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01/08/2002 - 08h16

Risco da América Latina só perde para países da África

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JOSÉ ALAN DIAS
da Folha de S.Paulo

O risco para investidores na América Latina está no mais alto nível desde 1997 e, entre os mercados emergentes, é superado apenas pelo da África subsaariana, uma das regiões mais pobres do planeta, segundo ranking da EIU (Economist Intelligence Unit), braço de pesquisas e análises econômicas do grupo que publica a revista "The Economist".

O instituto elabora mensalmente um ranking em que atribui pontos a cem países emergentes. Cada país é classificado e avaliado em diferentes categorias de risco (político, calote etc), nas quais são atribuídos pontos. O nível mais baixo de risco representa 0 ponto e o máximo na tabela, 100 pontos. Depois, são estabelecidas faixas de risco, de 20 pontos cada, identificadas por letras: de 0 a 20, que corresponde à nota letra A, até 81-100 ou nota letra E.

De acordo com a pesquisa de julho, a média de risco do continente está em 56 pontos, apenas um ponto abaixo da média da África subsaariana. No primeiro trimestre de 1997, pouco antes da crise da Ásia, a média de risco na América Latina era de 49 pontos.

Desta vez, das 21 nações pesquisadas, apenas duas, Chile e Trinidad e Tobago, receberam nota B (risco entre 21 e 40 pontos). O risco do Chile é de 22 pontos.

No ranking atual, o Brasil aparece com 57 pontos (acima da média do continente) e classificado com letra C. A Argentina, com 78 pontos, tem uma nota D.

Em seu relatório, a IEU sustenta que, se em 2001 as dificuldades dos latino-americanos foram em parte causadas pela derrocada no mercado global, a aversão agora é fomentada por dificuldades internas dos países da região. A confiança dos investidores, diz o texto, sofreu o primeiro golpe com o calote da Argentina, em janeiro. Depois, somou-se o aumento do risco político nos países andinos (Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela), a crise do Uruguai (em parte pelo contágio da crise argentina) e as incertezas provocadas pelas eleições presidenciais deste ano no Brasil e, em menor extensão, no Equador.

A agência afirma que em alguns países, especialmente Brasil, Equador e Uruguai, o fenômeno do não-ingresso de capitais tem sido acompanhado por outro fator: as dúvidas sobre a sustentabilidade das dívidas públicas.

A falta de investimentos privados revela outra faceta: o aumento da dependência de empréstimos do FMI (Fundo Monetário Internacional) para que os países fechem suas contas. Dos US$ 43 bilhões que o FMI tem acordado em linhas de financiamentos e extensão de acordos, 77% são com países latino-americanos.

Segundo o instituto, a despeito de exibir as mesmas deficiências que seus pares latinos (evasão fiscal, baixo nível de poupança interna e enorme desigualdade na distribuição de renda), o México (que tem letra C, 49 pontos) aparenta ter se "descolado" dos países sul-americanos. Como sua economia é extremamente dependente dos EUA, para onde destina grande parte de suas exportações, o país criou um "escudo" que o protegeu da deterioração do resto da América Latina.

Futuro nada bom
Para a EIU entre as nações do Cone Sul, somente o Chile demonstra perspectivas de estabilidade no resto de 2002.

Depois de mencionar que "candidaturas populistas" lideram as pesquisas para o pleito de outubro, a agência afirma que a eleição brasileira servirá de "barômetro" do apoio popular à ortodoxia e a políticas dirigidas ao mercado. "Se os temores dos investidores se confirmarem, o capital em direção à região vai encolher ainda mais. O crescimento da economia vai minguar e as dificuldades para honrar os compromissos (de dívida) se aprofundarão".

Os dois outros mercados para os quais a agência volta as atenções são a Venezuela e a Colômbia. De acordo com a EIU, esse pode se tornar um novo foco de conflito na América Latina.

Alvaro Uribe, o novo presidente da Colômbia, estaria disposto a adotar uma política linha-dura com a guerrilha, cuja eventuais ligações com o presidente venezuelano Hugo Chávez, diz o texto, "permanecem pouco claras".

 

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