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29/10/2002 - 09h13

Rubens Ricupero diz que o Brasil tem de "acordar" para o comércio

BÁRBARA TORRES
da Agência Lusa, em Genebra

O novo governo do Partido dos Trabalhadores (PT) precisa 'acordar' para a importância do comércio internacional, pois essa é a única saída hoje para o Brasil crescer e financiar o seu desenvolvimento.

Esta é a opinião do embaixador brasileiro Rubens Ricupero, secretário-geral da agência da ONU para o Desenvolvimento e Comércio (Unctad), citado nos bastidores do PT como um dos nomes fortes para integrar a equipe do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.

O próximo governo 'tem que acordar. É uma questão de sobrevivência. A única forma para diminuir a vulnerabilidade externa do país é através do comércio exterior', afirmou Ricúpero.

Negando veementemente que tenha sido sondado pelo PT, ou que esteja defendendo a 'plataforma de coisa alguma', o ex-ministro da Fazenda do governo Itamar Franco falou aos jornalistas brasileiros sobre o que ele acha que devem ser os rumos da política externa do país, sobretudo no plano comercial.

Ricupero alerta que 2003 será um ano 'muito difícil' no plano econômico mundial. Mas, por outro lado, a desvalorização do câmbio (real/dólar) está dando a melhor chance ao Brasil de sair do aperto e conquistar espaço no mercado internacional, e com isso, financiar o crescimento do país.

Apenas a desvalorização do câmbio este ano, segundo ele, vai sustentar as exportações e desestimular as importações até setembro do ano que vem, quando citando previsões do Ministro do Desenvolvimento, Sérgio Amaral, o saldo comercial pode atingir os US$ 13 bilhões (hoje, o saldo é de US$ 10 bilhões).

Estes, aliás, foram os dois grandes erros do presidente Fernando Henrique Cardoso, na opinião de Ricúpero: não ter mudado o regime cambial mais cedo, em 1995, e ter escolhido Sérgio Amaral para ser porta-voz do governo quando ele teria sido mais útil no papel em que está agora: estimulando o comércio.

O Brasil perdeu com isso a oportunidade de ganhar espaço durante os seis anos de crescimento consecutivos dos EUA. Para Ricúpero, o país deve investir mais num grupo seleto de mercados, como a Îndia, China, Rússia, Tailândia, Malásia, além dos Estados Unidos, Europa e Mercosul.

Ricúpero defende também que o PT se mantenha firme nas negociações com a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), dizendo que não se pode 'julgar' um acordo antes de negociá-lo.

No plano político, Ricúpero sustenta que a eleição de Lula 'é uma promessa de mudança'. Ele elogiou o PT, dizendo que é 'um movimento que tem uma certa originalidade histórica no Brasil, porque nasceu de fato de uma base popular'. E diz que o PT é um partido que tem uma visão central que ele também defende:

'A idéia de que é preciso organizar o povo para participação popular no poder'.

As melhores chances de mudança estrutural do país no governo de Lula, segundo ele, vão estar na área de educação: o que o presidente Fernando Henrique Cardoso fez, segundo Ricúpero, não foi suficiente.

O embaixador diz que não seria capaz de dar 'sugestões' ao governo do PT no plano econômico, pois não é economista e o seu forte é relações internacionais. E nesse plano, ele acha que o Brasil se encontra hoje como no início do século 20, com dois grandes desafios 'raros': mudança na estrutura do poder mundial e globalização econômica acentuada.

Anteriormente, o desafio foi a emergência dos EUA como poder mundial - aliança que o Brasil apostou -- e a globalização.

Hoje é emergência de vários pólos de poder e nova leva de globalização, e o Brasil, segundo Ricúpero, deve se inserir no sistema de globalização 'de uma maneira mais autônoma possível'.

Para isso, tem que apostar no multilateralismo, acrescento

Veja também o especial Governo Lula
 

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