Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
20/08/2002 - 16h56

Bovespa faz 112 anos e enfrenta a pior crise da história

SÉRGIO RIPARDO
da Folha Online

A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) completa nesta sexta-feira 112 anos de fundação, enfrentando a pior crise de sua história.

O volume de negócios caiu drasticamente nos últimos anos. A média diária de negócios está em R$ 573,55 milhões este semestre.


No ano passado, a média diária somava R$ 610,99 milhões, o que já era um desempenho baixo, visto que a Bolsa paulista já chegou a negociar R$ 1 bilhão por dia.

Nem a conquista da isenção da CPMF (imposto do cheque), no início deste segundo semestre, conseguiu injetar ânimo no mercado brasileiro de ações.

Este semestre, a média diária de negócios totaliza R$ 559,10 milhões, abaixo da média do primeiro semestre do ano (R$ 573,55 milhões).

Até ontem, o Ibovespa, o principal índice da Bolsa paulista, acumulava perdas de 30%. Em dólar, a Bolsa paulista está no pior patamar em dez anos, quando o país era sacudido pela saída do presidente Fernando Collor de Mello do poder, após processo de "impeachment".

O número de companhias com ações listadas na Bovespa caiu para 407 empresas devido ao esvaziamento dos negócios e o fechamento de capital pelas empresas. No final de 2001, eram 428 companhias.

As corretoras também estão desistindo da Bolsa paulista. A última a deixar ao pregão, no mês passado, foi a corretora do banco francês Crédit Lyonnais. A instituição demitiu nove operadores.

Este ano encerraram suas operações na Bovespa as corretoras Novação, Comercial, Dias de Souza, Supra, Status, Agenda, Ficsa, Arkhe, PlaniBanc e Mercobank. Já a Exata deixou a Bolsa devido à fusão com a Ágora-Senior. A Geração-Futuro ficou com títulos patrimoniais de apenas uma corretora devido também à fusão. O CCF (Crédit Commercial de France) foi adquirido em outubro de 2001 pelo HSBC, que fechou a corretora do CCF.

A Bovespa reúne atualmente 113 corretoras. O pregão viva-voz, que já abrigou mais de 1.500 profissionais no recinto, tem hoje apenas 280 operadores.

Plano de popularizar

Os planos da Bovespa para popularizar o mercado de capitais, com visitas às fábricas, sindicatos e times de futebol, bem como a formação de clubes de investimentos, são insuficientes para melhorar a rentabilidade das corretoras.

Segundo o consultor da Booz Allen & Hamilton, Jorge Maluf, em curto prazo é difícil esperar uma grande adesão dos investidores pessoas físicas às aplicações em ações.

Na cultura de poupança do brasileiro, a Bolsa ainda enfrenta o estigma de um "cassino", dominado por grandes especuladores, onde os pequenos investidores perdem dinheiro.

O aumento da fatia de pessoas físicas, nos últimos meses, no bolo total das aplicações na Bovespa, é atribuído mais a uma redistribuição percentual com a forte saída dos investidores estrangeiros.

Há atualmente no país seis Bolsas regionais sediadas nos Estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia, Pernambuco e Ceará. A Bolsa de Santos e a Soma (Sociedade Operadora do Mercado de Ativos) foram incorporadas pela Bovespa. Já a Bolsa do Rio foi comprada pela BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros).

Um acordo assinado em 2000 pela Bovespa com as nove Bolsas regionais do país garantiu que todos os negócios do mercado de ações no país seriam concentrados em São Paulo. Só a partir de 2005, as Bolsas regionais poderiam decidir sobre o interesse de "ressuscitar" seus pregões.

Leia mais:
  • Fundador da BM&F culpa governo por crise da Bovespa

  • Bovespa precisa ter gestão mais empresarial, diz ex-presidente

  • Pequenas corretoras ainda brilham nos bastidores da Bolsa

  • Após 6 de outubro, Bovespa entra em clima de sucessão interna

  • Poucas corretoras independentes vão sobreviver, diz Booz Allen

  • Bovespa faz 112 anos na sexta sem motivo para comemorar

  • Não há corretora na UTI, diz Bovespa
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página