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20/08/2002 - 08h25

Mudança aumenta rendimento mas não impede fim de saque em fundos

ISABEL CAMPOS
da Folha de S.Paulo

O pacote de medidas do Banco Central, anunciado na quarta-feira passada, com o objetivo de diminuir a oscilação dos fundos e trazer de volta o investidor, surtiu efeito positivo na rentabilidade dos fundos pelo menos no primeiro dia de vigência.

Mas não se pode dizer o mesmo em relação à captação. Os fundos DI e de renda fixa continuam tendo mais saídas de recursos do que entradas.

Conforme dados do site Fortuna, no dia 15, os DI apresentaram captação líquida negativa de R$ 467 milhões e os renda fixa, de R$ 843,3 milhões. Este valor foi o maior apurado na semana. No ano, já saíram R$ 25,3 bilhões da categoria renda fixa e R$ 21,3 bilhões da DI.

Já em relação à rentabilidade, segundo o site Fortuna, na quinta-feira os fundos DI e de renda fixa renderam, em média, 0,09% ao dia, 28,57% a mais do que o CDI (Certificado de Depósito Interbancário, título negociado entre os bancos e utilizado como referência do mercado de renda fixa), que variou 0,07%.

Entre os fundos mais rentáveis daquele dia, os ganhos foram ainda mais expressivos. Na categoria DI, o fundo Dresdner DI rendeu 0,30% e o Itaú Institucional DI FIF, 0,28%. Na de renda fixa, os destaques foram o Itaú-Matrix PS FIF, com 0,23% de rendimento, e o Nossa Caixa FIF Renda Fixa, com 0,22%.

Na quarta passada, foram anunciadas basicamente duas medidas para melhorar o desempenho dos fundos. Uma delas é que os gestores não precisam mais contabilizar os títulos em carteira com menos de um ano pelo valor de mercado, como havia sido determinado no final de maio pelo Banco Central. Isso agora pode ser feito com base na curva de juros prometida pelo emissor.

A outra medida é que o Banco Central fará, periodicamente, leilões de recompra de LFTs (Letras Financeiras do Tesouro), o principal papel que lastreia a carteira dos fundos DI.

A melhora na rentabilidade no dia 15, de acordo com gestores, ocorreu, principalmente, devido ao anúncio dos leilões de recompra das LFTs. Com os leilões, como já confirmado ontem e na sexta-feira, a tendência é que aumente a liquidez desses papéis, fazendo com que o seu preço no mercado secundário melhore e, consequentemente, reflita positivamente na cota dos fundos.

Na opinião de Francisco Camargo, diretor do Fortuna, ainda é cedo para avaliar se as novas medidas vão estancar a saída de recursos e se a rentabilidade dos fundos continuará a melhorar. "Temos que esperar pelo menos uma semana para apontar uma tendência", diz. Hoje serão publicados os resultados dos fundos relativos a sexta-feira.

Gestores consultados pela Folha também avaliam que ainda é muito cedo para afirmar que o deságio dos títulos públicos diminuirá mais ou que o preço deles não voltará a piorar no mercado secundário.

"O principal fator que levou os títulos a se depreciarem e os investidores a saírem dos fundos foi a instabilidade causada pela eleição, e esse quadro ainda não foi alterado", afirma Mário Carvalho, diretor-executivo de administração de investimentos do WestLB Banco Europeu.

Carvalho acredita que as medidas talvez freiem a saída de recursos dos fundos, mas dificilmente trarão de volta o investidor que saiu. "Houve uma quebra de confiança. Os aplicadores só devem voltar em março ou abril de 2003, depois que o novo presidente tiver definido claramente os seus planos", observa.

"Os leilões de recompra melhoram um pouco o preço dos títulos, mas não são decisivos para levar o mercado de volta à normalidade. Há muitas incertezas ligadas ao cenário eleitoral", complementa Marcello Paixão, diretor de investimentos do Max Blue.

 

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