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25/09/2000 - 14h55

Financiamentos da Caixa podem ser prejudicados pelo FGTS

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  • Correção do FGTS deve acabar com financiamento habitacional
  • Saiba quanto você pode receber da correção do FGTS


    FABIANA FUTEMA
    da Folha Online

    Desde agosto, os recursos para financiamento para moradia da classe média estão chegando ao fim.

    A decisão do presidente Fernando Henrique Cardoso de pagar a correção do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) com recursos do próprio fundo agrava ainda mais essa situação.

    É que a correção das contas vai custar R$ 40 bilhões, um recurso que o FGTS não dispõe hoje.

    A Caixa Econômica Federal, a maior instituição de crédito imobiliário do país, com 1,720 milhão de contratos assinados, está sem dinheiro para financiar imóveis.

    De janeiro a agosto, o banco liberou R$ 4,3 bilhões em crédito imobiliário para 240 mil famílias.

    Isso é mais do que todo o volume de empréstimos de 1999, quando a Caixa liberou R$ 4.050 bilhão para 246 mil mutuários.

    Os mais prejudicados com a falta de dinheiro são as famílias com renda de até 12 salários mínimos (R$ 1.812), que utilizam recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para financiar a compra da moradia.

    Quatro meses antes do final do ano, a Caixa já havia liberado 87,50% dos recursos disponíveis do FGTS para financiamento habitacional.

    Do orçamento de R$ 2,4 bilhões deste ano, R$ 2,1 bilhões foram emprestados entre janeiro e agosto.
    Só sobraram R$ 300 milhões para serem liberados de setembro a dezembro.

    Para resolver esse problema, a Caixa vai pedir uma verba adiciona de R$ 1,2 bilhão na próxima reunião do Conselho Curador do FGTS.

    O problema é que a reunião, que deveria ter acontecido no mês passado, foi suspensa pelo governo, que aguardava o julgamento do STF (Supremo Tribunal Federal) da correção do saldo do FGTS referente às perdas provocadas pelos planos Verão (janeiro de 1989) e Collor 1 (abril de 1990).

    Mas o diretor de desenvolvimento urbano da Caixa, Aser Cortines, acredita que o dinheiro deva ser liberado logo.

    "São recursos para a baixa renda. A reunião deve acontecer ainda este mês e não deve haver resistência para liberar dinheiro para emprestar para os trabalhadores de baixa renda'', disse Cortines.

    Só que a aprovação desse recurso adicional seria proposta antes de FHC dizer que a conta da correção do FGTS seria paga com recursos do próprio fundo.

    "Todos os financiamentos serão suspensos, pois o fundo não tem disponibilidade", afirmou o conselheiro técnica da CUT no Conselho Curador do FGTS, André de Souza.

    A classe média, com renda superior a 12 salários mínimos, também corre o risco de ficar sem crédito imobiliário. Dos R$ 3 bilhões orçados para 2000, a Caixa já comprometeu R$ 2,2 bilhões até agosto.

    Isso significa que sobraram R$ 850 milhões para serem emprestados até dezembro.

    Para essa fatia da população, a Caixa já começou a adotar uma série de medidas para normalizar o crédito.

    Uma delas, foi a substituição da carta de crédito Caixa pelo Poupanção no mês passado para financiamento de usados.

    Com essa medida, a Caixa conseguiu adiar por 12 meses a liberação de crédito para financiamento de usados e de quebra ainda cria uma reserva, formada pela poupança dos próprios mutuários.

    Pelas regras do Poupanção, o interessado no financiamento de imóvel usado terá de fazer uma poupança de 12 meses para ter direito à liberação do crédito. Depois desse prazo, os depósitos -equivalentes ao valor da prestação- ficarão presos por mais 24 meses.

    Isso significa que o mutuário só poderá sacar o seu dinheiro depois de 36 meses e em apenas duas condições: quitação ou amortização do saldo devedor.

    "Tivemos que suspender o financiamento de usados. Não havia mais dinheiro. O financiamento imediato só será para imóveis novos, que estimulam o crescimento da economia'', contou Cortines.

    A outra mudança, a ser implantada em outubro, prevê a substituição da carta de crédito Caixa pelo SFI (Sistema de Financiamento Imobiliário) na compra de imóveis novos.

    Para Cortines, o SFI é a única saída para garantir o crédito imobiliário para a classe média.

    'Acabou o dinheiro para o financiamento. A única forma de voltar a liberar crédito imobiliário é buscando recursos no mercado, estimulando a criação do mercado secundário'', disse.

    No SFI, há a substituição da hipoteca pela alienação fiduciária nos novos contratos de financiamento habitacional.

    Dessa forma, o mutuário só recebe a posse do imóvel na quitação do contrato. Antes disso, o imóvel fica alienado.

    Outro ponto considerado desvantajoso pelos mutuários é que a retomada de imóveis dos inadimplentes fica mais fácil.

    No SFI, se o mutuário ficar inadimplente por três meses perde o imóvel. Nas regras atuais, a retomada do imóvel pode leva em média 10 anos.

    "O SFI acaba com o risco legal que existe hoje nos financiamentos. A inadimplência será quase zero. Ninguém investe em crédito imobiliário porque o inadimplente pode entrar uma ação na Justiça e ficar anos sem pagar nada e sem perder o imóvel'', alertou o diretor financeiro da Caixa, Valdery Albuquerque.

    E-mail: fabiana.futema@folha.com.br

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