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29/10/2002
-
07h39
da Folha Online
Sob o escrutínio do mercado, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva anuncia hoje os primeiros nomes de sua equipe de transição, alguns dos quais poderão se consolidar como os nomes da equipe definitiva de governo.
Lula agora tem a confiança do mercado, algo improvável há alguns meses. Mesmo assim, terá que esforçar-se a cada nova declaração, a cada nova ação para preservar esse apoio.
Os investidores esperam que essas palavras e atos sigam a mesma direção indicada durante a campanha: um governo moderado, comedido, que costura alianças para conquistar seus objetivos.
Mas mais do que qualquer outro que estivesse em sua posição, o presidente eleito não poderá vacilar. O voto de confiança foi depositado, não se vê mais a histeria que ocupou o noticiário financeiro nos últimos meses, mas ainda há hesitação.
Qualquer demora, um nome que não agrade, uma medida menos ortodoxa, pode reativar as turbulências. Lula precisará se cercar de gente em quem o mercado confia para manter a calmaria e liberar o otimismo contido que desde a semana passada encontrou lugar no mercado.
Em linhas gerais, salvo um eventual tropeço do novo governo, a calmaria parece estar garantida até que Lula assuma a Presidência em 2003. Ponto para a cúpula do PT, que com declarações de moderação evidenciou os compromissos com o controle inflacionário, da austeridade fiscal e do crescimento econômico e conseguiu domar o mercado.
Ponto também para Fernando Henrique Cardoso e sua equipe, que estão garantindo ao país, conforme ressaltam analistas políticos, a transição de governo mais democrática e suave da história do país.
O próprio FHC se apressou em falar que Lula garantirá a continuidade de vários aspectos de seu governo, o que também, encontrou ressonância no mercado.
E, até agora, o que mais agradou: as declarações do presidente do PT, deputado federal José Dirceu, e do assessor econômico do partido, Guido Mantega, de que o Banco Central vai ter sua autonomia operacional instituída por lei na administração petista.
O novo presidente já recebeu também ofertas de apoio e convites para visitas de diversos líderes mundiais, a maior parte dos quais enfatizou a vontade de estreitar laços com o Brasil - caso do alemão Gerhard Schröder e do italiano Silvio Berlusconi.
Em meio a tanta animação, entretanto, os percalços: na sexta-feira, vence US$ 1,1 bilhão em dívida cambial, os quais o Banco Central começa a tentar rolar hoje. Daí até o fim do ano, haverá mais US$ 8 bilhões somente em dívida interna a vencer, além de mais US$ 2,9 bilhões em dívida externa e US$ 5,9 bilhões em dívida de empresas.
Veja também o especial Governo Lula
Anúncio de nomes hoje é primeiro teste de Lula para o mercado
LUCIANA COELHOda Folha Online
Sob o escrutínio do mercado, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva anuncia hoje os primeiros nomes de sua equipe de transição, alguns dos quais poderão se consolidar como os nomes da equipe definitiva de governo.
Lula agora tem a confiança do mercado, algo improvável há alguns meses. Mesmo assim, terá que esforçar-se a cada nova declaração, a cada nova ação para preservar esse apoio.
Os investidores esperam que essas palavras e atos sigam a mesma direção indicada durante a campanha: um governo moderado, comedido, que costura alianças para conquistar seus objetivos.
Mas mais do que qualquer outro que estivesse em sua posição, o presidente eleito não poderá vacilar. O voto de confiança foi depositado, não se vê mais a histeria que ocupou o noticiário financeiro nos últimos meses, mas ainda há hesitação.
Qualquer demora, um nome que não agrade, uma medida menos ortodoxa, pode reativar as turbulências. Lula precisará se cercar de gente em quem o mercado confia para manter a calmaria e liberar o otimismo contido que desde a semana passada encontrou lugar no mercado.
Em linhas gerais, salvo um eventual tropeço do novo governo, a calmaria parece estar garantida até que Lula assuma a Presidência em 2003. Ponto para a cúpula do PT, que com declarações de moderação evidenciou os compromissos com o controle inflacionário, da austeridade fiscal e do crescimento econômico e conseguiu domar o mercado.
Ponto também para Fernando Henrique Cardoso e sua equipe, que estão garantindo ao país, conforme ressaltam analistas políticos, a transição de governo mais democrática e suave da história do país.
O próprio FHC se apressou em falar que Lula garantirá a continuidade de vários aspectos de seu governo, o que também, encontrou ressonância no mercado.
E, até agora, o que mais agradou: as declarações do presidente do PT, deputado federal José Dirceu, e do assessor econômico do partido, Guido Mantega, de que o Banco Central vai ter sua autonomia operacional instituída por lei na administração petista.
O novo presidente já recebeu também ofertas de apoio e convites para visitas de diversos líderes mundiais, a maior parte dos quais enfatizou a vontade de estreitar laços com o Brasil - caso do alemão Gerhard Schröder e do italiano Silvio Berlusconi.
Em meio a tanta animação, entretanto, os percalços: na sexta-feira, vence US$ 1,1 bilhão em dívida cambial, os quais o Banco Central começa a tentar rolar hoje. Daí até o fim do ano, haverá mais US$ 8 bilhões somente em dívida interna a vencer, além de mais US$ 2,9 bilhões em dívida externa e US$ 5,9 bilhões em dívida de empresas.
Veja também o especial Governo Lula
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