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Entenda como a crise financeira global afeta o Brasil
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da Folha Online
A atual crise financeira começou em 2007 nos Estados Unidos como uma crise no pagamento de hipotecas, se alastrou pela economia e contaminou o sistema mundial. Diversos bancos americanos apresentaram perdas bilionárias, outros chegaram a quebrar. Na Europa também há vítimas.
O Brasil inicialmente não foi atingido em cheio pela crise --os bancos não possuíam papéis ligados às hipotecas de alto risco ("subprime") que originaram os problemas. Mas vários setores sofreram com a contração de crédito e, em seguida, pela queda das exportações e da demanda interna, que foi o "motor" do crescimento do país nos últimos dois anos. O resultado é o avanço do desemprego e a expectativa de desaceleração no crescimento econômico do país, embora espera-se que fique melhor do que o da maioria dos países desenvolvidos e emergentes.
Rick Wilking/Reuters |
Casa à venda em Denver (EUA) após ex-donos serem despejados; inadimplência no setor imobiliário foi o epicentro da crise |
As quebras e os problemas enfrentados por bancos americanos e europeus até então considerados importantes e sólidos geraram o que se chama de "crise de confiança". Em um mundo de incertezas, o dinheiro para de circular: quem possui recursos sobrando não empresta, quem precisa de dinheiro para cobrir falta de caixa não encontra quem forneça. Isso fez cair e encarecer o crédito disponível. E numa economia globalizada, a falta de dinheiro em outro continente afeta empresas no mundo todo.
Com a circulação de dinheiro congelada e o consumo comprometido, o resultado esperado é a contração das economias, uma vez que todos passam a encontrar dificuldade em financiarem seus projetos. Justamente para injetar liquidez (dinheiro nos mercados) os Bancos Centrais fazem leilões de moeda e criam linhas especiais de bilhões de dólares.
No Brasil, esse foi o principal efeito da crise quando ela estourou: a dificuldade em se obter dinheiro. Grandes empresas que dependiam de financiamento externo passam a encontrar menos linhas de créditos disponíveis. Por consequência, com a dificuldade em captar no exterior, ficam comprometidos projetos de construção dessas empresas, que por sua vez gerariam empregos e renda ao país. E, quando captam no mercado interno, ajudam a reduzir ainda mais a capacidade de empréstimo dos bancos locais a quem já dependia habitualmente deles.
Sérgio Lima/Folha Imagem |
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles: a autoridade monetária brasileira liberou depósitos compulsórios e vendeu dólares para evitar a falta de crédito no mercado local. |
Para reduzir os efeitos da crise internacional, o BC (Banco Central) anunciou mudanças nos depósitos compulsórios das instituições financeiras. Por meio do depósito compulsório, o órgão obriga os bancos a depositar em uma conta no próprio BC parte dos recursos captados dos seus clientes nos depósitos à vista, a prazo ou poupança. Assim, quando reduz o compulsório, o BC libera aos bancos mais dinheiro para emprestar.
Na esteira da contração do crédito, outra consequência da crise é haver redução no consumo das famílias e do investimento das empresas, dois dos principais pilares de expansão da economia nos últimos anos. Eles cresceram justamente pela farta oferta de crédito. Com menos dinheiro, gasta-se menos, produz-se menos e o crescimento é menor. Também são afetadas as exportações do país, que devem cair porque os países compradores estão se desaquecendo e possuem menos dinheiro para comprar.
O próximo passo dos problemas causados pela crise no Brasil é o desemprego. A combinação das reduções do consumo interno, do crédito, das exportações e dos investimentos causa uma diminuição da demanda das empresas, que se veem obrigadas a rever seus quadros de funcionários.
Moacyr Lopes Jr./Folha Imagem |
Pátio da Volkswagen: a indústria automobilística foi uma das que mais sofreram com a crise financeira global |
Diversas empresas iniciaram no último bimestre do ano uma onda de férias coletivas e demissões que ainda prosseguem. O mês de dezembro deixou isso claro: segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), o mês apresentou redução de 654.946 postos de trabalho --o maior volume para o mês desde 1999, o início da série histórica do dado divulgado pelo Ministério do Trabalho.
Os setores que mais sofrem com a queda da demanda, tanto no Brasil como no resto do mundo, são o automotivo, o imobiliário e o de bens de capital (ligado aos investimentos). Isso ocorre porque vendem produtos que dependem diretamente de financiamento, que está escasso.
Devido a esta situação, o governo federal e de alguns Estados tomaram algumas medidas para tentar reforçar as vendas e estancar das demissões. Entre as que mais tiveram repercussão estão a redução temporária das alíquotas do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre automóveis e eletrodomésticos da "linha branca" e a injeção de R$ 100 bilhões no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para realizar empréstimos.
O reflexo da crise se espelhará no desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. A cada semana, os analistas de mercado ouvidos pelo Banco Central através da pesquisa Focus empurra cada vez mais para baixo a previsão para o desempenho da economia local: na última, projeta uma queda de 0,53% --enquanto o governo prevê um crescimento de 1%, de qualquer forma aquém dos 4% previstos antes da crise aportar de vez aqui.
Outro reflexo visível da crise no mundo, e que teve especial repercussão no Brasil, foi a forte queda nos mercados acionários. Trata-se de um ciclo sem fim: com medo da crise financeira aumentar, os investidores tiram o dinheiro das Bolsas, consideradas investimentos de risco. Então, faltam recursos para as empresas investirem e a crise aumenta, o que faz os investidores tirarem mais dinheiro.
Richard Drew/AP |
Corretor na Bolsa de Valores de Nova York: mercado acionário teve perdas trilionárias com a crise financeira global |
Ou seja, como a crise americana provoca justamente aversão ao risco, os investidores em ações preferem sair das Bolsas, sujeita a oscilações sempre, e aplicar em investimentos mais seguros. Além disso, os estrangeiros que aplicam em mercados emergentes, como o Brasil, vendem seus papéis para cobrir perdas lá fora. Com muita gente querendo vender, os preços dos papéis caem e os índices desvalorizam.
A queda no mercado acionário brasileiro é potencializado pela sua concentração em papéis de empresas que produzem commodities --cujos preços no mercado internacional despencaram devido ao esvaziamento feito pelos investidores e pela queda da demanda. Gigantes como a Vale e a Petrobras, por exemplo, respondem por quase metade da movimentação da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) e sofreram desvalorizações acima da média do mercado, empurrando o Ibovespa para baixo.
Nos últimos dois meses, as Bolsas de Valores ao redor do mundo experimentaram uma recuperação, baseadas na premissa de que a economia deve voltar a crescer entre o final de 2009 e o início de 2010. Porém, como a confiança dos investidores ainda não voltou totalmente, os mercados seguem voláteis.
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O Brasil nao teve problemas porque os bancos nao precisaram correr risco nenhum tiveram lucro usando dinheiro do governo com alto juros aprovado pelo governo, mas como os custos em geral estao crescendo muito impulsionado por propagandas suspeitas, quem pode quebrar no Brasil e a classe media pois nao terao $$ para pagar o alto custo dos servicos de crecdito brasileiro.
Portanto olho vivo nao se deixem individar por propagandas enganosas...a coisa pode quebrar, temos que ter o pe no cha.
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