de semana, em São Paulo, ministros de Economia e presidentes de bancos centrais das grandes economias desenvolvidas e emergentes, que prepararam a pauta de discussões para o dia 15 de novembro, em Washington. O encontro acaba hoje, quando será divulgado um documento oficial.
Rodrigo Paiva /Reuters |
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o presidente do BC, Henrique Meirelles, durante reunião do G20 em São Paulo |
Na abertura da reunião, no sábado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a "crença cega" na auto-regulação dos mercados financeiros, o que para ele resultou na atual crise financeira global. Por isso, pediu uma maior regulação a partir de agora.
Em seu discurso de abertura, Lula defendeu o que já havia pregado o ministro Guido Mantega (Fazenda) na véspera: mais espaço aos países emergentes.
"Precisamos aumentar a participação dos países emergentes nos mecanismos decisórios da economia mundial. Deveremos revisar o papel dos organismos existentes ou criar novos de forma a fortalecer a supervisão e a regulação dos mercados financeiros", disse Lula. "Está na hora de uma nova governança, mais aberta e participativa. E o Brasil está pronto para isso."
Na sexta-feira, quando se reuniram lideranças do Brasil, China, Rússia, Índia, África do Sul e México, Mantega disse acreditar que os países emergentes não têm o espaço que deveriam nas instituições que controlam o sistema financeiro mundial, entre elas o FMI (Fundo Monetário Internacional) e Banco Mundial.
Em entrevista coletiva à imprensa, Mantega exigiu que as decisões sejam tomadas em âmbito mais ampliado do que no G7 (grupo dos sete países mais ricos). "Essas entidades não conseguiram detectar e estancar o problema", disse o ministro.
Segundo Mantega, a atual divisão de poderes nesses órgãos refletem a economia das décadas de 1940 e 1950, quando Estados Unidos e Europa detinham a grande maioria do poderio financeiro. "Respondemos hoje por 75% do crescimento mundial e, mesmo assim, estamos em minoria", criticou. "Queremos uma maior participação."
E ontem à noite, após o encerramento do primeiro dia de trabalhos do G20, o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, embora tenha concordado com o fato de que os emergentes devem ter mais voz nas entidades internacionais, lembrou que o G20 não representa muitas economias de países pobres que vão sofrer com a crise.
Para minimizar os efeitos da crise, ele defendeu a expansão de gastos do setor público e ressaltou que essa expansão deve ser direcionada a setores específicos, como social e de infra-estrutura, já que os mais pobres são que sofrem mais com a crise.
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